A Copa do Catar termina hoje (18) com a final entre França e Argentina. Muito além do futebol, o torneio também foi um grande laboratório de novas tecnologias. Fernando Moulin, sócio da Sponsorb, professor e especialista em negócios, transformação digital e experiência do cliente, está no país desde o início da Copa para observar tecnologias e reunir as inovações encontradas no evento. À Forbes Brasil ele aponta cinco das quais se destacaram em termos de funcionalidade e capacidade de escala.
Integração de sistemas e acesso a ingressos
Até a Copa da Rússia 2018, onde Fernando também esteve presente, a FIFA fazia a geração dos bilhetes de forma impressa. “O processo em 2022 foi totalmente digital, de maneira integrada e que funcionou bem. Então, você compra o ticket na plataforma digital da FIFA para assistir aos jogos. É bem verdade que o sistema não funciona, apresenta muito problema e sempre está indisponível. Entretanto, ao realizar a compra eletrônica, e ter o direito ao ingresso, permite que o governo do Catar emita o ingresso através de um super aplicativo que eles criaram chamado HAYYA”.
A função do app, de acordo com Fernando, é concentrar informações turísticas do país, dados sobre os estádios e permitir acesso para comprar ou revender o ingresso, caso a pessoa não queira mais ir no jogo, e servir como passaporte durante o período da Copa. “Uma vez com os ingressos, o governodá autorização para estar no país. Esse aplicativo que mencionei é usado desde os assuntos comentados até a entrada nos estádios. O transporte público também foi liberado, com acesso gratuito, porque a primeira vez do evento Copa do Mundo com todos os estádios em uma mesma cidade/região, ao mesmo tempo.”
A disponibilidade do 5G
“A Copa foi realizada em uma área de cobertura de 5G. Passou a ser algo trivial ver estrangeiros no metrô, do seu lado, acompanhando transmissões de jogos nos celulares, em tempo real, isso enquanto iam para um estádio ou faziam um passeio. A velocidade de conexão é muito boa, sem travamentos dentro dos estádios, onde não tive qualquer problema de experiência com a tecnologia. Funcionaram muito bem. Isso foi extremamente interessante”, destaca Fernando.
A tecnologia dos painéis visuais
O Catar é o país dos painéis visuais. Muitos deles, interativos, foram criados para suportar a Copa do Mundo. “Na região da Corniche, onde tinha a Fan Festival, alguns prédios transmitiam com projeções visuais, em tempo real, o placar das partidas. Então você via, por exemplo, a Bandeira de Marrocos e Portugal, acompanhadas pelo zero a zero. Depois, bandeiras da Inglaterra e França. Ainda tinha a torre é mais alta do país, próxima do estádio Khalifa International, que é o maior Painel de LED/Telão audiovisual do mundo. Você tem o telão interativo, em tempo real, que passa uma série de coisas, propagandas, informações e que dá para ver de longe na cidade, muito bonito, e ao lado do estádio.”
Experiência de dupla tela no app da FIFA
O aplicativo de segunda tela da FIFA ficou famoso no Brasil e já rodou vários vídeos durante os últimos dias. “Eu testei durante os jogos. Ele vem com uma engenhosa customização de realidade aumentada, permitindo que o usuário veja os jogadores em campo, estatísticas em tempo real, entre outros. Acho que funcionou relativamente bem, mas há espaço para melhorar a experiência ainda mais. A experiência, inicialmente, já é uma disrupção. Posso dizer que a Copa do Mundo foi um grande evento de transformação da sociedade.”
Simuladores e conexões figital
“Dentro de muita coisa que vi, tirando a questão de ruas com ar-condicionado, uma tecnologia mais tradicional e toda essa questão do luxo em Doha, a gente viu muitos simuladores. A FIFA, principalmente na Fan Fest da Corniche, fez uma arena em que você entra, se cadastra, faz o login e se divide com outros participantes da interação em dois times. Um time joga contra o outro. Você põe um colete cheio de sensores e aquele jogo é registrado em tempo real. Quando você sai, ganha um o acesso a um link com a partida digitalizada e disponível, você e seus colegas como avatares que participaram daquele momento. É uma interação precursora, muito interessante que está chegando, certamente, daqui alguns anos vai estar em voga, que é uma forma das marcas criarem conexões figital (integração do físico com o digital)”, conclui Fernando.
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