Hoje (1) é o Dia Mundial do Veganismo, dieta alimentar que tem provocado mudanças em toda a cadeia de produção de alimentos. Uma cena pouco comum há apenas uma década, hoje é corriqueira: são inúmeros os negócios alimentares, principalmente nas grandes cidades, com uma seção – ou mesmo um departamento – dedicados aos adeptos da dieta vegetariana. São nesses espaços, invariavelmente, que estão os alimentos veganos, dieta que exclui totalmente qualquer procedência de origem animal e produtos que tenham sido testados em animais. Essa é a principal diferença com a dieta vegetariana, que permite o consumo de produtos como ovos e lácteos.
Diferenças filosóficas à parte sobre saudabilidade dessas dietas em relação à dieta que inclui proteína animal, a demanda por produtos veganos também mexe com a produção no campo. Afinal, para colocar um alimento na mesa do consumidor é necessário um sistema integrado, uma cadeia de negócios, tecnologia, ciência, pesquisa e estudos do que ocorre antes, dentro e pós porteira, o que foi definido como agronegócio pelos professores Ray Goldberg e John Davis, da Universidade de Harvard, na década de 1950. O dia mundial do veganismo foi criado em 1994 por Louise Wallis, então presidente da The Vegan Society, no Reino Unido.
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De acordo com a SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira), nas prateleiras do varejo local podem ser encontrados cerca de 2.900 produtos de 160 empresas. Há pequenos negócios que reúnem produtores e comerciantes, por exemplo, como as feiras livres de Porto Alegre, São Paulo e Salvador, a gigantes como Marfrig Global Foods, Nestlé e Univeler. A agroindústria vegana oferece sorvetes, chocolates, balas, salgadinhos e produtos de base vegetal que simulam os sabores de nuggets, presuntos, kibes, coxinhas, salsichas, linguiças, hambúrgueres, leites, entre outros produtos que necessitam de uma cadeia dedicada. Também podem ser encontrados produtos cosméticos, de limpeza, de higiene pessoal, suplementos alimentares e calçados.
Além disso, existem cerca de 3.500 estabelecimentos, entre bares, restaurantes e lanchonetes, com pelo menos uma opção vegana no cardápio. Como é o caso de um dos templos da carne, A Figueira Rubaiyat, em São Paulo, ou a Camaradería Gastrobar, Belo Horizonte. As opções não param de crescer. No ano passado, a SBV lançou uma ferramenta que promete facilitar a busca por um local para refeições em todo o país, que pode ser acessada pelo endereço ondetemopcaovegana.com.br.
O Google Trends, ferramenta que mostra os termos mais populares buscados na internet, aponta que entre janeiro de 2015 e outubro deste ano, a procura pelo termo vegano cresceu 406%. No Brasil, de acordo com a SVB, há 7 milhões de pessoas que se identificam como veganas, mostrando que o país possui um grande mercado consumidor para produtos deste tipo. É nesse contexto que o agronegócio se encaixa no veganismo. E não é somente aqui. O movimento é global. A Euromonitor International, agência de pesquisa e estratégia, calcula que o movimento global de produtos vegetarianos e veganos é de US$ 51 bilhões por anos.
Segundo levantamento de 2020 da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), a berinjela, por exemplo, fruto utilizado na criação de hambúrgueres, estrogonofes e lasanhas veganas, foi cultivada em 1,8 milhão de hectares em todo o mundo. Mas os cultivos necessários aos pratos e produtos veganos não param aí. É preciso produzir leguminosas, frutos, sementes e oleaginosas. Para mostrar a importância das cadeias produtivas para a dieta vegana, compilamos os cultivos mais demandados nessa dieta. Confira:
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