O projeto que une educação e agro começou a nascer há cerca de um ano, em um evento de mentoria na qual estavam o empresário Chaim Zaher, dono do Grupo SEB (Sistema Educacional Brasileiro), um complexo de 260 escolas, entre elas a prestigiada Concept, nos Jardins, em São Paulo, onde antes funcionava o tradicionalíssimo Colégio Sacré-Coeur, e o professor Marcos Fava Neves, da USP (Universidade de São Paulo), e que também é sócio fundador da Markestraat, em Ribeirão Preto (SP), consultoria que atua no setor do agronegócio há três décadas.
Dessa união nasceu, e foi anunciada ontem (9), a Harven Agribusiness School, uma faculdade voltada ao agronegócio que começa a funcionar também em Ribeirão Preto, nos próximos meses. “Durante a Agrishow, a escola já deverá estar aberta”, diz Roberto Fava Scare, 50 anos, também professor da USP, sócio da Markestraat e CEO da Harven Agribusiness School. A Agrishow, considerada a principal feira de tecnologia do agro, ocorre entre 1 e 5 de maio.
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Mas a faculdade, um projeto inicial de investimentos da ordem de R$ 100 milhões, é apenas a primeira parte da parceria. No investimento estão, também, os estudos para a criação da Cidade do Agronegócio, um complexo que abrigará a faculdade, além de centro de eventos, estrutura imobiliária para receber consultorias, prédios que abrigarão escritórios de empresas e cooperativas, hub de tecnologia, hub comercial e hotel.
“Essa parte, o business plan da Cidade do Agro, está escalonado para dois anos”, afirma Scare. “Nosso projeto é um complexo para os filhos do agro, filhos de Querência, filhos de LEM, filhos do entorno de Ribeirão.” Scare se refere às cidades em que o agronegócio tem peso preponderante na economia local.
A parceria de Chaim Zaher no setor educacional voltado para o agro é inédita em seus negócios, um universo que atende 350 mil alunos. “O segmento de agronegócio, que está em franca expansão, necessita de profissionais cada vez mais qualificados”, afirma Zaher. Ele também sinaliza que no caso do ensino superior, no qual o Grupo SEB já atua por meio da UniDomBosco e da Escola Paulista de Direito, para o agronegócio haverá investidores internacionais na estruturação do levantamento de capital.
O que é a faculdade do agro
Enquanto a Cidade do Agronegócio ganha corpo, a Harven Agribusiness School vai funcionar nos próximos dois anos em um prédio adaptado para ela. Compõe a estrutura acadêmica cinco unidades de ensino: duas graduações (administração com foco em agronegócio e engenharia de produção), pós-graduações e especializações presenciais, plataformas digitais e missões e intercâmbios.
A primeira fase, que já começou, trata da incorporação de todos os serviços já prestados pela Markestraat na área educacional, que agora passa a ser somente uma consultoria. A segunda parte contempla o início dos cursos superiores, previstos para o ano que vem. A estimativa é que o complexo chegue a 200 professores, boa parte deles doutores e mestres, mas também estão previstas personalidades de notório saber no corpo docente.
“Nós vamos ser um centro de conhecimento de portas abertas”, diz Scare, que é doutor, professor da USP por 15 anos e professor convidado na Kansas State University (EUA). A área educacional da Markestraat já conta com 30 doutores e 40 mestres para os cursos in company, com projetos em cerca de 35 países, além de Brasil. De acordo com o executivo, além de universidades como Kansas e Purdue University, em Indiana, também nos EUA, com as quais a equipe da consultoria já mantém relacionamento de décadas, há conversas encaminhadas com outras instituições, como as universidades de Buenos Aires, na Argentina, e a de San Telmo, na Espanha. Marcos Fava Neves explica que a ideia é colocar uma visão global sobre os conteúdos e processos . “Os cursos estão sendo pensados para estimular a completa conexão dos alunos com o mercado, incluindo os principais nomes e empresas do setor atuando como professores e tutores”, afirma.
Scare também informa que a faculdade deve contar dois espaços importantes, além dos alunos brasileiros – os chamados filhos do agro para o público mais engajado. O primeiro deles são para os alunos de escolas internacionais em intercâmbios. “Será importante, por exemplo, recebermos alunos da Índia para troca de conhecimentos sobre a cana-de-açúcar”, afirma Scare. Em um segundo momento virão os cursos técnicos, voltados para o agro, que necessita de profissionais qualificados. Sobre bolsas de estudo, o executivo diz que “sim, programas de bolsas por mérito e desempenho, de inclusão das pessoas que trabalham no agro, são fundamentais.”
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