Por ser o primeiro modelo com teto removível equipado com motor V6 turbo, a 296 GTS é um marco nos 75 anos da Ferrari. Mais: dotado de propulsor elétrico, revela como serão os supercarros do futuro. Entusiastas que torciam o nariz para qualquer coisa movida a eletricidade terão que rever seus conceitos.
A 296 GTS, um Gran Turismo Spider, empresta a base da 296 GTB, um Gran Turismo Berlinetta. O nome vem da cilindrada (2.992 cm3) e da quantidade de cilindros. Nesses novos híbridos da Ferrari, o Manettino – famoso seletor giratório dos modos de condução introduzido em 2004 na F430 – agora tem a companhia do eManettino, onde se opta pelos modos eDrive (100% elétrico), Hybrid (o modo padrão, que combina os dois motores), Performance (motor a gasolina sempre ligado e ajudando a manter a eficiência da bateria) e Qualify, que fornece desempenho máximo, mas ao custo de a bateria se esvair mais rapidamente.
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Individualmente, o motor elétrico gera 167 cv, enquanto o a gasolina rende 663 cv. Juntos, somam 830 cv e 75,5 kgfm de torque. Propulsores e câmbio (de dupla embreagem e oito marchas) vão montados entre as coisas do motorista e o eixo traseiro – daí esta Ferrari ser uma “mid-engined”.
Forbes Brasil foi a primeira publicação nacional a testar o esportivo. O test-drive de 600 quilômetros pelas bem pavimentadas ruas e estradas italianas começou no modo elétrico, selecionado no eManettino. Mesmo os habitantes da pacata Fiorano Modenese, certamente acostumados com os carros da marca automotiva mais famosa do mundo, estranham aquele modelo. Talvez pela ausência do típico ronco encorpado que sai do escapamento.
Flainando pelas ruas tranquilas da cidade, a 296 GTS parece um carro dócio. A cabine apresenta um acabamento impecável, um painel de instrumentos digital atraente, profuso e cristalino, e uma oferta suficiente de espaço longitudinal e lateral; sem dúvida um ambiente que sintetiza como deve ser um automóvel de luxo.
Dirige-se bem rente ao chão, o que não surpreende quando se trata de uma Ferrari. Tudo está voltado para o motorista, até mesmo o peculiar ajuste do ar-condicionado. O sistema multimídia se concentra no painel, comandado por uma membrana sensível ao toque instalada no volante – e que pede refinamentos para as próximas gerações.
Depois de 25 quilômetros, a bateria de 7,45 kWh estava vazia. Incomum nos híbridos atuais, a restrita autonomia se justifica pelo papel do conjunto elétrico nesse esportivo. “Não há pretensões ambientais aqui. Bateria e motor elétrico existem simplesmente para aumento de potência”, explica Raffaele de Simone, o engenheiro e piloto responsável pelo desenvolvimento dos modelos de rua da fabricante italiana.
Quase deixando a cidade para trás, o V6 biturbo de 3 litros e 663 cv finalmente aparece. A Ferrari diz que, internamente, ele ganhou o apelido “piccolo V12” (pequeno V12), em alusão ao ronco estridente típico dos seus propulsores de 12 cilindros. Isso graças a alguns truques mecânicos e, principalmente, à instalação de um tubo que vai do escapamento até a cabine para transportar o som.
Mesmo sem contar naquele momento com a força extra do motor elétrico, a 296 GTS é estupidamente rápida. As trocas de marchas são quase instantâneas e não deixam o motor perder fôlego. Dados da Ferrari indicam 0 a 100 km/h em 2,9 segundos e velocidade máxima de 330 km/h, dos quais é impossível duvidar após uma tarde ao volante.
Uma estrada vigiada por radares que medem a média da velocidade serviu para recarregar a bateria, ao menos parcialmente. Com o eManettino posicionado no modo híbrido, as forças se unem e o que se tem nas mãos é um carro assustadoramente rápido. O juízo impede que os controles de tração e estabilidade sejam desligados, mas mesmo assim as rodas traseiras patinam a cada investida mais violenta no acelerador.
Quanto à direção, é tão rápida e direta que você pensa: “acho que até as lanternas, as costuras dos bancos, os retrovisores e a tampa do porta-luvas estão se esforçando para virar o carro exatamente para onde eu quero”.
De Simone explica que a proeza não foi alcançada penas afiando o sistema de direção, mas também fazendo da 296 GTS um carro de entre-eixos curto, com apenas 2,6 metros entre as rodas dianteiras e as traseiras. No total, são 4.565 mm de comprimento, 1.958 mm de largura e 1.191 mm de altura.
A 296 GTS deve desembarcar no Brasil ainda no primeiro trimestre do próximo ano, quando então terá seu preço definido. Para se ter uma ideia, a 296 GTB parte de R$ 4,7 milhões por aqui – um “spider” pode custar até R$ 500 mil a mais.
E quantas unidades serão destinadas ao mercado nacional? “Sempre uma a menos do que a demanda”, tergiversa Emmanuelle Carando, responsável pelo Marketing da Ferrari.
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