A agressão contra a mulher pode ocorrer de diferentes formas, uma delas é o slut shaming. O termo ganhou notoriedade nos últimos dias, após a atriz, Luana Piovani, expor em seu perfil no Instagram que imagens dela nua foram anexadas a um processo que o ex-marido, Pedro Scooby, abriu contra ela na Justiça portuguesa.
A ação seria para impedir que a artista viesse a público expor e cobrar o surfista que, segundo ela, se recusou a pagar a pensão alimentícia dos três filhos que eles têm juntos. A atriz afirmou que ficou chocada com o fato de a ação conter algumas imagens íntimas dela.
“Vi umas fotos minhas, nua, ali no meio do processo. Fiquei intrigada, não estava entendendo o que as minhas fotos nuas tinham a ver com o fato de ele querer que eu me cale”, disse.
O termo em inglês é usado para descrever o ato de ridicularizar ou desclassificar uma mulher por viver sua sexualidade. As ofensas se aplicam à forma dela se vestir, se comportar e expressar os seus desejos sexuais.
Apesar de o nome ser recente, o conceito por trás dele não é novo. Infelizmente, o slut shaming vem de uma estrutura machista que classifica mulheres de maneiras pejorativas quando se comportam diferente do modelo considerado aceitável pela sociedade “tradicional”.
Consequências para a vítima
De acordo com a psicóloga e especialista em psicologia clínica e hospitalar, Dra. Liliana Seger, o slut shaming é uma violência moral e psicológica que tem o potencial de causar diversos prejuízos às mulheres, tanto no aspecto pessoal quanto emocional.
Isso porque, muitas vezes, além de precisarem mudar de cidade, emprego, escola ou faculdade, por exemplo, as vítimas também podem desenvolver transtornos psicológicos, como depressão, ansiedade, crises de pânico e estresse pós-traumático.
Além disso, a prática pode evoluir para agressões físicas e morais. A mais comum delas é a cultura do estupro, que culpabiliza a vítima de abuso sexual por sua maneira de se vestir ou se portar.
“Antigamente, uma mulher que estivesse com o tornozelo aparecendo já era chamada de vadia. Hoje, as pessoas podem sair com qualquer tipo de roupa, porém os homens ainda usam isso como uma coisa muito sexualizada. A gente ouve em vários casos que se a mulher foi ofendida, seduzida ou abusada é porque ela estava com uma roupa pedindo isso”, aponta.
O que diz a legislação?
Conforme a legislação, existem algumas leis que tipificam certos atos do slut shaming como crime. A Lei 13.718, de 2018, por exemplo, reconhece como crimes a divulgação de cena de estupro, muitas vezes usada para ameaçar ou descredibilizar a vítima.
Outra lei que também protege as vítimas é a lei 14.425, conhecida como Lei Mari Ferrer, aprovada em 2021. Ela coíbe a prática de atos que atentem contra à dignidade da vítima e de testemunhas. Além disso, proíbe a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a vítima durante o julgamento.