O grupo de medicina diagnóstica Fleury divulgou hoje (3) lucro líquido de terceiro trimestre acima do esperado pelo mercado, diante do crescimento de receitas, apesar das perdas com resultado financeiro.
O Fleury teve lucro líquido de R$ 96,7 milhões entre julho e setembro, quase estável ante o mesmo período de 2021, e acima da média de estimativas de analistas compiladas pela Refinitiv, de lucro de R$ 78 milhões.
Impulsionado por uma receita bruta recorde, apesar da contínua redução na participação dos testes de Covid-19, o grupo teve Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente de R$ 332,4 milhões, patamar também recorde e 10,5% maior na base anual. Analistas, em média, esperavam R$ 306,3 milhões de Ebitda, segundo a Refinitiv.
A margem Ebitda recorrente caiu 0,2 ponto percentual em 12 meses, para 29%, mas representa forte alta ante o nível de 26,8% visto no segundo trimestre. “Dentro de um mix diferente, conseguimos proteger e preservar a margem”, disse José Antonio Filippo, diretor de finanças, destacando diluição de custos e despesas.
O crescimento de receita teve ajuda das mais de quinze aquisições realizadas pelo Fleury desde 2017, ainda que organicamente — ou seja, sem contabilizar essas operações — o grupo também tenha entregado alta, de 6,3% em termos brutos. Negócios da companhia em outras áreas para além da medicina diagnóstica também tiveram impacto positivo.
A maior dessas aquisições, porém, ainda não tem efeito no balanço. O Fleury anunciou a compra do Instituto Hermes Pardini em junho em negócio a ser pago em ações, na maior parte, e dinheiro, mas ainda aguarda aval regulatório.
Jeane Tsutsui, presidente do Fleury, observa que o quarto trimestre costuma ser impactado negativamente pelas festas do fim de ano, já que parte da população viaja, e lembra que em 2022 ainda há o efeito da Copa do Mundo.
Questionada, ela disse que os bloqueios em rodovias nos últimos dias “não tiveram impacto significativo” nos negócios da empresa.
Covid reduz, novos negócios crescem
A receita líquida do Fleury cresceu 11,5%, para R$ 1,15 bilhão, em comparação anual. Em medicina diagnóstica, principal atividade da empresa, as unidades de atendimento, como Fleury, a+ e outras marcas regionais, tiveram alta de 17,7% na receita bruta em um ano.
O crescimento mais do que compensou a contínua queda de participação de exames de Covid-19, que passaram a representar somente 1,5% do total da receita bruta do grupo (ante 17,3% no segundo trimestre de 2020), bem como o recuo na receita por exame — fruto do perfil das novas empresas adquiridas– e na receita bruta de negócios B2B (venda de serviços a empresas).
O resultado financeiro negativo mais do que dobrou em um ano, para R$ 99,4 milhões, diante do aumento dos juros e da dívida líquida por aquisições e investimentos. A alavancagem foi de 1,7 vez, elevação frente ao nível de 1,3 vez no terceiro trimestre do ano passado, mas recuo marginal ante a relação de 1,8 vez do segundo trimestre.
O Fleury ainda viu suas apostas em novos segmentos de atuação, como ortopedia, oftamologia, infusão e plataforma de saúde para teleconsultas, mostrarem em conjunto expansão de 17% na receita bruta, para R$ 101,4 milhões, na base anual.
Na linha de custos dos serviços prestados, o que inclui pessoal, ocupação e material, houve alta de 12,4%, a 811,6 milhões de reais, em especial pelo efeito das aquisições, enquanto as despesas gerais e administrativas ficaram praticamente estáveis como percentual da receita líquida.
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