Assim como no Brasil, o governo dos Estados Unidos também emite títulos de renda fixa para arrecadar recursos e financiar a dívida pública. Por lá, os títulos públicos mais populares são os prefixados:
Treasury Bills: vencimento em um ano ou menos;
Treasury Notes: vencem em até dez anos e pagam juros aos investidores a cada seis meses;
Treasury Bonds: têm vencimento entre 20 a 30 anos e pagam juros aos investidores a cada seis meses; e
TIPs: a sigla em inglês significa “títulos do Tesouro protegidos contra a inflação”. São papéis indexados ao índice oficial de inflação dos EUA, o CPI (Consumer Price Index), e funcionam de forma semelhante aos títulos do Tesouro Direto pós-fixados que acompanham o IPCA.
Existem dois motivos que impulsionam a demanda pelos Treasuries norte-americanos. O primeiro é o fato dos títulos serem emitidos pelo governo da maior economia do mundo, o que torna o investimento altamente seguro e a chance de calote praticamente zero. O segundo é a demanda mundial por dólar – a moeda de “proteção” do mercado financeiro.
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Neste ano, a alta dos juros pelo Federal Reserve (banco central norte-americano) impulsionou ainda mais a compra dos títulos públicos dos EUA. Isso porque os rendimentos pagos por esses papéis aumentam junto com as taxas do país.
“Os Treasuries são considerados os ativos mais seguros do mundo. É onde o dinheiro dos principais investidores institucionais do mundo ‘repousa’, principalmente em momentos de instabilidade, como agora”, diz Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.
“Com a inflação alta nas principais economias e os juros subindo nos EUA, esses títulos têm um poder de atração de capital cada vez maior, pois além de seguros estão remunerando bem em dólar”, acrescenta Alves.
Em janeiro, os juros dos Estados Unidos estavam zerados devido a política monetária expansionista da pandemia, mas com a inflação alcançando seu maior pico em 40 anos – acima de 9% em junho –, o Fed teve que correr atrás dos preços e já elevou as taxas para o intervalo entre 2,25% a 2,50%.
A previsão é de que até o fim de 2022 os juros dos EUA fiquem entre 3,25% a 3,50%, e em 2023 cheguem a 4%.
Vale a pena investir nos Treasuries dos EUA?
Analistas consultados pela Forbes indicam que, em termos de rentabilidade, os Treasuries norte-americanos perdem para o Tesouro Direto brasileiro, o que diminui sua atratividade.
Como os Estados Unidos são uma das economias mais consolidadas do mundo, a confiança institucional faz com que os Treasuries não precisem pagar tão bem seus investidores para garantir a demanda pelos títulos.
“Nossa economia é pior do que a deles, então precisamos pagar mais para o investidor que deseja colocar dinheiro no Brasil confiar que a dívida será honrada em 10, 15 anos. Lá, como se sabe da qualidade econômica, eles pagam muito pouco para os nossos parâmetros e nunca vão chegar perto da rentabilidade do nosso Tesouro Direto”, explica Eduardo Melo, CEO da Prime Invest.
Historicamente, os títulos do Tesouro norte-americano de dez anos rendem em torno de 2% ao ano. Antes da pandemia, em 2019, por exemplo, o rendimento médio foi de 2,14%, a uma taxa de juros entre 1,75% e 2% ao ano.
Neste ano, mesmo com a elevação das taxas pelo Fed, o rendimento em agosto foi de 2,80% ao ano. Para efeito comparativo, um título do Tesouro prefixado brasileiro com vencimento para 2033 tem retorno de 12% ao ano.
Por outro lado, o rendimento em dólar e a perspectiva de novas elevações dos juros pelo Fed também são atrativas do ponto de vista de proteção e diversificação de investimentos, segundo os especialistas.
“É um dos melhores momentos para se investir em Treasuries dos EUA nos últimos 15 anos. Com a perspectiva de aumento dos juros, o investidor de renda fixa global vai fazer a mesma aplicação com taxas de retorno cada vez melhores”, diz o chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.
Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, indica que, nos Estados Unidos, é mais interessante investir em renda fixa via títulos de dívidas de empresas privadas. “Esses papéis pagam em torno de 6% a 10% dependendo da qualidade do ativo. Já os Treasuries pagam muito pouco e o investidor pode perder para a inflação norte-americana, por exemplo”.
Como investir nos títulos públicos?
Para investir diretamente nos Treasuries dos EUA é necessário ter uma conta em uma corretora norte-americana e um “social security number”, um número que funciona como uma espécie de CPF.
Outro caminho é investir de forma indireta, por meio de fundos internacionais ou ETFs dos títulos públicos, que replicam o desempenho de índices que acompanham os papéis originais. Para isso, basta abrir uma conta em uma corretora brasileira que opera nos EUA. Os valores mínimos para esses tipos de investimentos normalmente partem de US$ 100,00 (R$ 504,91 considerando o câmbio de ontem, 11).
Eduardo Melo cita como exemplo o ETF da BlackRock iShares 20+ Year Treasury Bond ETF. Segundo dados da plataforma VettaFi, o Vanguard Intermediate-Term e o SPDR Portfolio Intermediate Term são alguns dos ETFs desse perfil com maior volume de negociação.
Uma outra maneira de investir nos títulos de dívida dos EUA é via BDRs, os recibos de ativos estrangeiros na B3. Nesse caso, a aplicação é em reais, mas o saldo acompanha a variação da moeda norte-americana. Os códigos de alguns desses BDRs na B3 são BSHY39 (Treasuries de 1 a 3 anos), BIYT39 (Treasuries de 7 a 10 anos) e BTLT39 (Treasuries de 20 anos ou mais).
As informações desta reportagem são de caráter exclusivamente informativo e não constituem recomendação de investimento.
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O post “Tesouro Direto” dos EUA: entenda o investimento mais seguro do mundo apareceu primeiro em Forbes Brasil.