O tênis entrou cedo na minha vida e me sinto privilegiada por ter vivido do esporte e ter representado o meu país em Jogos Olímpicos. O caminho do atleta profissional não é fácil, ainda mais no Brasil, onde desde cedo aprendemos na prática o ditado “no pain, no gain” e o quanto é necessário renunciar para conseguir atingir nossos objetivos. Mas, entre vitórias e derrotas, olho para trás e sinto muito orgulho da minha trajetória. O que realmente valorizo e agradeço são os valores que o tênis me ensinou e que carrego até hoje, principalmente na carreira executiva.
É justamente por esses valores que o esporte é uma ferramenta poderosa de comunicação para as marcas. Quando comparo o patrocínio esportivo na minha época de atleta ao de hoje, vejo que evoluímos principalmente no que se refere ao que é realizado via Lei de Incentivo ao Esporte. As empresas estão adotando cada vez mais essa ferramenta para patrocinar projetos esportivos, especialmente os que tem ações focadas em ESG (sigla em inglês para governança ambiental, social e corporativa). O que é ótimo, mas não podemos esquecer que o esporte precisa de investimentos na jornada completa, da base ao alto rendimento, do projeto social ao sonho de ser um atleta profissional e, por isso, o investimento com verba de marketing também é necessário.
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O Rede Tênis Brasil não foge à regra do país, onde grande parte do aporte acontece via Lei de Incentivo, e é através dessa receita que o projeto consegue impactar e transformar a vida de milhares de jovens através do tênis. Além disso, conta com doações de empresários apaixonados pela modalidade.
Ao pensar em como podemos fazer uma mudança real, sustentável e significativa no esporte, acabo caindo no lugar comum, que é o do investimento e dos patrocinadores. Nesse sentido, acredito que ainda temos um longo caminho a percorrer.
De um lado, as instituições e projetos esportivos precisam se profissionalizar ainda mais, investindo em suas marcas, entendendo melhor seu propósito e seus valores, criando produtos, ativos e contrapartidas que sejam percebidos como valor pelo mercado patrocinador. Para uma parceria de sucesso é necessário que haja uma sinergia nos valores das duas empresas e que as entregas e contrapartidas ajudem o parceiro a resolver seus desafios e dificuldades, e isso requer uma personalização cada vez maior da proposta comercial oferecida pelos projetos esportivos. Afinal de contas eles competirão pela mesma verba com vários outros, sejam de esporte, entretenimento, mídia, games, etc…
Ainda do lado do segmento esportivo, acredito que outro turning point é que os atletas se percebam cada vez mais como “marcas”. Assim terão um poder maior de influenciar e de “vender” um estilo de vida saudável, valores positivos e a paixão que o esporte representa.
Há também um caminho a ser percorrido pelo lado das empresas patrocinadoras. Depois de 10 anos atuando nessa área como Gerente de Marketing do Comitê Olímpico do Brasil e agora como Diretora de Comunicação e Marketing do RTB, ainda vejo poucas empresas com uma área focada em patrocínios e parcerias. Imagino que ganhariam muito ao ter pessoas especializadas tocando o dia a dia e aproveitando ao máximo tudo o que um patrocínio pode oferecer, que vai muito além da visibilidade de marca. Isso poderia gerar mais resultados para as empresas, o que aumentaria os investimentos em patrocínios no Brasil.
Acredito que conseguiremos fazer uma transformação real no esporte brasileiro quando os dois lados, instituições e patrocinadores, fizerem as mudanças necessárias. Afinal de contas paixão e emoção não faltam no esporte. Imaginem tudo isso aliado ao profissionalismo e gestão?
É exatamente isso que estamos criando no Rede Tênis Brasil: propostas que gerem parcerias de valor, trazendo benefícios para os dois lados. Nossos parceiros e patrocinadores são fundamentais para alcançarmos nossos dois grandes objetivos: apresentar o tênis para um número cada vez maior de crianças em escolas públicas, transformando suas vidas e formando cidadãos, e apoiar atletas de alto rendimento para que alcancem seu maior potencial.
Quem sabe assim não veremos uma transformação no tênis brasileiro, fomentando uma estrutura que quebre barreiras e leve o Brasil ao cenário mundial novamente, com mais heróis para torcer, assistir e “jogar junto”. Por que não podemos sonhar grande e trabalhar para transformar o Brasil no “país do tênis”?
Quer saber mais sobre o Rede Tênis Brasil? Acesse nosso site www.redetenisbrasil.com.br e redes sociais @redetenisbrasil.
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Miriam D’Agostini é Diretora de Marketing e Comunicação do Rede Tênis Brasil. Ex-tenista, alcançou a quarta colocação no ranking mundial juvenil e como profissional foi número 1 do Brasil e disputou os Jogos Pan-americanos de Mar Del Plata (1995) e Winnipeg (1999) e a Olimpíada de Atlanta (1996). Formada em Publicidade e Propaganda, esteve à frente da gerência de Marketing e Eventos do Comitê Olímpico do Brasil.
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