A parceria comercial entre Brasil e China têm auxiliado o Brasil a obter resultados positivos na balança comercial, o gigante asiático se tornou o destino de mais de 30% das exportações brasileiras. Os resultados da balança comercial brasileira em 2021 mostram superávit de US$ 61 bilhões, com um crescimento de 34% nas exportações em comparação com 2020, com destaque para o incremento nas exportações de 22,2% em agropecuária, que somou US$ 55,19 bilhões. A China demonstra um apetite voraz por alimentos, visando garantir a segurança alimentar da sua população, encontrando no Brasil um parceiro comercial sólido.
No braço de ferro do comércio internacional, o Brasil obteve uma importante vitória nesta semana, foi firmado o maior processo de abertura a produtos brasileiros para a China nos últimos 10 anos. Uma excelente notícia, que consolida nossa posição como um confiável produtor mundial de alimentos. A China abre mercado para importantes produtos como farelo de soja (uma demanda antiga do setor), proteína concentrada de soja, milho, amendoim, e polpa cítrica. Segundo Ricardo Arioli, engenheiro agrônomo, presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) foi uma negociação conjunta de produtos que tem bastante interesse para o Brasil, de acordo com a nossa capacidade de produção e exportação, priorizando produtos de segunda safra, como milho, sorgo e gergelim.
Nosso país tem se posicionado como uma opção estratégica no comércio mundial, aproveitando o momento onde a China demonstra necessidade de diversificar seus fornecedores, nos tornando uma opção a Argentina, que está segurando suas vendas, a Ucrânia que infelizmente está ausente devido a invasão pela Rússia e mesmo aos Estados Unidos, que se envolveram em uma crise diplomática, agravada após a visita da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi a Taiwan.
Em reunião entre representantes do ministério da agricultura da China com ministério da agricultura do Brasil foram apresentados protocolos acordados, visando a desburocratização nos procedimentos de vistoria das indústrias e embarques dos produtos brasileiros.
A previsão era de que os embarques para a China seriam liberados somente em 2023, a boa notícia é que houve um acordo em relação ao protocolo sanitário, ao invés de mandar equipes para verificação das unidades de produção, os chineses autorizaram técnicos do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) a fazerem estas vistorias, facilitando muito o processo para ambos os lados.
O gigante asiático é uma grande potência agrícola que busca a segurança alimentar e a autossuficiência, mas por outro lado, é também o maior importador e consumidor mundial de alimentos. Segundo Larissa Wachholz, sócia da Vallya Agro e uma das maiores especialistas nas relações entre o Brasil e a China, em entrevista ao Insper: a China é o maior cliente internacional do agronegócio brasileiro. Em 2021, exportamos ao país asiático US$ 41 bilhões, ou 34% em nossas vendas externas no agro. O Brasil é o maior fornecedor de produtos do agronegócio para a China, responsável por aproximadamente 20% de tudo o que o país asiático importa”. Diante deste cenário, fica claro o imenso mercado asiático que apesar da elevada produção, continua importando para garantir a segurança alimentar – nosso país tem capacidade de produzir e ser o parceiro confiável para suprir as necessidades de diversificação de produtos, conjuntura ideal para uma relação ganha-ganha.
Visando proteger nosso país das intempéries do comércio internacional, precisamos firmar novos acordos comerciais para adicionar valor às exportações. Acordos comerciais abrem nosso país para oportunidades, auxiliando na consolidação de caminhos, garantindo estabilidade e confiança para o produtor rural, evitando desta maneira, situações como fechamento de mercados, de plantas e outros tipos de atritos.
De acordo com Lígia Dutra, diretora de Relações Internacionais da CNA, para o agro brasileiro ser mais competitivo no mercado internacional, o país precisa buscar novos acordos comerciais e diversificar a pauta exportadora, Segundo Dutra, o Brasil é um grande exportador de produtos do agro, mas tem pouco acesso aos mercados. “Sem acordos comerciais, acabamos concentrando nossa pauta exportadora em commodities, deixando de aproveitar outras oportunidades no mercado internacional que poderiam beneficiar produtos de maior valor agregado”.
Com os olhos no futuro e capacidade de planejamento, podemos aproveitar o momento e estruturar novas formas que garantam estabilidade e confiança para nossos produtores rurais.
*Helen Jacintho é engenheira de alimentos por formação e trabalha há mais de 15 anos na Fazenda Continental, na Fazenda Regalito e no setor de seleção genética na Brahmânia Continental. Fez Business for Entrepreneurs na Universidade do Colorado e é juíza de morfologia pela ABCZ. Também estudou marketing e carreira no agronegócio.
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