Americanas: ações caem 80% na B3, 22% em NY e derrubam varejistas

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Sergio Moraes/Reuters

O que causou a queda das ações foi o pedido de demissão de Sergio Rial, anunciado em um fato relevante divulgado na noite de ontem (11)

Após quase cinco horas em leilão, as ações da Americanas (AMER3) iniciaram seus negócios hoje (12) na B3 a R$ 2,40, baixa de exatos 80% em relação ao fechamento anterior. Em duas horas foram realizados 85 mil negócios, que movimentaram 530 milhões de ações.

Para comparar, desde 22 de agosto de 2022, primeiro pregão após a indicação de Sergio Rial para a presidência da varejista, a média diária transacionada era de 31,7 milhões de ações em 34 mil negócios. Ou seja, a descoberta do rombo elevou em 1.500% o volume de ações negociadas e em 160% o total de negócios fechados.

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Em Wall Street, os American Depositary Receipts da Americanas, negociados no mercado de balcão com o código BTOOY, estão cotados a US$ 3,50 (R$ 17,25), queda de 21% em relação à véspera. Não há informações sobre volume.

A baixa nas ações da Americanas afetou outras empresas de varejo, mas não todas. As ações da Meliuz (CASH3) estão em baixa de 5% e os papéis da Via, antiga Via Varejo (VIIA3) estão em baixa de 3,8%. A exceção são os papéis da Magazine Luiza (MGLU3), que estão subindo 5,6%.

Problemas contábeis

O que causou a queda das ações foi o pedido de demissão de Sergio Rial, anunciado em um fato relevante divulgado na noite de ontem (11). O comunicado informou “inconsistência contábeis” no total de R$ 20 bilhões.

Em uma apresentação na manhã de hoje, Rial admitiu problemas com transparência na Americanas. “Em algumas organizações, especialmente as que precisam de ajustes, a disposição da administração em falar de problemas por vezes é menor do que deveria ser”, disse ele a investidores.

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Na apresentação, ele disse que a diferença contábil está na conta de “Fornecedores”. Em muitos casos, a Americanas financia os fornecedores, pagando antecipadamente a compra de mercadorias que serão revendidas na rede. Rial afirmou que a rede captava esses recursos em bancos, mas não contabilizava esses empréstimos como dívida, o que deveria ser feito. O executivo admitiu que essa é uma prática tradicional no varejo. “Esse assunto vem sendo discutido desde os anos 1990”, disse ele.

Troca de comando

O ex-CEO foi indicado para o comando da empresa no dia 19 de agosto do ano passado, uma sexta-feira, o que provocou uma alta de 22,5% nas cotações no pregão seguinte, a segunda-feira 22 de agosto. Com uma trajetória muito bem sucedida no Santander, em que transformou a subsidiária brasileira na operação mais rentável do banco em todo o mundo, Rial foi visto como um executivo capaz de cortar custos e de acelerar a integração entre o varejo físico e o digital.

Seu anúncio para o comando da Americanas gerou expectativas de um desempenho parecido. O varejo e o sistema financeiro têm se aproximado nos últimos anos, graças à tecnologia, que permite vender produtos financeiros às enormes bases de clientes das redes varejistas. A expectativa dos investidores era de um aumento da eficiência e da multiplicação das linhas de receita da Americanas, como programas de milhagem, concessão de crédito e distribuição de produtos e serviços financeiros. Agora, esses planos terão de ser adiados.

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