Brasil será sede do congresso sul-americano da raça simental em 2023

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Raça simental criada na Áustria, casa do congresso mundial, é para carne e leite

O Brasil vai sediar o Congresso das Américas da Raça Simental, marcado para dezembro de 2023. A confirmação ocorreu durante o Congresso Mundial da Raça Simental, que terminou na quinta-feira (8), em Viena, na Áustria, depois de 10 dias de atividades. O congresso reuniu representantes de 32 países. “Tivemos o apoio de outros países das Américas, como México e Colômbia”, diz Mário Aguiar Neto, criador da raça que faz parte do conselho da associação brasileira. “Já definimos que será em Avaré (SP), uma data importante porque marca os 60 anos da associação do simental no Brasil.”

Desde a sua fundação, já foram registrados no Brasil cerca de 400 mil bovinos de raça pura e seus cruzamentos que podem ser registrados (simbrasil,  simangus e simlandês). No caso, respectivamente, cruzados com zebu, angus e holandês. Na exposição nacional do ano passado participaram 500 animais de nove estados (PB, BA, MG, GO, DF, SP, ES, PR, SC e RS).

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A Áustria, embora seja um país pequeno de pouco mais de 83 mil km2, é importante pelo trabalho genético que faz com a raça simental, que é de origem suíça. O país tem 1,4 milhão de bovinos da raça, volume que representa a maior percentagem de gado simental (fleckvieh, no termo original) do mundo, com cerca de 80%.

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Mário Aguiar Neto, diz que países podem trocar muitas experiências

Só para comparação, o território brasileiro equivale a 102 Áustrias, com um rebanho superior a 200 milhões de animais. Justamente por isso, o Brasil é visto como um parceiro dos sonhos. “Com a seleção genômica, temos à nossa disposição uma ferramenta moderna para a pecuária. Por meio de programas de co-criação, o progresso genético é a consequência lógica”, diz Sebastian Auernig, presidente da associação austríaca e do congresso mundial. “Temos uma ótima oportunidade para manter a criação de alta qualidade nas mãos dos criadores no futuro, capazes de implementar uma estratégia global de reprodução. Isso só é possível com um trabalho sistemático de reprodução e do uso de técnicas modernas associadas.”

Auernig se refere ao desafio global da pecuária em mostrar formas sustentáveis de produção de carne e leite, mitigando e reduzindo os impactos climáticos. A Holanda, por exemplo, tem intensificado o uso de reprodutores simental em vacas holstein-Frísia, popularmente conhecidas como gado holandês, em busca de animais para produção de carne. Machos e as fêmeas menos produtivas em leite, ou que são retiradas da produção, vão para a engorda em busca de rendimento de carcaça.

O congresso, que ocorre a cada dois anos, contou com uma parte de discussões temáticas e um tour por fazendas e empresas de genética. Aguiar Neto diz que já participou de cerca de 10 congressos mundiais, em países como Estados Unidos, Polônia, Colômbia, México e Irlanda. Na Áustria, ele esteve há cerca de duas décadas visitando plantéis. “Vi uma evolução muito grande. É verdade que eles têm um tipo de gado muito diferente do nosso, e de sistemas de criações muito distintos, com gado de dupla aptidão em estábulos, com altíssima produção leiteira”, diz Aguiar Neto. “Nós temos criação separada, de gado para carne a pasto, e para leite a pasto.”

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Exposições mundial sempre recebem muito países, na Áustria foram 32

Na Áustria, há 14,2 mil fazendas de criação de simental registrados em livros genealógicos, onde estão 310 mil vacas reprodutoras.  No ano passado, desse total, 273 mil foram para produção de leite e fizeram uma média de  7.742 kg de leite por lactação, com 4,17% de gordura e 3,44% de proteína, o que corresponde a leite de ótima qualidade.

Para o criador, que tem simental no Brasil com foco na produção de carne, o trabalho de genética de dupla aptidão, vinda de uma pecuária intensiva e de uso de pequenos espaços, mostra a necessidade de ter fazendas produtivas. “Os congressos são excelentes para a gente trocar informações”, afirma Aguiar Neto, um dos palestrantes que mostraram como tem sido a adaptação genética do simental no Brasil, raça que mira o nelore para os chamados cruzamentos industriais com o principal mercado.

“Estamos negociando a venda de embriões para a Costa Rica. Os criadores do Peru se interessaram pelo nosso trabalho e os da Colômbia, que já nos conhecia, tem nos procurado. Temos um simental muito adaptado ao clima tropical.” O dono da marca Simental do Mamado (apelido de Aguiar Neto), que é pecuarista em Avaré desde 1987 e criador de simental para seleção genética desde 20004, vai promover seu primeiro leilão próprio no início de outubro.

Na Áustria, os congressistas visitaram várias fazendas na região norte do país, em áreas de pastagem no verão, além de centrais de genética e as instalações de exportação de animais, a FIH (Fleckvieh de Innviertel e Hausruckviertel), que pertence à associação de criadores do país. “Visitamos uma das maiores fazendas da Áustria, com cerca de 360 fêmeas, mais 180 entre novilhas e vacas prenhes, estabuladas 100% do tempo, com produção média de 9.000 kg de leite”, diz Aguiar Neto. “Mais que produção, o que vimos foram animais saudáveis e muito produtivos.” Para ele, uma escola a ser replicada.

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