Mudança de casa sempre traz dor de cabeça. Este é o estigma que a Si Adivisors, startup do mercado imobiliário, quer quebrar. A empresa começou comprando, reformando e decorando imóveis para venda estilo “plug and play”, atrelada a um fundo de investimentos. Agora, com foco em reformas, quer expandir atuação para todo o país e se tornar unicórnio até 2024, alcançando faturamento de R$ 1 bilhão.
A Si Adivisors iniciou atividade em 2019, por meio de investimentos de um fundo imobiliário europeu, para compra e venda de imóveis. A empresa comprava os imóveis com os aportes do fundo, os reformava para que se tornassem mais atrativos e valorizados na hora da venda. Com isso, investidores lucravam e os proprietários poderiam se mudar para suas novas casas no mesmo dia da aquisição, sem se preocupar com móveis ou pintura de paredes.
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Mas, após se tornar queridinha nas redes sociais, com 500 mil seguidores no Instagram, a startup decidiu investir no segmento de reformas. Se desvinculou do fundo em 2020, deixou então de comprar apartamentos e inaugurou marmorarias e marcenarias próprias.
“Não tem uma pessoa que não tenha tido problema com reforma. Mas quando a mão de obra é nossa, podemos ter controle sobre preço e prazo”, afirma Rony Susskind, CEO e sócio-fundador da empresa ao lado de Uriel Frenkel. “As marcenarias com que trabalhávamos demoravam 60 dias [para fazer a entrega]. Em nossa conseguimos fazer em 18. Desde o projeto até a montagem.”
Foi com essa estratégia que no primeiro ano desvinculada do fundo, em 2020, a Si Adivisors viu seu faturamento alcançar R$ 75 milhões. Já para 2021, a estimativa é chegar a R$ 125 milhões.
Mas os planos previstos para a startup são mais ambiciosos. Segundo Susskind, as previsões de crescimento para os próximos anos são de aproximadamente R$ 450 milhões em 2022, R$ 650 milhões em 2023 e R$ 1 bilhão em 2024. Como? Para começar, com abertura de 100 franquias espalhadas pelo país nos próximos 24 meses. Atualmente, há apenas uma unidade física da startup, em São Paulo, ao lado do Shopping Villa Lobos. A empresa trabalha com reformas na capital paulista e projetos pontuais em outros estados.
“Decidimos fazer para todos os brasileiros o que fazíamos apenas para os investidores do fundo com que trabalhávamos”, diz Susskind. A Si Adivisors passou então a entregar para os clientes desde revestimento, pintura, pisos, até móveis e decoração. “Mandamos uma pessoa para o apartamento, fazemos todas as medições, estruturamos o projeto completo, montamos em nossa marmoraria e marcenaria e entregamos o imóvel pronto para receber a mudança.”
Focados em classe média alta e apartamentos de no mínimo 100 metros quadrados. Todo o processo costuma custar de entre R$ 750 mil a R$ 1 milhão. Já para aqueles clientes que não estão interessados no serviço completo, e sim em um trabalho específico da marcenaria, o ticket médio é de R$ 200 mil. “A marcenaria e a marmoraria são o que atrai as pessoas para nossas unidades, e então, presencialmente, teremos todos os itens de decoração para oferecer”, afirma.
Com a expansão para franquias, a venda digital da Si Adivisors funciona apenas dentro das unidades físicas. Nelas, o cliente pode simular com realidade virtual como será o resultado de seu apartamento após os serviços da startup.
O investimento para se tornar franqueado da Si Adivisors será de R$ 750 mil, e a taxa de franquias de R$ 60 mil. Também serão cobrados royalties de 20% do valor de custo. O payback estimado para o investimento é de 13 meses, com venda de três reformas completas por mês, segundo o sócio. Vale ressaltar que um dos requisitos para as franquias abertas em todos os estados é trabalhar com preços tabelados pela matriz.
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A empresa conta com 70 funcionários diretos e indiretos, incluindo as áreas de marcenaria, marmoraria e digital. “Sendo sincero, demitimos. Gostamos de pagar bem, mas somos muito exigentes” Ele atribui isso à dificuldade da startup de encontrar mão de obra qualificada, mas ressalta que nunca sofreu redução de funcionários por corte de gastos.
Entre as prioridades dos sócios da Si Adivisors, a escalonabilidade está no centro do negócio. “O business de comprar e vender apartamentos era maravilhoso, mas o business de uma marcenaria própria para reforma pode ser dez vezes maior, com apenas 10% da força de trabalho”, afirma. Para ele, essa diferença é observada tanto em receita quanto em lucratividade.
Nos próximos 24 meses, Susskind prevê mais uma mudança nos negócios. Ele acredita que não serão atendidas apenas pessoas que desejam ter o “apartamento de seus sonhos”, mas também proprietários que desejam alugar móveis e enfrentam dificuldades no mercado.
“Eu não acredito mais em investimento imobiliário. Quando você compra para aumentar o valor e vender. Acho que o número de novas torres é absurdo e a renda está caindo, a taxa de juros subindo e o desemprego aumentando. Tenho convicção de que essa bolha vai estourar”, diz. “Quando estourar, as pessoas não vão conseguir vender e vão precisar da gente para deixar o apartamento pronto para ser alugado. Estimamos que 200 mil lares vão precisar deste serviço nos próximos 24 meses”, diz.
Outro desejo do fundador é negociar a reforma direto com construtoras, para montar todos os apartamentos de um condomínio novo. Susskind também relembra as conquistas. O primeiro imóvel 100% reformado pela empresa foi um apartamento de 600 metros quadrados da Fabiana Justus, filha do empresário e apresentador Roberto Justus. “É um orgulho que vou levar para a vida inteira”, afirma.
A empresa tem atualmente uma lista de 350 pedidos, com fila de espera para 2022 e não planeja investimentos pesados em marketing. “Zero necessário [investimento em marketing]. Todo nosso investimento será em fábricas”, acredita. Em 2021, até setembro, foram realizadas 75 reformas. Em 2020, o número foi de 25 em todo o ano.
Para atender a demanda, a startup comprou outras duas marcenarias neste ano. O espaço é adquirido junto com os equipamentos e o estoque. E a mão de obra é mantida.
Com os planos em mesa, Susskind já pensa em IPO. Segundo ele, a abertura de capital pode ser realizada inclusive antes de 2024. “Acredito que vai ser mais cedo do que a gente imagina.” O grande sonho é conquistar o Brasil até a data e posteriormente expandir para Estados Unidos, Israel e Europa. “Mas mesmo com abertura de capital, queremos ser sempre os acionistas majoritários”, ressalta.
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