O mercado de criptomoedas está encerrando o mês de julho em alta. Na semana, o preço do bitcoin subiu 0,96% para R$ 125.180, e o preço do ethereum aumentou 4,95% e é negociado por pouco mais de R$ 8.975 até às 13h de Brasília.
Ainda assim, os preços das criptomoedas estão bem longe das altas do início do ano. O que está mantendo os ativos nesse patamar?
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Vetle Lunde, analista da Arcane Research, apontou em uma série de publicações no Twitter em 21 de julho que, na maioria das vezes, o mercado de criptomoedas tem sofrido com liquidações massivas feitas por investidores institucionais e companhias. As vendas começaram após o colapso do token Luna e da stablecoin terraUSD.
“236.237. Essa é a quantidade de bitcoins vendidos desde 10 de maio por grandes instituições. A maior parte foram vendas forçadas”, escreveu ele. “O número não leva em conta outras atividades normais de liquidação e de hedge que geralmente ocorrem durante os mercados de baixa de criptomoedas.”
A maior venda foi feita pelo Luna Foundation Guard da Terra, que liquidou 80.393 bitcoins em uma tentativa totalmente fracassada de preservar o valor do terraUSD. Em segundo lugar ficou a Tesla, que se desfez de 29.060 bitcoins (75% de seu estoque) para “maximizar [sua] posição de caixa”.
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Então, o que assustou os grandes investidores e os levou de volta às moedas fiduciárias?
Duas coisas: a implosão do terraUSD e a feroz batalha do Federal Reserve, o banco central dos EUA, contra a inflação.
Após o colapso do terraUSD, os investidores perceberam que os ativos do mercado de criptomoedas estão mais interligados do que se pensava anteriormente. Isso provocou temores de um colapso total das criptomoedas que poderia contaminar até o mercado de ações.
De fato, depois do crash da Terra, a empresa por trás da stablecoin e do token Luna, o Goldman Sachs divulgou uma carta alertando os investidores sobre a interconexão das plataformas DeFi e como elas “amplificam o risco sistêmico”.
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Enquanto isso, o Fed está promovendo os aumentos de juros mais agressivos desde 1994 para domar a inflação dos EUA, que se aproxima dos dois dígitos. Ter um banco central tão agressivo não é bom para ativos de risco, já que taxas mais altas aumentam o custo dos empréstimos e reduzem as avaliações.
Isso também se aplica às criptomoedas.
Já escrevi sobre isso antes. “As principais criptomoedas são altamente correlacionadas com o mercado de ações. Isso significa que o mercado cripto, na verdade, amplifica os movimentos das ações. Se os ativos sobem, as criptomoedas sobem mais. E vice-versa. Se as ações caem, as criptomoedas entram em queda livre.”
Isso foi claramente visto no movimento do preço do bitcoin desta semana. A criptomoeda caiu 3% três dias antes da reunião de julho do Fed, o que indica que o risco de taxas de juros mais altas ainda abala os investidores de criptomoedas.
Olhando para frente
O panorama de curto prazo do mercado cripto está envolto em muita incerteza.
Os principais bancos centrais do mundo estão dobrando os aumentos das taxas de juros. A maior guerra na Europa desde a Segunda Guerra Mundial – que está obstruindo o suprimento global de alimentos e energia, e fomentando a inflação – ainda não tem um fim claro à vista.
Enquanto isso, a economia norte-americana está à beira de uma recessão. No primeiro trimestre de 2022, o PIB (produto interno bruto) dos EUA caiu 1,6%, e o segundo trimestre também foi negativo. Se entrarmos em uma recessão oficial, o sentimento dos investidores sofrerá outro golpe.
A regulamentação do mercado de criptomoedas é outra grande incógnita. No entanto, considerando os projetos de lei propostos pela Comissão Europeia e pelo Senado dos EUA, as novas regras seriam uma dor de cabeça para moedas menores e menos sustentáveis do que para as principais criptos.
Do lado positivo, gestores de alguns dos fundos mais famosos esperam que as principais criptos, especialmente o bitcoin, aguentem esse cenário macro e saiam mais fortes.
Em uma entrevista recente, Rick Rieder, da Blackrock, confortou os investidores. “Ainda acho que o bitcoin e as criptomoedas são ativos duráveis. É um negócio durável, mas havia muito excesso construído em torno dele. Penso que há uma recalibração saudável acontecendo.”
“Como muitos outros ativos, se você olhar daqui a dois ou três anos, eles serão maiores do que hoje”, disse Rieder.
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O post Inverno cripto: Investidores institucionais vendem ativos em massa apareceu primeiro em Forbes Brasil.