Preparada para a disputa, a Salton, vinícola comandada por Maurício Salton, 39 anos, quarta geração da família de produtores de uva que no último século construiu um império do vinho no Rio Grande do Sul, colocou à prova sua produção em um dos concursos mais concorridos da França, o Effervescents Du Monde, realizado no início deste mês na cidade de Dijon, na região da Borgonha. O concurso está entre as mais tradicionais avaliações do mundo.
Espumante da vinícola ficou no top 10 dos melhores do mundo. Os tipos prosecco e brut levaram a medalha de ouro, e o moscatel ficou com a prata. Mas o ouro não foi a primeira medalha ganha no campeonato. Em 2018, o prosecco também figurou no ranking dos 10 melhores espumantes do mundo, na ocasião o único e primeiro brasileiro da lista.
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“O reconhecimento deste rótulo, de forma especial relembra bastante sobre a nossa vocação na elaboração de espumantes”, diz Gregório Salton, diretor técnico da vinícola. “Além disso, é uma bebida que carrega bastante as características da Serra Gaúcha em suas borbulhas.” Enólogo desde 2013, Gregório é pós-graduado em Gestão Vitivinícola pela OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho ), com sede em Paris.
De acordo com a Salton, o espumante é elaborado com a uva prosecco, um cultivo que faz parte da história da vinícola. A prosecco é variedade branca de uva, de origem eslovena da região de Karst, que foi levada para a vila italiana de Prosecco, na região do Vêneto. Nos anos 1990, a família gaúcha foi pioneira ao introduzir as primeiras mudas desse tipo de uva no Sul do Brasil e a partir dos anos 2000 se tornou uma incentivadora para que outros produtores aderissem à variedade.
No país, os espumantes caíram no gosto do consumidor. O comércio desse tipo de bebida no Brasil alcançou 30,3 milhões no ano passado (cerca de 40 milhões de garrafas), um crescimento de 40% ante 2020, segundo a Uvibra (União Brasileira de Vitivinicultura). Já as exportações chegaram a 935 mil litros, 21% acima do ano anterior. O salto no consumo se deu pela aderência de um público consumidor mais jovem, abaixo dos 35 anos, e também pela modernização das vinícolas que vêm colocando no mercado novos produtos.
Os protocolos de qualidade e os cuidados no manejo dos vinhedos vêm trazendo frutos ao mercado e a Salton surfa essa onda. Não por acaso, o prêmio na França foi mais um na prateleira de troféus deste ano, mas não foi o único. Neste mês de dezembro, a Salton ganhou outras 15 medalhas em um concurso no qual apenas mulheres avaliam os espumantes e vinhos. O La Mujer Elige, realizado em Mendoza, recebeu mulheres que são referências do mundo do vinho de mais de 40 países.
Com o Lucia Canei, uma homenagem à matriarca da primeira geração da família, a Salton levou o prêmio de melhor vinho do Brasil, além de ser considerado o campeão na categoria espumante rosé e receber medalha dupla de ouro. O produto é da variedade pinot noir, de uvas cultivadas nas regiões da Campanha e da Serra Gaúcha. Em concursos realizados no Reino Unido, França, Estados Unidos, Argentina, Canadá e Chile, a vinícola já ganhou cerca de 70 premiações.
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