O dólar à vista fechou em alta ante o real pela terceira sessão consecutiva, em um dia marcado pela disputa entre investidores pela formação da taxa Ptax e pelo anúncio de redução dos preços dos combustíveis pela Petrobras, para compensar o retorno da cobrança de impostos pelo governo federal.
Até o início da tarde de hoje (28), investidores comprados (com posições favorecidas pela alta do dólar) e vendidos (posicionados na baixa) disputavam a condução das cotações. O objetivo era direcionar a Ptax — a taxa de câmbio calculada pelo Banco Central, que serve de referência para a liquidação dos contratos futuros no início de cada mês.
À tarde, com a Ptax estabelecida, o mercado repercutiu mais livremente as notícias sobre os combustíveis no Brasil e o cenário externo. A expectativa em torno do detalhamento da reoneração dos combustíveis, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ajudou a sustentar as cotações.
Neste cenário, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,22, em alta de 0,36%. Nos três últimos dias úteis, o dólar acumulou ganhos de 1,74% ante o real.
No mês de fevereiro, o dólar à vista acumulou alta de 2,95% ante o real.
Na B3, às 17h51 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,03%, a R$ 5,20.
A pressão dos comprados pela Ptax fez o dólar à vista chegar a ser cotado a R$ 5,25 (+0,88%) às 9h28, no valor máximo da sessão. Pouco depois, às 10h40, a moeda norte-americana já marcava a cotação mínima do dia, a R$ 5,17 (-0,53%), com os vendidos atuando nos negócios.
Esta disputa seguiu ao longo da manhã. Perto das 13h, os comprados fizeram um último movimento de pressão, o que deu novo impulso ao dólar, que vinha oscilando mais perto da estabilidade. Com isso, a Ptax foi calculada pelo BC em R$ 5,20 – este será o valor de referência para liquidação dos contratos futuros neste início de março.
Passada a definição da Ptax, o dólar seguiu no território positivo. Isso ocorreu a despeito de, no exterior, a moeda norte-americana demonstrar certa fraqueza e, no Brasil, a Petrobras ter anunciado redução nos preços dos combustíveis.
Perto do horário da formação da Ptax, a estatal informou que reduzirá em R$ 0,13 por litro o preço médio da gasolina e em R$ 0,08 por litro o preço do diesel. A redução busca compensar a volta da cobrança de impostos federais sobre os combustíveis, conforme anúncio de segunda-feira do Ministério da Fazenda.
Alguns profissionais ouvidos pela Reuters avaliaram, neste primeiro momento, que a notícia era positiva.
“Em tese, a volta da tributação vai dar folga ao caixa do governo. E a redução dos preços pela Petrobras pode segurar a inflação”, avaliou Mário Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora.
Para Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora, a desoneração dos combustíveis, de um lado, e o corte de preços pela Petrobras, de outro, são fatores positivos para o governo, inclusive no controle da inflação.
“Desta forma, o Banco Central talvez nem precise subir mais os juros, como quer o presidente Lula”, pontuou.
A forma como a cobrança de impostos seria retomada, no entanto, ainda era uma incógnita durante a tarde. De acordo com um operador ouvido pela Reuters, os investidores preferiram manter posições defensivas no dólar – o que ajudou a sustentar as cotações –, enquanto esperavam pela entrevista coletiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no fim da tarde, para detalhar a reoneração.
Neste cenário, o dólar terminou em alta pela terceira sessão consecutiva no Brasil. No exterior, no fim da tarde, a moeda norte-americana também havia se recuperado.
Às 17h51 (de Brasília), o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,25%, a 104,910.
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