Enquanto Bradesco e Itaú reclamam, a Justiça garantiu, na noite de hoje (24), a liberação de R$ 1,2 bilhão de caixa da Americanas que estava retido no BTG Pactual (BPAC11).
O desembargador Flávio Horta Fernandes, do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ), suspendeu o bloqueio que ele mesmo havia concedido ao banco, por meio de liminar.
O bloqueio havia ocorrido antes do deferimento do pedido de Recuperação Judicial (RJ) pela 4ª Vara Empresarial do Rio. Segundo o juiz, cabe ao “Administrador Judicial [da Americanas] comprovar ao Juízo a utilização dos recursos com destinação exclusiva ao fluxo de caixa da atividade empresarial”.
Mais cedo, rompendo a velha regra de que banqueiros não falam de suas relações com clientes nem discutem em público, Bradesco (BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4) divulgaram notas contestando as declarações dos investidores de referência da Americanas (AMER3) que foram divulgadas em uma nota no domingo (22).
Na nota, os investidores afirmaram contar com “uma das maiores e mais conceituadas empresas de auditoria independente do mundo, a PwC”. Segundo os acionistas, “ela (…) fez uso regular de cartas de circularização, utilizadas para confirmar as informações contábeis da Americanas com fontes externas, incluindo os bancos (…). Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade.”
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Hoje, Bradesco e Itaú questionaram fortemente a declaração. Segundo o Bradesco, “a governança contábil das empresas é atribuição exclusiva e não transferível da sua administração, inclusive Conselho de Administração. O Bradesco cumpre rigorosamente as diretrizes normativas e atua de acordo com as melhores práticas de mercado”, informou o banco.
Em um tom incomum, o banco informou que “não compactuamos com alegações que buscam criar narrativas para atribuir aos bancos qualquer responsabilidade sobre as práticas contábeis irregulares da empresa e, assim, desviar a atenção do problema central, ou seja, a falta de consistência dos números das demonstrações financeiras e as responsabilidades dos seus dirigentes sobre tal fato.”
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O Itaú Unibanco foi na mesma linha e classificou as declarações contidas na nota como uma leviandade. “É leviana a tentativa de atribuir aos bancos qualquer responsabilidade sobre as práticas contábeis irregulares da empresa”, informou o Itaú Unibanco em nota.
Segundo a nota, “a elaboração e aprovação das demonstrações financeiras que espelhem a realidade da companhia são responsabilidade única e exclusiva da administração da empresa, incluindo sua diretoria e seu conselho, sem nenhuma influência dos bancos ou de outros credores.”
Pelas estimativas do mercado, que ainda terão de ser confirmadas quando da apresentação do plano de recuperação judicial, a dívida da Americanas com os bancos é de R$ 18,5 bilhões, ou 43% dos R$ 43 bilhões admitidos pela empresa na apresentação do pedido.
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