Se comparados com cortes de custos, congelar vagas parece o menor dos problemas. Pausar contratações e gerar mudanças horizontais nos cargos sem preencher as posições vagas são estratégias de corte de custos menos conhecidas em momentos de incerteza.
Um congelamento de vagas é um termo vago para a política de interromper temporariamente a contratação de novos funcionários. O objetivo é segurar firme com a esperança de que os tempos ruins logo passem e que, assim, que as contratações voltem quando a situação melhorar. Como os últimos anos vêm nos mostrando, novos talentos não são fáceis de encontrar, recrutar e contratar. Há a necessidade de treinar e capacitar os novos contratados e, com isso, gastar bastante tempo, esforço e recursos para retê-los. Dar um tempo nas contratações pode fazer você ganhar tempo enquanto a companhia aguarda a tempestade passar e fica com seus colaboradores sem ter que realizar desligamentos.
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Importantes companhias, como Goldman Sachs, Meta, Amazon, Google e Microsoft recentemente anunciaram grandes demissões em massa. Os executivos comandando os desligamentos argumentam que precisam cortar custos após contratar excessivamente nos últimos anos. Eles também dizem que as demissões são necessárias para combater os efeitos da alta inflação, da alta de custos e da possível recessão nos negócios.
O que acontece em um congelamento de vagas
Congelamento de vagas não são processos tão rígidos. Exceções podem ser feitas em cargos considerados essenciais demais para não serem preenchidos. Um exemplo pode ser visto no setor de cripto ativos, cuja ética tem sido questionada, com a implosão de várias companhias de ativos digitais e o épico colapso da FTX. A Coinbase e outras firmas de criptos têm feito demissões em massa e pausado contratações. Entretanto não seria inteligente elas desligarem profissionais das áreas jurídica, de compliance, de avaliação de risco e de auditoria, já que eles são essenciais no escândalo regulatório do momento.
Um congelamento de vagas não causa tanta disrupção como os anúncios de demissões em massa. Eles até mesmo podem ser vistos como positivos. Atrasar contratações mostra que a companhia se importa com a sua reputação a longo prazo. Quando grandes cortes de pessoal são anunciados, há um efeito prejudicial nos funcionários que ficam, uma vez que eles precisarão fazer uma maior quantidade de trabalho pelo mesmo pagamento. Há, também, a preocupação de que eles podem ser os próximos a perder seus empregos. É difícil dar o seu melhor no trabalho quando há a possibilidade de perder seu emprego a qualquer momento.
O Bank of America informou aos seus executivos que congelaria as contratações e priorizaria os cargos essenciais. Esse foi um dos resultados da política do banco de desacelerar as contratações após menos funcionários se demitirem por vontade própria. No final de dezembro, a Tesla anunciou uma pausa nas contratações, seguida de planos para demitir trabalhadores. A Meta, além dos desligamentos em massa, terá um congelamento de vagas no primeiro trimestre de 2023.
A Forbes noticiou: “A Google circulou um comunicado de que as contratações seriam significativamente diminuídas no resto do ano. A Amazon e a Microsoft também instituíram congelamentos de vagas”. A Uber declarou que seria rígida em relação aos seus custos. Enquanto isso, a Meta comunicou seus funcionários em relação a um período crítico e de tempestades fortes depois de implementar uma pausa de contratação para algumas equipes. Finalmente, para conter custos, a Amazon havia interrompido as contratações para vagas que não fossem de pesquisa ou de desenvolvimento.
O estímulo ao pedido de demissão
A saída de funcionários, seja ela voluntária ou involuntária, tem um importante papel em uma organização. Normalmente, as empresas antecipam que um determinado número de funcionários deixará a organização por diversas razões – seja porque encontraram novos empregos, por aposentadorias ou por buscarem coisas novas. Mas, se muitas pessoas saírem ao mesmo tempo, a companhia pode sofrer uma perda de talentos que pode ser prejudicial para ela.
Algumas empresas, ao invés de demitir seus funcionários, querem que seus funcionários peçam demissão e, assim, deixem a companhia. Há duas principais estratégias para isso. No Twitter, por exemplo, Elon Musk deu um ultimato aos trabalhadores pouco tempo depois de assumir dizendo: “Os trabalhadores precisarão trabalhar muitas horas, com alta intensidade, e de maneira extrema”. Muitos se sentiram desconfortáveis com essas exigências e decidiram buscar outras oportunidades, deixando de trabalhar na plataforma de mídias sociais. Nesse caso, especificamente, parece que Musk tentou, de propósito, fazer as pessoas saírem de para que ele pudesse diminuir o número de empregados e, assim, diminuir seus custos.
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A segunda estratégia é tornar atrativo para as pessoas saírem da organização voluntariamente oferecendo compras de participação, pacotes de assistência ou outros benefícios. Com a saída dos trabalhadores, eles não serão substituídos. Assim, o trabalho será redistribuído entre aqueles que restaram, geralmente sem remuneração adicional. Em um ambiente desafiador como esse, as pessoas podem acabar não reclamando porque vêem demissões em massa acontecendo em outros locais e se preocupam como conseguiriam um novo emprego. Segundo a Business Insider, a gigante de tecnologia Microsoft sugeriu a seus gestores que estimulem aqueles que não desempenham bem a pedir demissão.
O lado negativo desse estímulo é que os melhores e mais brilhantes funcionários serão os primeiros a pedir demissão. Eles têm as competências, as habilidades e os atributos altamente valorizados pelas organizações. Competidores irão rapidamente contratá-los e headhunters irão rapidamente apresentá-los para seus clientes mais competitivos. Então, a empresa que os demitiu sofrerá de uma falta de talentos qualificados e restará com as pessoas que estão felizes em fazer o mínimo para sobreviver no emprego, que não têm habilidades tão boas ou que não são buscadas pelas companhias rivais.
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