Somente na telemedicina, o Hospital Israelita Albert Einstein já atendeu mais de 570 mil pacientes abrangendo 2.700 municípios em todos os estados do Brasil. De acordo com Sidney Klajner, presidente do Einstein, a pandemia trouxe celeridade nas ações já realizadas pelo Einstein há um bom tempo, tais como a avanços na ciência, telemedicina, transformação digital, trabalho humanizado e colaborativo entre os setores privado e público.
Presente no SXSW onde falou sobre o papel da tecnologia para trazer equidade e acesso à saúde, Klajner ressalta a inovação como elemento presente, mas reforça que investimento e tecnologia não se sustentam se não for ancorado por integração e conexão. “Gosto sempre de reforçar que, para mim, pensar no futuro da saúde é investir para uma medicina cada vez mais conectada, permitindo tornar os diagnósticos, procedimentos e tratamentos cada vez mais rápidos e precisos em benefício do paciente e do sistema de saúde”, destaca em entrevista à Forbes Brasil.
Forbes Brasil – A pandemia acelerou muitos processos tecnológicos relacionados à saúde, de todos esses e, em linha com sua palestra no SXSW, quais as tecnologias mais promissoras e realizáveis atualmente?
Sidney Klajner – A pandemia trouxe celeridade nas ações já realizadas pelo Einstein há um bom tempo, tais como a avanços na ciência, telemedicina, transformação digital, trabalho humanizado e colaborativo entre os setores privado e público. Naturalmente a questão de equidade ficou ainda mais evidenciada com esse cenário. Neste processo, a telemedicina – que já vinha sendo desenvolvida pelo Einstein desde 2012, ou seja, bem antes da Covid-19 – foi e continuará sendo um elo importante, pois nos permite levar assistência para cada vez mais pessoas, independentemente de fronteiras geográficas.
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FB – Quais os desafios em acelerar essa agenda?
Klajner – Existem outros fatores que pressionam o sistema de saúde mundial, como as mudanças climáticas, por exemplo. Segundo a ONU, essa será a causa de cerca de 250 mil mortes por ano entre 2030 e 2050. Isso sem falar no impacto para a saúde física (desde a fome e desnutrição, causadas pela queda na produção de alimentos, à proliferação de doenças infecciosas, decorrentes da má qualidade da água). Tudo isso reforça a importância de gerar equidade na saúde não só em âmbito nacional, mas global. Neste contexto, o desenvolvimento de soluções tecnológicas é uma peça fundamental, pois as inovações permitem ampliar o acesso e compartilhar expertises para as mais diversas regiões. Além da telemedicina, como já citado acima, a adoção de Big Data e Inteligência Artificial também contribuem de forma direta, pois automatizam processos e tornam a tomada de decisão dos médicos mais assertiva.
FB – Como vocês têm visualizado práticas com IA, metaverso, tecnologias imersivas e outras dinâmicas de inovação?
Klajner – Iniciamos estudos de aplicação de metaverso e do uso do 5G, principalmente relacionados às questões de qualidade, segurança e custo-efetividade. Mas, gosto sempre de reforçar que, para mim, pensar no futuro da saúde é investir para uma medicina cada vez mais conectada, permitindo tornar os diagnósticos, procedimentos e tratamentos cada vez mais rápidos e precisos em benefício do paciente e do sistema de saúde. Não estamos tão longe disso. Mas, a velocidade em que isso acontecerá dependerá da cultura e da capacidade de investimentos de cada país.
FB – Sendo uma referência não só no Brasil, mas no mundo, o que o sistema Einstein hoje tem para apresentar em termos de inovação concreta em tecnologia?
Klajner – Demos início a uma grande trajetória de transformação digital já há alguns anos – o que inclui a consolidação da telemedicina e o aumento da capacidade de processamento de dados, uso de big data, analytics, Inteligência Artificial e de algoritmos, entre várias outras ferramentas que tornaram muito mais eficientes e assertivas as tomadas de decisão ao longo da jornada dos pacientes; como exemplo, podemos mencionar que temos mais de 100 algoritmos já em uso na organização. Todas essas frentes são pensadas e trabalhadas voltadas também para a promoção da equidade. Na área de Big Data e Inteligência Artificial, destacamos a plataforma colaborativa para mapear e reduzir infecções multirresistentes (MR) em UTIs públicas (grave problema para a saúde pública). Esse é um programa cujo objetivo é construir um panorama detalhado e inédito das infecções por MR no País, para compreender as causas desse fenômeno e criar uma espécie de laboratório nacional de hospitais preparado para a pesquisa de novas formas de se combater esse problema que afeta a toda a humanidade. Até o momento já coletamos, junto com outras seis organizações de saúde do Brasil que fazem parte do projeto em parceria com o Ministério da Saúde, dados de cerca de 150 mil pacientes que estiveram internados em UTIs. Agora, com as tecnologias disponíveis, cruzaremos essas informações para entender de forma mais clara as causas dessas infecções e os reais impactos para o sistema.
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FB – Pode nos dar um contexto de investimentos e esforços do Einstein em pesquisa, desenvolvimento e foco em tecnologia?
Klajner – A inovação sempre esteve no DNA do Einstein desde sua fundação, em 1955. O objetivo da organização é atuar continuamente no desenvolvimento de ferramentas, processos, sistemas e tecnologias que impactem e promovam avanços na saúde em todas as frentes de atuação, como assistência, pesquisa, ensino, medicina diagnóstica e ambulatorial, unidades públicas e privadas, consultoria, tecnologia, entre outras. Neste sentido, além dos avanços na telemedicina, Big Data, Inteligência Artificial e Analytics, já mencionados, atuamos em várias outras frentes. Destaque para a Eretz.bio, primeiro ecossistema de inovação em saúde do país, criado pelo Einstein há cinco anos para fomentar o empreendedorismo e o desenvolvimento de inovações para ampliação e promoção da saúde. Vale destacar, ainda, que o Einstein possui o Health Design Lab, centro de design onde se concentram os especialistas em metodologias de inovação responsáveis por disseminar essa cultura para a organização, bem como o Health Innovation Tech Center, que faz a gestão da propriedade intelectual do Einstein e desenvolve tecnologias inovadoras para outras empresas do mercado.
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