“Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade” é uma frase da propaganda, frequentemente atribuída ao nazismo. Atualmente temos ouvido ruídos sobre o setor do agronegócio que não condizem com a verdade. Diante disso, ouso dizer que temos um inimigo em comum: a ignorância. Temos que passar por cima das nossas diferenças para defender os fatos, dados e números. A opinião pública não pode ser manipulada e distraída das reais intenções. Com um olhar atento e pensamento crítico, as críticas ao setor do agronegócio não se sustentam.
O Brasil tem uma vocação natural para produzir, possuímos terras férteis, água e insolação, podemos ignorar esta vocação ou nos tornar curiosos a respeito dela, entendendo como uma vantagem o destaque mundial do nosso país na produção de alimentos aliada a preservação do meio ambiente.
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A vida é o período de tempo que decorre desde o nascimento até à morte. Neste sentido, agro é vida, pois através do agro obtemos alimentos, fibras e energia. A cadeia produtiva do agronegócio, gera milhões de empregos, atende as demandas de alimentos no mercado interno e através das exportações, injeta bilhões de dólares na economia do Brasil equilibrando a balança comercial, assumindo o protagonismo como o setor mais eficiente e bem-sucedido da economia do país. O setor é estratificado e multifacetado, enfrenta muitos desafios, entretanto vale ressaltar os excelentes resultados.
De acordo com o CEPEA/USP, o setor do agronegócio emprega 20% da força de trabalho brasileira, somando 18,74 milhões de pessoas em 2022, aumento de 1 milhão de pessoas, quando comparado ao mesmo período de 2021. O setor remunera melhor que a média nacional e atualmente busca mão de obra capacitada. Agro é emprego, renda e oportunidades.
O PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio brasileiro alcançou participação de 27,4% no PIB nacional, segundo o Cepea. O PIB total do nosso país foi de R$ 8,7 trilhões em 2021, sendo a participação do agronegócio equivalente a R$ 2,38 trilhões, praticamente ⅓ de tudo produzido pelo Brasil, está relacionado ao agronegócio. O agro equilibra nossa balança comercial.
25% de toda área preservada no país encontra-se dentro de propriedades rurais, sendo preservada por produtores. A preservação vem antes da produção, sem as reservas averbadas, não é possível obter financiamento, vender a produção ou mesmo fazer o registro da propriedade. Nossa lei ambiental, o Código Florestal requer a conservação de florestas nativas e a proteção de nascentes e margens de rios nas propriedades privadas. Nossa cobertura florestal nativa chega a 66,3% do nosso território. Segundo um estudo recém lançado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o Brasil vem aumentando a produtividade agropecuária, decorrente da melhoria dos índices de eficiência técnica produtiva no setor, e se destaca como líder e protagonista na economia de baixo carbono. Agro é preservação do meio ambiente e economia de baixo carbono.
O setor tem se reinventado, ouvimos cada vez mais falar de iniciativas como ILP (Integração Lavoura Pecuária), ILPF (Integração Lavoura Pecuária Floresta), agricultura regenerativa, orgânica e bioinsumos. O agro tem buscado a diminuição dos custos na produção de alimentos e fibras, enquanto se aproxima da produção sustentável, visando encontrar um equilíbrio entre estas duas variáveis: custo e produção sustentável. Nesta busca, a tecnologia dos bioinsumos para controlar pestes, doenças e aumentar a produtividade, vem crescendo a passos largos no Brasil, que já é líder mundial na utilização de biológicos. Agro é pesquisa e tecnologia.
Desafios do setor são combater o desmatamento ilegal, fazer a tecnologia chegar ao produtor menos tecnificado, tirar os produtores, principalmente os pequenos produtores da ilegalidade, oferecendo regularização fundiária, financiamentos e abertura de mercado para seus produtos.
Em suma, o Agro é vida, emprego, renda, oportunidades, economia, preservação, baixo carbono, pesquisa e tecnologia!
Compreender que a repetição faz um fato parecer mais verdadeiro, independentemente de ser ou não, pode nos ajudar a evitar cair em fake news. O fato é que não veremos em vida, outro país atingir o patamar de sustentabilidade que temos hoje na nossa agropecuária, isto é motivo de orgulho! Nossas diferenças tem que ser esquecidas, somos contra a fraude, a injustiça e a não verdade. Independente da sua ocupação, formação, classe social, temos que defender nosso país, ressaltando o que temos de bom, enquanto cobramos o que poderia ser melhorado.
*Helen Jacintho é engenheira de alimentos por formação e trabalha há mais de 15 anos na Fazenda Continental, na Fazenda Regalito e no setor de seleção genética na Brahmânia Continental. Fez Business for Entrepreneurs na Universidade do Colorado e é juíza de morfologia pela ABCZ. Também estudou marketing e carreira no agronegócio.
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