Uma série de estudos descobriu que os espectadores do YouTube que foram apresentados a vídeos curtos sobre desinformação com a intenção de “vaciná-los” contra conteúdo prejudicial de mídia social foram mais propensos a reconhecer informações não confiáveis e menos propensos a compartilhá-las com outras pessoas. Pesquisadores afirmam que tais descobertas podem ajudar a combater a desinformação online e a disseminação das fake news.
Uma equipe de pesquisadores liderada pela Universidade de Cambridge, pela Universidade de Bristol e Beth Goldberg, chefe de desenvolvimento e pesquisa da Jigsaw, criou cinco vídeos de 90 segundos para “blindar” os participantes do estudo contra desinformação ao ensinar às pessoas quais sinais de alerta devem ser observados com base no que os psicólogos chamam de “teoria da inoculação”, ou a crença de que, se receber uma microdose de desinformação cedo, as pessoas serão menos suscetíveis a ela no futuro.
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O estudo revisado por pares foi financiado pelo Google Jigsaw, um braço da Alphabet que busca desenvolver soluções tecnológicas para problemas sociais (a Alphabet também é proprietária do YouTube, que enfrentou escrutínio de críticos que dizem que a plataforma amplifica desinformação e conteúdo nocivo).
Depois de assistir aos vídeos, os pesquisadores pediram aos participantes que identificassem as técnicas de manipulação e, em comparação com um grupo de controle, as pessoas “inoculadas” foram, em alguns casos, mais que duas vezes melhores em identificar as técnicas, de acordo com o estudo publicado na revista “Science Advances”.
Em um estudo final – o primeiro exemplo do mundo real testando a teoria da inoculação em uma plataforma de mídia social – o Google Jigsaw, um braço da Alphabet que visa a construir soluções tecnológicas para problemas sociais, descobriu que, quando os espectadores do YouTube nos EUA foram expostos a um dos vídeos de inoculação, sua capacidade de reconhecer técnicas de manipulação aumentou 5%, o que o Google observou ser significativo e cinco vezes maior do que os retornos de suas campanhas publicitárias de tamanho semelhante no YouTube.
Essas descobertas mostram que a inoculação psicológica pode “facilmente ser escalada para centenas de milhões de usuários em todo o mundo”, disse o coautor do estudo Sander van der Linden, chefe do Laboratório de Tomada de Decisão Social em Cambridge, que liderou o estudo, em comunicado.
O “pré-bunking” de desinformação também pode ser mais eficaz do que a verificação de fatos clássica, que os autores observaram ser “impossível” de fazer em escala e pode realmente piorar a disseminação de fake news e teorias da conspiração quando desmascarar parece um ataque pessoal às pessoas que mantêm essas crenças, de acordo com a Universidade de Cambridge.
Cada vídeo foca especificamente uma das cinco técnicas comuns de manipulação, como o uso de linguagem emocionalmente manipuladora, incoerência, falsas dicotomias, bode expiatório e ataques ad hominem (forma de argumentar que mira o autor em vez do conteúdo). Os clipes estão disponíveis aqui.
Para ficar atento
O Jigsaw está programado para lançar uma campanha de “prebunking” no final do mês em várias plataformas direcionadas a usuários na Polônia, Eslováquia e República Tcheca, com o objetivo de combater a desinformação relacionada a refugiados ucranianos.
Contexto
Por vários anos, as empresas de mídia social se concentraram no combate à disseminação de desinformação em suas plataformas, principalmente no que se refere a notícias políticas, como os resultados das eleições presidenciais de 2020 nos EUA, e informações de saúde, como a segurança e eficácia das vacinas contas Covid-19. Mais recentemente, as plataformas se depararam com como lidar com a circulação de desinformação sobre o aborto.
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