As algas representam um recurso amplamente inexplorado que pode ser usado para produzir alimentos, rações e produtos farmacêuticos, entre outros produtos. Apesar dos muitos benefícios das algas marinhas, seu consumo e produção na Europa ainda são lentos.
Durante a conferência “EIT Future of Food”, em junho de 2022, Virginijus Sinkevičius, comissário europeu para o ambiente, oceanos e pescas, e um dos sete membros do Grupo de Comissários sobre o Pacto Ecológico Europeu, destacou o interesse da UE (União Europeia) em elevar este setor nos estados membros, criando uma iniciativa para melhorar a cooperação entre os produtores, vendedores e desenvolvedores de tecnologia de algas no continente.
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O interesse por este mercado atingiu o pico em 2017, quando os benefícios da spirulina para a saúde, o pó verde de algas para adicionar a bebidas e shakes, foram descobertos e se tornaram uma tendência. Nos últimos anos, esse interesse diminuiu, e o foco mudou para produtos proteicos alternativos à base de leguminosas ou nozes, como soja, amêndoas e grão de bico. No entanto, as algas e as algas marinhas estão reaparecendo lentamente nos menus dos restaurantes ou como ingrediente em produtos à base de cereais, como as massas, para aumentar o seu valor proteico.
De acordo com o mais recente relatório publicado pela Allied Market Research, estima-se que o mercado de proteínas de algas marinhas atinja US$ 1,51 bilhão (R$ 7,8 bilhões) até 2030, com uma taxa de crescimento anual composta de 11,6% de 2022 a 2030. O site Protein Directory, um agregador de empresas de proteínas alternativas e startups, lista mais de 100 empresas em todo o mundo que estão atualmente desenvolvendo produtos de algas e algas marinhas.
Na Europa, as empresas envolvidas na cadeia de valor das algas, abrangendo macroalgas, microalgas e a cianobactéria spirulina, empregam pelo menos 8.600 funcionários. Um mapa da produção de macroalgas em todo o continente europeu mostra uma clara predominância de fazendas de algas no Reino Unido, Noruega e França, enquanto alguns produtores são encontrados até na Áustria, um dos poucos países europeus sem acesso ao mar.
Há apenas uma década, um empresário holandês iniciou seu negócio em uma bicicleta de carga, comercializando habilmente seus produtos, como um hambúrguer de ‘erva’. Na época, ele pegou carona na conhecida política aberta de drogas do país para o consumo de maconha [embora as algas não sejam consideradas drogas]. O produto da empresa Dutch Weed Burger era um hambúrguer à base de plantas, enriquecido com algas marinhas e, dez anos depois, seu mercado se estende até para lanches de peixe vegano para crianças.
As algas marinhas continuam sendo uma solução muito escalável para a crise climática, pois fornecem serviços ecossistêmicos, como a absorção de nutrientes em excesso e menor pegada ambiental nos produtos da aquicultura. As fazendas de algas marinhas liberam carbono que pode ser enterrado em sedimentos ou exportado para o fundo do mar, atuando como um sumidouro de carbono. Além disso, como as terras agrícolas permanecem limitadas, o cultivo de culturas marinhas nos oceanos e a aquicultura de algas marinhas estão se tornando o componente de crescimento mais rápido da produção global de alimentos.
*Daniela de Lorenzo é colaboradora da Forbes EUA, jornalista freelancer e fotojornalista para veículos como Wired, Deutsche Welle, Al Jazeera, VICE Media e outros.
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