Quiet quitting: 12% dos brasileiros aderem à demissão silenciosa

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O termo quiet quitting repercutiu nas redes sociais como um movimento que defende fazer apenas o necessário no trabalho, sem exceder horários ou atividades

O “quiet quitting”, tendência que saiu do Tiktok e foi impulsionada pela Geração Z, já faz parte da vida de muitos profissionais brasileiros. A “demissão silenciosa”, que consiste em fazer apenas o necessário para realizar seu trabalho, sem deixar o bem-estar e a vida pessoal de lado, já é uma prática adotada por 11,9% dos funcionários no Brasil.

Segundo pesquisa da EDC Group, multinacional brasileira de consultoria que ouviu mais de 300 profissionais, os “quiet quitters” são, em sua maioria, homens (67%), assistentes ou analistas (54%). Um terço deles tem entre 25 e 34 anos – ou seja, a tendência não é seguida apenas pelos que acabam de entrar no mercado.

Esse movimento vem na esteira da valorização do bem-estar pelos profissionais, mas outros fatores, como remuneração, cultura empresarial, idade e gênero podem estar relacionados, mostrou a pesquisa.

O objetivo é evitar o burnout ao trabalhar mais horas do que o necessário e fazer mais do que você foi contratado para fazer – sem ser remunerado por isso. ‘’Embora o quiet quitting esteja ganhando mais adeptos, a pesquisa demonstra que a força de trabalho brasileira tem uma grande tendência de sobrecarga”, afirma Daniel Campos Neto, CEO e fundador da EDC Group.

O levantamento mostra que 19,51% dos participantes se sentem angustiados, desmotivados e sobrecarregados. A maioria deles são mulheres e estão na faixa-etária dos 25 aos 34 anos.

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Líderes à beira do burnout

De estagiários a presidentes, todos assumem mais funções do que seus cargos preveem, mas idade e senioridade são fatores relevantes que interferem no nível de desgaste. Enquanto os profissionais na base da pirâmide buscam equilíbrio e aderem a práticas como o quiet quitting, no topo, os líderes estão mais próximos do esgotamento.

Quanto mais velho o funcionário e mais alto o cargo, maior o índice de sobrecarga. Os presidentes apresentam a maior taxa de ansiedade ao retornar ao trabalho depois do final de semana, com 33% se sentindo angustiados com as suas tarefas. E 64% dos supervisores disseram executar mais funções do que o previsto nos contratos de emprego.

Esses desafios recaem ainda mais sobre as mulheres: 59% delas estão sobrecarregadas, frente a 57% dos homens. “A pesquisa mostrou que o nosso maior risco é o burnout, extremo oposto do quiet quitting”.

Desemprego e desgaste

O desemprego no Brasil torna mais difícil que os funcionários deixem seus trabalhos buscando flexibilidade e bem-estar, cenário visto nos Estados Unidos, por exemplo. “A taxa de desemprego no Brasil está acima dos 8%. Em mercados como o dos EUA, os
funcionários se sentem seguros para migrar de empresa e tendem a não aceitar a sobrecarga de tarefas.”

Esse cenário – com quiet quitting e risco de burnout – exige que os empregadores se atentem às necessidades dos funcionários. “O quiet quitting não pode ser considerado um risco para o mercado brasileiro, mas temos a oportunidade de aprimorar a forma de gestão da força de trabalho em nossas empresas.”

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