Via (VIIA3) e Magalu (MGLU3) correm o risco de virar penny stocks?

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Quando um papel se mantém nesse patamar por mais de 30 pregões seguidos, a B3 envia uma notificação para a empresa.

As “penny stocks” são ações de empresas listadas na Bolsa de Valores que apresentam baixa capitalização de mercado e são negociadas a centavos. Por serem cotadas a valores abaixo de R$ 1,00, elas passam por grandes volatilidades e, consequentemente, se tornam ativos com mais riscos nas negociações.

Quando um papel se mantém nesse patamar por mais de 30 pregões seguidos, a B3 envia uma notificação para a empresa, a fim de entender se há um plano de reestruturação para reverter a situação. Caso contrário, ela passa a ter a negociação suspensa.

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No fechamento de ontem (4), os papéis de Magazine Luiza (MGLU3) encerraram o dia em forte alta de 13,99%, a R$ 3,34. Os de Via (VIIA3) seguiram o mesmo patamar positivo, com +12,60%, a R$ 2,95. Apesar disso, no ano, as ações registram uma queda de -43,62% e -53,60%, respectivamente e, com esse movimento de baixa no radar do mercado, surge a dúvida se elas correm o risco de se tornarem penny stocks.

Para Dalton Vieira, analista chefe da DVinvest, os papéis do Magazine Luiza estão em uma região de preço médio entre R$ 2 a R$ 2,50, e, por se sustentar nesse valor, existe uma chance de se recuperar, fugindo da tese de virar “penny stock”.

“A preocupação ocorre quando a ação começar a ser negociada por menos de R$ 2, aí sim a chance de chegar abaixo de R$ 1 aumenta. No entanto, no momento atual não há grandes chances disso acontecer no curto prazo”, avalia Vieira.

Henrique Tavares, analista de DVinvest, complementa que, apesar da empresa sofrer no cenário atual em termos de fundamentos, ainda é um negócio de valor: “Não é visto um cenário de recuperação judicial se aproximando para o Magazine Luiza, que é o que normalmente acontece com essas companhias que viram ‘penny stock’.”

O especialista explica que as empresas cotadas abaixo de R$ 1,00 na Bolsa passam por um processo financeiro mais complicado, com muita alavancagem e dívida. “Elas se tornam incapazes de pagar os valores pendentes e, consequentemente, entram em um processo de recuperação judicial, o que gera uma deterioração de valor. E esse não é o caso do Magalu.”

Em relação à Via, o cenário é mais delicado. “A empresa tem dívidas na conta, mas o gráfico não apresenta nenhuma possibilidade de default nos próximos meses”, finaliza o especialista.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, concorda que ambas as empresas não correm o risco de virarem penny stocks no momento. O especialista ainda complementa que o cenário negativo atual é reflexo de uma economia que pressiona as varejistas.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária, o Banco Central anunciou uma elevação na taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual pela segunda vez consecutiva, levando a Selic a 13,75% ao ano. Com os juros lá em cima, o crédito encarece e aumenta a inadimplência dos consumidores dessas empresas.

“As varejistas sentiram o impacto do ciclo da alta de juros e, conforme o momento for se dissipando, elas tendem a voltar para um patamar positivo. É importante que o investidor entenda a diferença de uma empresa que está passando por um momento delicado ou se ela realmente está indo ‘ladeira abaixo’”, explica o especialista.

Vantagens e desvantagens de uma penny stock

A principal vantagem das penny stocks é também a sua pior desvantagem. Por ter valor baixo, elas podem render bons retornos em um curto prazo ao dobrar o valor.

No entanto, caso não aconteça uma valorização, os especialistas citam a falta de liquidez, também causada pelo baixo preço. Com isso, há a possibilidade de o investidor não conseguir vendê-las ou precisar reduzir o preço, gerando perdas.

Além disso, o fato das empresas estarem em um cenário financeiro conturbado acende o alerta sobre os riscos. “É preciso, antes de mais nada, estudar a empresa, observando como funciona a gestão e como ela está assumindo o controle do negócio para atravessar este momento difícil”, diz Vieira.

O analista ressalta a importância de analisar o histórico da empresa para avaliar a capacidade que ela tem de se recuperar: “Há processos difíceis, mas não quer dizer que ela nunca vá conseguir passar pela crise. Caso o investidor opte por esse caminho, a avaliação do negócio e do time de gestão pode trazer um retorno acima da média para o acionista.”

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