Li e leio nestes dias iniciais de setembro: inflação de 8.2 % ao ano; EUA 8.4%, e zona do euro 9.1%. Deflação no 3º trimestre, puxando a taxa para 7.8%. E no ano para 6%. Mercado do trabalho de janeiro a julho: 1,56 milhão de vagas criadas. Redução da taxa de desemprego a 9.1%, somente atingida em agosto de 2016. Admissões crescem 62% no mercado de executivos nas empresas. A taxa de poupança cresceu em 2021 atingindo 17,23% — necessária para os investimentos que nos levarão a um crescimento maior que os cerca 3% deste ano. A saga do comércio exterior que, em 2010, participava em 23% do PIB brasileiro e passou a 39% em 2021. E contribuirá para um gigantesco saldo comercial de US$ 80 bilhões este ano.
Dei muitos números, mas o mais importante a USP revelou. 51% das suas vagas foram ocupadas por alunos negros, destacando-se, assim, a importância das quotas na inclusão social no Brasil. Como não sou economista e como a maior parte dos nossos leitores conhecem a matéria sem o serem, peço escusas por tantas citações. Mas não resisti ao impulso de mostrar como estamos bem no mundo pós-Covid, sendo a sétima, entre as nações com crescimento nestes dois últimos anos.
Iremos democraticamente às urnas para eleger um presidente da república que possa melhorar estes números e, ao final de quatro anos, nos recolocar entre as sete maiores e mais livres nações do mundo. Nesta campanha, porém, me chamou a atenção, seja nos discursos dos candidatos, ou em análises na imprensa nacional e estrangeira, os dados econômicos e sociais tão negativos que me levam a crer que a OCDE e Banco Mundial estão cometendo erros geográficos em suas análises.
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E a obsessão pela palavra democracia. Nela vivemos desde 1988, e assim chegaremos após as eleições em outubro. Sem o negacionismo diante de milhões de brasileiros homenageando o seu país e a sua bandeira verde e amarela. E sem tanques ou bandas militares. Aceitaremos os resultados das urnas, mas não aceitaremos regimes não compatíveis à liberdade de culto, aos valores que erigiram e guiam nossa sociedade. As urnas são eletronicamente confiáveis, mas seus operadores terão de ser como a mulher de Cesar.
Nós, empresários, queremos a paz para criar riquezas e distribuí-las pelos empregos que criamos e os salários que pagamos. Queremos, e pelo voto exigimos, respeito das autoridades porque elas, como nós, são parte de uma sociedade multi-étnica, diversificada no conhecimento e na inteligência. Nós,
empresários, trabalhadores, acadêmicos, cientistas e profissionais liberais queremos uma pátria livre e em franco progresso econômico e social. Políticos, moderem-se. Não denigram aqui ou no exterior nossa imagem de país acolhedor, livre e amigo de todas as nações.
Miragem, titulei este artigo. Dei números e por isso acredito que esta miragem seja uma foto real do Brasil. Salve, 2023, sem extremos!
Mario Garnero é fundador e presidente honorário do Fórum das Américas, fundador e presidente da Associação das Nações Unidas-Brasil e fundador do Grupo Brasilinvest. Anteriormente, foi presidente do CNI (Confederação Nacional da Indústria) e da ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e diretor da VW do Brasil e da Monteiro Aranha.
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Artigo publicado na edição 101 da revista Forbes, em outubro de 2022.
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