Vibradores chiques, lubrificadores veganos e outros sex toys discretos e com design sofisticado fizeram as empreendedoras mineiras Izabela Starling e Heloisa Etelvina, fundadoras da sextech pantynova, faturarem R$ 12 milhões no ano passado. Para este ano, elas esperam aumentar esse número em 20%.
Elas são duas das brasileiras que se destacam no mercado de sextechs, de olho numa indústria bilionária e com potencial de crescimento. O mercado de sexual wellness – que significa “bem-estar sexual” e vai muito além de sexo – foi avaliado em US$ 80,1 bilhões (R$ 405,3 bilhões) em 2021, e deve chegar a US$ 121,6 bilhões (R$ 615,4 bilhões) em 2030, segundo levantamento da empresa de pesquisa e consultoria global Acumen Research and Consulting.
Por trás das empresas mais relevantes do setor, segundo Chris Marcello, fundadora da Sophie Sexual Feelings, estão mulheres que transformaram suas dores em propósito e, com isso, conseguem se aproximar das consumidoras. “O segmento de sexual wellness é um mercado de mulheres para mulheres”, diz ela.
Esse protagonismo feminino é necessário, de acordo com a fundadora da marca de sexual care Climaxxx, Larissa Ely. “Uma vez que somos as principais consumidoras desse mercado e a maior parte dos produtos é desenhada pensando no público feminino.”
As startups de sexo combinam tecnologia e inovação em produtos com fórmulas naturais, além de marcar presença ativa nas redes sociais trazendo informação e despertando conversas para naturalizar o tema.
Conheça 10 mulheres que estão liderando essa indústria no Brasil e unindo prazer e tecnologia.
Marília Ponte e Marina Ratton, da Feel e Lilit
Em 2020, Marina Ratton e Marília Ponte fundaram as sextechs Feel e Lilit, respectivamente, com produtos com fórmulas naturais e pensados com e para as consumidoras. Em junho deste ano, elas decidiram unir as empresas, em uma estratégia para ampliar o alcance e aproveitar o mercado. “Percebemos uma sinergia muito forte não apenas de público, mas de valores entre as duas marcas”, diz a fundadora da Feel e hoje CEO da Feel e Lilit, Marina Ratton.
As marcas têm crescimento médio de 20% da receita ao mês e, juntas, já faturam mais de R$ 1,5 milhão com a venda de produtos de bem-estar íntimo feminino. “Feel e Lilit foram criadas a partir das nossas experiências e questionamentos pessoais, com a colaboração intensa de uma comunidade real de mulheres.”
A Feel desenvolve produtos naturais e veganos para a região íntima da mulher e tem uma linha com lubrificantes, sabonetes e óleos hidratantes. Em 2021, passou por sua primeira rodada de investimentos, liderada pelo grupo de investidoras-anjo Sororitê, além de fazer parte da primeira turma de aceleração da Boticário, a GB Ventures.
E a Lilit faturou R$ 1,7 milhão apenas com a venda de um produto, o Bullet Lilit, o primeiro vibrador desenvolvido a partir de pesquisas e conversas com usuárias e especialistas, com o objetivo de ser discreto e ajudar as mulheres a descobrir o prazer. A empresa incentivou parceiras como Magazine Luiza, Amaro e Holistix a abrir um espaço para comercializar produtos de bem-estar sexual e ganhou o prêmio de destaque de um programa de aceleração da B2Mamy.
Izabela Starling e Heloisa Etelvina, da pantynova
As mineiras Izabela Starling e Heloisa Etelvina são exemplo disso. Elas transformaram suas dores pessoais em negócio e fundaram a pantynova em 2016. À época, elas eram um casal e, ao buscar produtos sexuais, encontravam má qualidade e hiperssexualização de mulheres. Ao lado do sócio Derek Derzevic, se debruçaram no mercado de sextechs, percebendo que o problema não era somente delas.
E os números comprovam isso: hoje, a marca tem produtos próprios, incluindo 15 vibradores e uma linha de lubrificantes veganos, comprados por 103 mil clientes. A empresa participou do Scale-Up Consumer Goods da Endeavor; em 2021, teve faturamento de R$ 12 milhões e espera crescer 20% este ano. “Estamos nos preparando para rodadas de investimento e com capital pretendemos dobrar nosso faturamento até 2024”, diz Izabela.
