Os meses de deflação estão ficando para trás. Reflexo da queda dos preços de combustíveis e alimentos, esse movimento foi visto durante três meses consecutivos, mas pode estar perto do fim. Essa sinalização, inclusive, foi vista no IPCA-15 de outubro. Considerado a prévia oficial da inflação, o indicador ficou acima das projeções e subiu 0,16%.
Com o fim da deflação, os fundos imobiliários de recebíveis (também conhecidos como “fundos de papel”) indexados à inflação podem dar adeus aos impactos negativos que foram sentidos nos últimos tempos — enquanto o IFIX sobe 6,11% no ano, o fundo REC Recebíveis (RECR11) apresenta queda de 10,61% no mesmo período.
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Maria Fernanda Violatti, analista de fundos imobiliários e fundos listados da XP Investimentos, explica que os fundos de papel passaram por maus bocados no repasse de dividendos. “Essa classe indexada à inflação sofreu juntamente com esse movimento.”
Ou seja, a deflação fez com que eles reduzissem significativamente seus repasses. E com isso, diversos investidores até migraram para os fundos de tijolos, por exemplo. “Vale lembrar que isso também abriu uma oportunidade de entrar nos fundos de papel indexados à inflação, que estavam sendo negociados com desconto”, diz Violatti.
Vitor Senra, sócio-fundador da Brio Investimentos, gestora dedicada ao mercado imobiliário, relembra que, no passado, esses FIIs (sigla para fundos imobiliários) foram beneficiados com os juros altos — já que também podem ser indexados ao CDI. O que a deflação fez, segundo o especialista, foi corrigir parte dessa jornada. “Mas quando olhamos para os próximos meses, vemos um cenário bem diferente”, afirma.
A sinalização de mudança veio do IPCA-15. Com ele, a expectativa para os fundos passou a ser ainda mais positiva. A projeção agora, inclusive, é de que o IPCA finalize 2022 com patamares pouco acima de 5% ao ano. “É importante lembrar que os títulos são indexados a IPCA+5% ou IPCA+5,5%. Ou seja, ainda distribuem rendimentos robustos na comparação com os fundos de tijolos”, acrescenta Violatti.
Em relatório, a Guide Investimentos mostrou que compartilha da mesma perspectiva otimista para esses FIIs. “Atualmente, baseado na expectativa de retorno do IPCA ao campo positivo nos próximos meses, acreditamos que o pior tenha passado para os fundos de papel”, escreveram os especialistas Fernando Siqueira e Caio Ventura.
No que é preciso prestar atenção neste momento
A inflação global também precisa ser monitorada pelos investidores de FIIs, assim como a política fiscal e monetária do Brasil. “Ambos trazem impactos importantes no comportamento dos fundos imobiliários”, analisa Senra.
Apesar dos fundos de papel apresentarem um potencial de comportamento interessante no curto prazo, também é importante focar nas eleições presidenciais, que trazem incertezas em relação a condução da economia, além de anúncios econômicos. “É preciso fazer a lição de casa, estudar os ativos dentro dos fundos e revisar o portfólio (ou preparar a entrada no mercado) de FIIs em um ponto de entrada potencialmente interessante”, acrescenta o especialista.
Montar posições também pode ser atraente para o investidor. “É melhor estar em fundos que tenham proteção em relação à inflação, mas que ao mesmo tempo consiga capturar boas oportunidades em momento de mais incerteza e volatilidade”, diz Senra.
Para Violatti, da XP Investimentos, antes de mais nada é preciso que o investidor tenha cautela. Ou seja, é necessário estar atento e fazer uma leitura correta em relação ao mercado. “Já vínhamos reforçando que a deflação era pontual. Quanto mais você presta atenção nesses detalhes, menos as notícias não se tornam uma surpresa. Surpresa essa que pode comprometer os ganhos.”
Para a especialista, é importante aprender a fazer a leitura correta, a fim de entender o que é pontual e o que é algo realmente preocupante a médio e longo prazo.
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