O crescimento das operações do agronegócio no mercado de capitais demonstra que, no médio prazo, o setor pode corresponder ao peso que merece nas carteiras de investimentos. Nos últimos 15 anos, o agro viveu uma evolução incomparável com as demais atividades da economia. O setor alcançou participação de 27,4% no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, a maior desde os 27,53% de 2004, conforme dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), ligado à USP (Universidade de São Paulo). E a tendência é que nos próximos 15 o setor continue evoluindo, apesar dos desafios trazidos pelo cenário recente, onde as margens de lucro dos produtores foram comprimidas pelo aumento dos custos e pela queda dos preços das commodities.
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O mercado de capitais está acompanhando esta tendência. Dados do mais recente Boletim Mensal da B3 (B3SA3), demonstram que entre janeiro e novembro de 2022, o número de pessoas físicas que passaram a investir nos Fiagro (Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) cresceu 417,3%, subindo de 30,7 mil para 158,8 mil. Os investidores individuais correspondem a cerca de 92% do total de cotistas, o que demonstra o interesse do público pelo produto.
Diversificação
O Fiagro reúne os recursos dos investidores e os destina a investimentos do agronegócio. O campo, sem trocadilhos, é vasto: podem ser imóveis rurais, como fazendas, ou nas demais atividades relacionadas a produção do setor, como por exemplo a venda de insumos e fertilizantes. “Essa nova classe de ativos é fundamental para garantir a diversificação do portfólio e vem acompanhada do benefício da isenção fiscal para os cotistas Pessoa Física”, diz André Ito, sócio e gestor da MAV Capital.
Segundo Ito, a adesão elevada em um momento adverso mostra a viabilidade desses fundos. “Vivemos uma crise do mercado imobiliário no fim de 2021, e existe uma comparação forte entre as duas classes de ativos, apesar de os riscos de ambos serem muito diferentes”, diz Ito. “Mesmo com as dificuldades provocadas pela alta dos juros, a indústria agregou muitos CPFs ao longo de 2022.”
Regulamentação
Autorizados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários em agosto de 2021, os Fiagros exibem características que os tornam atrativos às pessoas físicas como a isenção do Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos. Isso já acontece com os Fundos Imobiliários (FIIs), porém, ao contrário dos FIIs, os Fiagros tendem a ser menos voláteis.
Segundo Ito, a perspectiva para 2023 é promissora. A maior expectativa é a consolidação de seu marco regulatório. As normas atuais (Resolução CVM 39), são provisórias e foram criadas a partir da Lei 14.130, que instituiu os Fiagros em junho de 2021.
Com a normatização definitiva, não haverá mais a divisão dos fundos por tipo de ativos e a definição passa a ser mais ampla. “O conceito de Fiagro será um só, independentemente de o fundo ser voltado para a compra de terrenos, operação com crédito ou compra de participações societárias”, diz Ito. “Segundo o regulamento do fundo, o gestor poderá decidir como vai investir os recursos, permitindo que o produto seja explorado em todo o seu potencial.”
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