O apresentador, humorista e escritor Jô Soares morreu hoje (5), aos 84 anos, deixando grande legado aos amantes da televisão brasileira.
Jô se aposentou das telas em 2016, após estrelar por 16 anos o talk-show “Programa do Jô”, na TV Globo. Muito antes disso, o comediante participou de atrações históricas, como “A família Trapo” (1966), “Planeta dos homens” (1977) e “Viva o Gordo” (1981), chegando a atuar em um total de 22 filmes.
José Eugênio Soares, filho do empresário Orlando Heitor Soares e da dona de casa Mercedes Leal Soares, nasceu no Rio de Janeiro em 16 de janeiro de 1938, onde viveu a maior parte de sua infância até se mudar para a Suíça, aos 12 anos.
Ao longo dos cinco anos que passou fora do Brasil, Jô desenvolveu interesse por arte e teatro. “Eu pensei que ia seguir a carreira diplomática”, contou. “Mas sempre ia ao teatro, sempre ia assistir a shows, ia para a coxia ver como era. E já inventava números de sátira do cinema americano; fazia a dança com os sapatinhos que eu calçava nos dedos”, disse o artista ao Memória Globo.
Aos 17 anos, de volta ao Rio de Janeiro, Jô estava decidido a seguir a carreira artística e em pouco tempo de teatro, viu sua carreira despontar.
Carreira
De acordo com os dados levantados pela Globo no portal IMDb, no período, o humorista atuou nos filmes musicais “Rei do movimento” (1954), “De pernas pro ar” (1956) e “Pé na tábua” (1957). Ainda no início da carreira, Jô se destacou como ator na chanchada “O homem do Sputnik” (1959), de Carlos Manga.
A estreia na televisão veio um pouco antes disso, em 1958. No período, ele começou a escrever para o “TV Mistério” e participou dos programas “Noite de gala” e “Noites cariocas”, exibidos na TV Rio.
O artista também fez contou com passagem pela TV Continental, na qual escreveu e atuou em programas de humor.
Sua chegada à TV Tupi foi acompanhada de grandes nomes como Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Sérgio Brito e Aldo de Maia, no “Grande Teatro Tupi”.
“Eu consegui trabalhar ao mesmo tempo nas três emissoras que existiam no Rio”, declarou Jô ao programa Memória Globo.
Em 1960, se mudou para São Paulo para trabalhar na TV Record. A partir desse momento, ele atuou e escreveu para diversas atrações, como “La reuve chic”, “Jô show”, “Praça da alegria”, “Quadra de azes, “Show do dia 7” e “Você é o detetive”. O grande destaque da época foi “A família trapo”, exibido entre 1967 e 1971 todos os domingos.
Dez anos depois, em 1970, Jô migrou para a Globo. Por lá, estreou no programa “Faça humor, não faça a guerra”, passando para o “Satiricom”, em 1973 e chegando ao programa “O planeta dos homens”, em 1977. Nas atrações ele se dividia entre as funções de ator e roteirista.
Em 1981, Jô se desligou da produção do “O planeta dos homens” para se dedicar ao seu próximo projeto, o “Viva o gordo”.
Seis anos depois, em 1987, após o seu contrato com a Globo vencer, Jô Soares foi para o SBT para apresentar o primeiro programa de entrevistas da televisão, o Jô Soares onze e meia”, que rendeu mais de 6 mil entrevistas.
“Durante o processo do impeachment do presidente Fernando Collor, o ‘Jô Soares Onze e Meia’ funcionou como uma espécie de tribuna popular, com o apresentador entrevistando alguns dos principais implicados e testemunhas do caso”, aponta o Memória Globo.
“Acho que descobri, também sem querer, a grande vocação da minha vida, a coisa que me dá mais prazer, mais alegria de fazer. Eu me sinto muito vivo ali. A maior atração do mundo é o bate-papo, a conversa”, afirmou Jô.
O humorista retornou à Globo em 2000, quando estreou o tão conhecido “Programa do Jô”.
Além das telinhas
Junto a carreira na televisão, Jô Soares também foi autor de best-sellers e escreveu para jornais e revistas como “O Globo” e “Folha de S.Paulo” e “Manchete”. Entre 1989 e 1996, também assinou uma coluna na “Veja”.
Jô escreveu cinco livros, sendo eles “O astronauta sem regime” (1983), “O Xangô de Baker Street” (1995), “O homem que matou Getúlio Vargas” (1998), “Assassinatos na Academia Brasileira de Letras” (2005) e “As esganadas” (2011).
No teatro, Jô ficou conhecido por seus monólogos, com sátiras da vida cotidiana e política do Brasil. Ame um gordo antes que acabe” (1976), “Viva o gordo e abaixo o regime!” (1978), “Um gordoidão no país da inflação” (1983), “O gordo ao vivo” (1988), “Um gordo em concerto” (1994) e “Na mira do gordo” (2007) foram os mais conhecidos do artista.
De seus mais de 20 trabalhos no cinema, Jô apareceu em alguns clássicos do cinema nacional, caso de “Hitler IIIº Mundo” (1968), de José Agripino de Paula”, e de “A mulher de todos” (1969), de Rogério Sganzerla. Além disso, dirigiu um filme, “O pai do povo” (1976).
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