Chiara Luzzati, da Lubs
A Forbes Under 30 Chiara Luzzati fundou a Lubs em 2020, em meio à pandemia, ao perceber um potencial no mercado de bem-estar sexual e a possibilidade de naturalizar os diálogos sobre sexualidade. “Até então, era muito difícil encontrar no Brasil produtos de qualidade, com ingredientes naturais, embalagens sofisticadas e uma comunicação mais ampla, sem ser apelativa”, diz ela.
O diferencial, segundo ela, é a tecnologia, as fórmulas sustentáveis e as embalagens 100% recicláveis, tudo o que ela sentia falta nas marcas que já conhecia. Hoje, a Lubs tem 12 unidades de manutenção de estoque, e um portfólio com produtos sem gênero, veganos, livres de teste em animais, sulfatos, parabenos e petrolatos. A marca cresce, em média, 15% ao mês e teve crescimento acumulado de 250% de janeiro a julho de 2022. Dos R$ 5 milhões de faturamento esperados para este ano, já chegaram a aproximadamente R$ 3 milhões.
Chris Marcello, da Sophie Sexual Feelings
CEO e fundadora da Sophie Sexual Feelings, Chris Marcello foi executiva de marketing e trabalhou por 30 anos em grandes empresas como Avon, Tupperware, Grupo Boticário e Jequiti. Quando decidiu empreender nessa indústria, teve resistência da família, mas a empresa nasceu em 2017 e hoje está presente nas lojas da marca de moda íntima Loungerie e nas varejistas Época Cosméticos, Amaro, Beleza na Web, Glambox e em mais de 250 boutiques sensuais.
Em 2020, durante a pandemia, teve crescimento de 70% no faturamento e 55% em 2022 até o momento. “As principais empresas do segmento foram e estão sendo construídas por mulheres que transformaram suas dores em propósito e se tornaram relevantes por tocarem diretamente seus consumidores”, diz Chris. Em junho deste ano, a Sophie recebeu um investimento de mais de R$1 milhão com a entrada dos novos sócios no estilo smart money – investimento feito por profissionais com grande experiência no mercado.
Marcela Mc Gowan e Giovanna Ricci, da Ludix
Em 2020, depois de sair do BBB, a médica ginecologista Marcela Mc Gowan fundou a marca de sexual care Ludix, ao lado da jornalista Giovanna Ricci. A formação em sexualidade incentivou Marcela a empreender no ramo, mas mais do que vender produtos, ela queria passar informação às mulheres e trabalhar pela construção de uma sexualidade feminina positiva. “Dedicar minha vida a trabalhar com mulheres me fez entender a lacuna que existe na sexualidade feminina”, diz ela.
Em menos de 30 dias, a empresa pagou por todos os investimentos que havia feito e, até o momento, acumula faturamento que ultrapassa R$ 500 mil. A empresa projeta um crescimento que inclui a abertura de um espaço físico, venda no atacado, programa de revendedoras e outros produtos.
Marcela Büll e Larissa Ely, da Climaxxx
“Quando a gente chegou, tudo era mato”, diz Larissa Ely, que apostou no mercado de sextechs e fundou a Climaxxx aos 22 anos. A marca nasceu em 2016, quando, segundo ela, pouco se falava sobre prazer feminino. “Vi uma oportunidade e a grande necessidade de as mulheres assumirem esse protagonismo”, diz a empreendedora, que também é designer e produtora cultural.
Mais tarde, a atriz e também produtora cultural Marcela Büll entrou como sócia. A Climaxxx demorou três anos para ter caixa próprio e, enquanto isso, as sócias ainda tocavam a marca como um projeto paralelo. “Nunca tivemos investimento de terceiros e tudo que crescemos nesse período – de 2019 até hoje – foi reinvestindo o próprio capital da empresa.” A marca saiu de um faturamento de R$ 160 mil em 2019 para R$ 800 mil em 2020 e R$ 1,9 milhão em 2021.
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