Banco Central melhora projeção de alta do PIB neste ano a 2,7%

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REUTERS/Adriano Machado

Prédio do Banco Central, em Brasília.

O Banco Central (BC) melhorou sua projeção para o crescimento econômico em 2022 a 2,7%, ante estimativa de 1,7% feita em junho, conforme Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira (29), esperando ainda uma desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto) em 2023 para uma alta de 1,0%.

No documento, a autoridade monetária apontou um cenário mais positivo para a inflação neste ano, mas piorou projeções para 2023, com aumento do risco de rompimento do teto da meta no ano que vem.

Assim como o BC, o Ministério da Economia também prevê expansão de 2,7% para o PIB este ano, mas é bem mais otimista para 2023, enxergando uma alta de 2,5%. O mercado, segundo a pesquisa Focus mais recente, estima que a economia crescerá 2,67% em 2022 e 0,5% no ano que vem.

De acordo com o relatório, dados sobre a atividade no país divulgados desde junho mostraram um crescimento mais expressivo do que se projetava.

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“A surpresa no crescimento do segundo trimestre, os resultados iniciais do terceiro e estímulos não contemplados no relatório anterior -notadamente o aumento do valor do benefício do Auxílio Brasil e o arrefecimento da inflação, resultante, em grande medida, da redução de tributos sobre combustíveis, energia e serviços de comunicação- são os principais fatores para a revisão”, disse.

O documento também menciona o dinamismo no mercado de trabalho, com forte recuo da taxa de desocupação, criação disseminada de empregos formais, além de crescimento dos rendimentos dos trabalhadores -embora ainda em patamares inferiores aos observados antes da pandemia de Covid-19.

“Prospectivamente, o arrefecimento esperado da atividade econômica pode moderar a expansão do emprego e dos salários”, afirmou.

Segundo a autoridade monetária, que tem afirmado que o ciclo de aperto monetário provocará desaceleração neste semestre, as medidas de estímulo implementadas pelo governo indicam nova expansão do PIB no terceiro trimestre, mas em magnitude menor do que a observada no período anterior.

Para 2023, o crescimento menor seria explicado pela influência da esperada desaceleração global e dos impactos cumulativos da política monetária no Brasil, disse no documento.

INFLAÇÃO

Em relação à inflação, o BC afirmou que os dados tiveram recuo relevante desde o último relatório, ressaltando que o IPCA no trimestre encerrado em agosto foi negativo e se revelou 2,37 ponto percentual mais baixo do que o antecipado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em seu cenário de referência de junho.

“O índice de preços ao consumidor recuou especialmente devido às medidas tributárias recentemente adotadas”, disse. “Por outro lado, a inflação de serviços permanece resistente, em meio a resultados surpreendentemente positivos da atividade econômica e do mercado de trabalho.”

Para este ano, o BC disse que a probabilidade de a inflação ficar acima do limite superior da meta caiu de quase 100% para cerca de 93%. Em 2023, porém, a autarquia afirmou que a probabilidade de estouro subiu de 29% para 46%, citando elevação das projeções de mercado, “possivelmente refletindo uma persistência da inflação de serviços”.

A autoridade monetária ressaltou que seu cenário de referência considera o retorno da tributação federal sobre combustíveis em 2023, após desoneração implementada neste ano. No entanto, o governo já prometeu que manterá esse corte tributário e incluiu a medida na proposta de Orçamento do ano que vem –a iniciativa ainda precisa ser aprovada no Congresso.

As atuais projeções do Copom para o IPCA estão em 5,8% para 2022, 4,6% para 2023 e 2,8% para 2024. As metas estabelecidas para o período são de 3,50% em 2022, 3,25% em 2023 e 3,00% em 2024 –todas com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

O BC também reiterou mensagem da última reunião do Copom de que se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa Selic por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação.

Atualmente, a taxa básica de juros está em 13,75% ao ano, após o BC ter decidido interromper o ciclo de aperto monetário.

No relatório, a autarquia afirmou que a transmissão da política monetária para as taxas de juros de novos empréstimos costuma ser rápida e, no aperto implementado até agora, está ocorrendo em linha com o padrão histórico.

“O atual ciclo de aperto monetário tem se refletido em maiores taxas de juros no crédito para famílias e empresas”, disse.

Em relação ao quadro fiscal, o BC disse que os dados vêm surpreendendo positivamente, ressaltando que os resultados melhoraram mesmo com os cortes tributários e o gasto adicional do governo de 41 bilhões de reais neste ano para ampliar programas sociais.

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