Os desafios da creator economy, segundo o CEO da Black Influence

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Ricardo Silvestre: “A creator economy é muito promissora, mas também relativamente nova no Brasil quando comparamos com outros negócios”

A economia da influência, também chamada creator economy, movimentará, até o fim de 2022, cerca de R$ 79 bilhões, de acordo com dados da Business Insider. Um contexto que traz grande desafios sobre a maturidade e a capacidade de inovação deste ecossistema. Escolhido recentemente como um dos negros mais influentes do mundo pelo Most Influential People of African Descent, Ricardo Silvestre é CEO da Black Influence e, nos últimos anos, vem atuando com empresas para levar mais diversidade e inclusão nas ações com influenciadores. Segundo Ricardo, mesmo com todo seu potencial, a economia da influência está só no início considerando o contexto do Brasil.

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Em três anos de atuação, a Black Influence já realizou mais de 500 projetos com 190 clientes, entre marcas e agências. “Já trabalhamos com mais de 600 influenciadores, sobretudo pretos e de outros recortes, sempre respeitando a premissa da diversidade. Fechamos 2021 com faturamento superior a R$ 5 milhões. Atualmente, possuímos um casting exclusivo de aproximadamente 40 perfis com alcance orgânico de mais de 10 milhões de pessoas, além de conseguirmos mapear perfis ao redor do mundo, a depender da necessidade dos clientes”, explica Ricardo.

Forbes Brasil – Muito se fala da creator economy como algo cada vez mais próximo, mas no dia a dia da influência brasileira qual o contexto?
Ricardo Silvestre – A creator economy é muito promissora, mas também relativamente nova no Brasil quando comparamos com outros negócios. Por isso, para evoluirmos ainda mais, até para conseguirmos explorar tudo o que ela tem a nos oferecer, precisamos nos debruçar para entender as características e especificidades desse mercado, que ainda não nos fornece muitos dados, a não ser os globais. Percebo que o criador de conteúdo brasileiro, muitas vezes, tem certa dificuldade de monetização e capitalização de seu poder de influência. O Brasil é destaque no mundo quando falamos em consumo de mídias sociais e isso nos traz muitas oportunidades. Ou seja, a creator economy se aproxima cada vez mais e temos um mercado cheio de possibilidades, porém, um dos grandes desafios é com a compreensão do valor sobre o que eles produzem, além da profissionalização do trabalho.

FB – Quais as oportunidades existentes e em especial para os influenciadores negros?
Ricardo – A creator economy traz muitas oportunidades para quem atua nela. No caso dos criadores de conteúdo, a maior delas é a possibilidade de monetização em diversos formatos e plataformas. Porém, quando fazemos um recorte racial, temos também um desafio, uma vez que creators negros ganham menos do que não-negros, conforme mostra um estudo que a Black Influence desenvolveu de forma inédita no Brasil com alguns parceiros. Em uma única campanha, a disparidade pode chegar a até 50%. Minha atuação é principalmente para mudarmos esse cenário efetivamente.

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FB- Considerando o seu trabalho como consultor, quais têm sido as principais demandas das empresas?
Ricardo – As principais demandas estão relacionadas à contratação de criadores de conteúdo negros ou dentro de outros recortes de diversidade, além da preocupação por terem perfis que representem de forma genuína as marcas. Oferecemos. inclusive, uma consultoria mais ampla, que tem como objetivo gerar a sensibilização dos tomadores de decisão nas marcas sobre esse tema, e também sobre a necessidade de contratação de perfis negros o ano todo – não apenas em novembro, mês da consciência negra. No nosso escopo, trabalhamos também com letramentos raciais com foco nos públicos internos, para que as comunicações sejam feitas de forma genuína, do início ao fim e de dentro para fora.

FB – Ainda existe dinheiro na mesa para influenciadores ou em algum momento estivemos próximos de uma bolha?
Ricardo – Existe muito dinheiro na mesa. O marketing de influência movimentará até o fim de 2022, cerca de R$ 79 bilhões, valor superior ao investimento do ano passado. Isso quer dizer que as marcas estão entendendo cada vez mais o valor desse negócio e no paralelo obtendo bons resultados. A tendência é que haja cada vez mais verbas específicas para influência dentro dos planos de comunicação. Acredito que há um tempo estivemos próximos de uma bolha, porque no Brasil poucas pessoas exploravam de fato o segmento. Hoje, seguindo o caminho inverso, estamos furando essas bolhas e expandindo cada vez mais os horizontes para o futuro, que necessariamente passa pela influência.

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