O Brasil deve registrar neste ano, de acordo com as estimativas do INCA (Instituto Nacional de Câncer), quase 67 mil novos casos de câncer de mama, uma doença que, historicamente, atinge mais mulheres a partir dos 50 anos. Infelizmente, a faixa etária de diagnóstico vem caindo, tanto que as sociedades médicas já recomendam o início da mamografia de rastreamento aos 40 anos, para garantia da descoberta mais precoce da doença.
Da mesma forma, a incidência de tumores de mama em mulheres com menos de 35 anos, que até pouco tempo ficava em torno de apenas 2% dos casos, já está entre 4% e 5% das pacientes diagnosticadas, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia.
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Os pesquisadores levantam algumas teorias para esta queda da faixa etária dos diagnósticos, como as alterações no estilo de vida, inserção no mercado de trabalho, gestações tardias, menor número de filhos.
A atenção à alimentação saudável, ao consumo de álcool e à prática de exercícios físicos também entra nesta lista. Estudos sugerem que a chamada dieta inflamatória – com a ingestão em excesso de carne vermelha, refrigerantes, carboidratos e doces – pode aumentar o risco de câncer de mama em mulheres jovens.
Apesar destes fatores, em mulheres mais jovens há um alto risco de histórico familiar associado. Isso pode significar um tipo de tratamento diferente para elas. Precisamos estar atentos à possibilidade de tumores mais agressivos, que exigem estratégias diferenciadas.
Por isso, não devemos nunca subvalorizar as queixas das mulheres jovens. Porque não são raros os relatos de pacientes que demoraram para ter seu diagnóstico “por serem consideradas muito jovens para câncer de mama”.
Às nossas leitoras, de todas as idades, deixo aqui a indicação de atenção às mamas. Caso percebam qualquer alteração, não hesite em procurar orientação médica. Para mulheres com histórico familiar de câncer de mama, deve ser sempre avaliada uma estratégia que garanta diagnóstico precoce. E, para todas, a partir da idade indicada, seja antes dos 40 anos para quem tem alto risco, ou depois desta idade, a mamografia anual. Como costumo dizer: quem procura, acha. Quem acha, cura!
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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