O Federal Reserve deve precisar elevar os juros mais do que o esperado em resposta aos recentes dados econômicos fortes dos Estados Unidos e está preparado para avançar em etapas maiores se a totalidade das informações recebidas sugerir medidas mais duras para controlar a inflação, disse o chair do Fed, Jerome Powell, ao Congresso norte-americano nesta terça-feira (7).
“Os dados econômicos mais recentes chegaram mais fortes do que o esperado, o que sugere que o nível final dos juros deve ser mais alto do que o previsto anteriormente”, disse Powell em comentários preparados para uma audiência perante o Comitê Bancário do Senado.
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Os comentários foram os primeiros desde que a inflação saltou de forma inesperada em janeiro e o governo dos EUA relatou uma forte abertura de postos de trabalho naquele mês.
Embora parte dessa força econômica inesperada possa ter ocorrido devido ao clima quente e outros efeitos sazonais, Powell disse que o Fed está ciente de que também pode ser um sinal de que o banco central precisa fazer mais para conter a inflação, talvez até voltando a aumentar os juros em altas maiores do que 0,25 ponto percentual, nível que as autoridades planejavam seguir.
“Se a totalidade dos dados indicar que um aperto mais rápido se justifica, estaremos preparados para aumentar o ritmo das altas de juros”, disse Powell.
O Fed realizará sua próxima reunião de política monetária em 21 e 22 de março, após a divulgação na sexta-feira (3) desta semana do relatório mensal de empregos do governo e um relatório de inflação na semana que vem. Os dados serão fudamentais no julgamento das autoridades sobre se estão novamente ficando atrás da curva no combate à inflação ou se podem manter a política monetária mais moderada planejada em sua última reunião.
Mas, em ambos os casos, os comentários de Powell marcam um forte reconhecimento de que um “processo desinflacionário”, do qual ele falou repetidamente em uma entrevista coletiva em 1º de fevereiro, pode não ser tão tranquilo.
Embora a inflação “esteja se moderando” desde seu pico atingido no ano passado, disse Powell, “o processo de reduzir a inflação para 2% tem um longo caminho a percorrer e provavelmente será acidentado”.
Revisão do ponto de parada do aumento dos juros
O chair do Federal Reserve também disse que o banco central norte-americano pode muito bem revisar em sua próxima reunião de política monetária o ponto final de parada do aumento dos juros.
“Os dados que vimos até agora, e ainda temos outros dados para ver, ainda temos dados significativos para ver antes da reunião, sugerem que a taxa final que definirmos pode muito bem ser maior do que a que definimos em dezembro”, disse Powell ao Comitê Bancário do Senado.
Na reunião de política monetária do Fed em dezembro, as autoridades definiram um pico da taxa básica de juros em 5,1% para este ano. A atual faixa da taxa básica está entre 4,5% e 4,75% e quase certamente será elevada na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto no final deste mês, quando as autoridades também atualizarão suas previsões para a economia e a política monetária.
Elevação do teto da dívida nacional
Powell pediu aos parlamentares dos Estados Unidos que elevem o teto da dívida nacional para evitar as consequências imprevisíveis de não fazê-lo.
“Há apenas uma solução para este problema”, disse Powell ao Comitê Bancário do Senado, como parte de seu depoimento sobre economia e política monetária. “O Congresso realmente precisa elevar o teto da dívida” e “se não o fizermos, as consequências são difíceis de estimar, mas poderiam ser extraordinárias”, disse Powell.
Mercado de trabalho forte
Jerome Powell disse que o mercado de trabalho não sugere a proximidade de uma contração econômica, mesmo com o banco central norte-americano agindo agressivamente para reduzir a inflação.
“Você está muito longe de qualquer coisa que pareça uma recessão apenas olhando para o mercado de trabalho em si”, disse Powell em audiência no Comitê Bancário do Senado dos Estados Unidos.
Ele também afirmou acreditar que o Fed pode trazer a inflação de volta para 2% sem criar perdas significativas de empregos.
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