Todos os dias perseguimos a meta de construir uma companhia desejada pelo mercado, alinhada com as demandas da sociedade, com capacidade de crescer de forma sustentável, escalar. Mas, como disse meu querido amigo Nizan Guanaes em um bate papo que tivemos recentemente, não adianta querermos criar uma empresa inovadora e ser um chefe da idade da pedra lascada. Precisamos de líderes com alma.
Você tem pensado nos valores que costuma transmitir para os seus liderados? Será que o seu time vê em você um gestor com visões do século passado, ou alguém que o inspira não apenas a conquistar resultados, dinheiro ou participação na sua empresa, mas a ser feliz?
Pergunta de milhões, não é mesmo?
A verdade é nós, líderes, precisamos nos adaptar a um futuro muito diferente do que fomos ensinados. Vivemos um cenário de incerteza crônica. Uma complexidade que exige que os desafios não sejam resolvidos de cima para baixo, mas que essa construção envolva, engaje e encoraje todos na empresa. Precisamos aprender juntos, nós e nossos liderados, a repensar, a reaprender e, assim, nos prepararmos rapidamente para uma nova realidade que nos permita avançar.
Recentemente, li o trabalho da professora de Comportamento Organizacional da London Business School, a Herminia Ibarra. Ela fez uma pesquisa que apontou que as corporações precisam capacitar as pessoas a se tornarem mais adaptáveis – para experimentar, inovar e compartilhar o aprendizado em toda a organização. Ou seja, precisamos encorajar e preparar os nossos liderados a vencerem a resistência de mudar.
Definir a visão e executar a estratégia continuam sendo funções de um líder, mas, agora, mais do que nunca, é imprescindível aguçar a nossa perspicácia de antecipar e identificar problemas, especialmente aqueles que ninguém ainda conseguiu detectar. E, a partir disso, estabelecer uma liderança colaborativa, em que as nossas visões não sejam impostas, mas compartilhadas. Criar um ambiente estruturado e claro para a colaboração, e no qual todos se sintam seguros psicologicamente para exercerem a sua criatividade e contribuírem para o processos.
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Esqueça aquela velha ideia de que você precisa ter resposta para tudo. Características como humanidade, autenticidade e até mesmo a vulnerabilidade nos conectam com os demais. Estamos sempre aprendendo com o nosso time. Valorize as contribuições e prepare as pessoas para realizarem as tarefas do dia a dia. Evite o micro gerenciamento. Mostre que você confia nelas.
Outro fator decisivo é a escuta ativa dos colaboradores. As pessoas querem ser ouvidas, compreendidas. Querem sentir que são únicas nas suas particularidades e, ao mesmo tempo, que pertencem àquele ambiente.
Ficamos mais vulneráveis com a Covid-19 – a estimativa é que a pandemia causou mais 53,2 milhões de casos de transtorno depressivo maior em todo o mundo e mais 76,2 milhões de casos de transtornos de ansiedade em todo o mundo. Isso está acontecendo, possivelmente, com seu time.
Neste caso, evidente que você não vai ter todas as soluções, mas podemos mostrar cuidado e envolvimento com o que as pessoas estão sentindo, e tentar apoiá-las. Esse cenário também nos afeta como líderes. O excesso de preocupações e demandas, a fadiga de decisões. O melhor caminho, na minha visão, é que você como líder cuide da sua saúde física e mental. Autocuidado, prática de exercícios, alimentação balanceada, sono reparador e técnicas para gerenciar o estresse, como massagem, meditação, tempo para descanso. Faça isso.
Cuide de você e, com isso, você será um exemplo para o time que lidera também. Inspire as pessoas também a terem uma vida profissional e pessoal harmônica. Defina e proteja os seus limites.
Sempre digo que ninguém nasce sabendo liderar. Estamos sempre aprendendo. As lições de liderança que vamos aprendendo ao longo da nossa vivência é o que nos torna bons líderes e que nos faz conseguir formar pessoas para seguirem essa jornada. Não exija demais de você, mas se questione sempre sobre o líder que você é.
Camila Farani é Top Voice no LinkedIn Brasil e a única mulher bicampeã premiada como Melhor Investidora-Anjo no Startup Awards 2016 e 2018. Sócia-fundadora da G2 Capital, uma butique de investimentos em empresas de tecnologia, as startups.
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