Desde o seu lançamento, em junho, o podcast “A Mulher da Casa Abandonada”, produzido pelo jornal Folha de S.Paulo, ganhou as redes sociais. A cada novo episódio, mais ouvintes se interessavam pela história do casal Margarida e René Bonetti – uma trama que envolve crime, fortuna e disputas judiciais.
Localizada na Rua Piauí, próxima à praça Vilaboim, em Higienópolis, bairro nobre da cidade de São Paulo, a “casa abandonada” se tornou ponto turístico para os curiosos, com direito a dança viral no TikTok e visitantes de plantão para ver tentar ver Margarida Bonetti de perto.
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A história investigada pelo jornalista Chico Felitti ganhou proporções gigantescas e curiosidade dos ouvintes por outras informações sobre sua protagonista, como quanto valeria seu patrimônio.
Neta do Barão de Bocaina, Margarida, junto com suas duas irmãs, é herdeira de um patrimônio que inclui imóveis, jóias, terrenos e dinheiro – tudo travado por uma disputa judicial iniciada em 1998, após a morte de seu pai, o médico Dr. Geraldo Vicente de Azevedo.
Patrimônio de Margarida Benetti
O processo de inventário em andamento na Justiça indica oito propriedades deixadas por Azevedo para suas três filhas e sua esposa, Maria de Lourdes Danso Vicente de Azevedo, que morreu em 2011. Só na cidade de São Paulo são quatro imóveis que valem, atualmente, cerca de R$ 8 milhões, segundo o perito imobiliário John S. Castelhano, da Cia. Paulista de Perícia e Avaliações.
Duas propriedades ficam em Higienópolis: a “casa abandonada”, na rua Piauí, e outro imóvel residencial, na rua Tinhorão; as outras duas são conjuntos comerciais que ficam localizados na rua Araújo, na República.
O imóvel da rua Tinhorão está atualmente disponível para locação. Castelhano avalia que a casa vale cerca de R$ 1,2 milhão, considerando a área construída e o valor do terreno na região.
Já os conjuntos comerciais na República eram consultórios onde o pai de Margarida atendia seus pacientes na década de 1990. Construído em 1942 pelo arquiteto Oswaldo Bratke, o edifício foi o primeiro da cidade a ser erguido especialmente para abrigar consultórios médicos.
A família Azevedo possui dois imóveis de 140 m² cada no local, com três salas para consultas, mais a recepção. Castelhano avalia que cada conjunto vale cerca de R$ 750 mil. Atualmente, um dos conjuntos está alugado, enquanto o outro está vazio.
Quanto vale a “casa abandonada”?
A famigerada “casa abandonada” foi construída em meados de 1954, segundo dados da Prefeitura de São Paulo. Ela possui 20 cômodos, 300 m² de área construída e 378 m² de área total.
O perito da Cia. Paulista de Perícia e Avaliações explica que, devido à atual situação de degradação, a construção perdeu seu valor, e o imóvel é avaliado pelo fato de o terreno ser localizado em uma área nobre da cidade.
“Se fosse derrubar a casa hoje, pelo zoneamento do terreno seria possível obter cerca de R$ 5 milhões. Agora, se a casa estivesse boa, com boas condições de habitação e sem considerar os níveis de benfeitoria de um bom imóvel, ela valeria no mínimo R$ 6,5 milhões”, diz Castelhano.
Em outubro do ano passado, as herdeiras receberam uma proposta de compra dos imóveis da rua Piauí e da rua Tinhorão por R$ 6 milhões. Uma das duas irmãs de Margarida aceitou a oferta nos autos do processo de inventário. As outras duas herdeiras ainda não se manifestaram.
Castelhano explica que as possibilidades comerciais e residenciais para a “casa abandonada” são limitadas: normas municipais não permitem que um prédio seja construído no local, o que afasta o interesse de incorporadoras.
Apenas 80% do terreno, ou aproximadamente 320 m², poderiam ser utilizados para a construção de um imóvel. Porém, no caso de um prédio, essa área precisaria ser ao menos duas vezes maior. Além disso, existem propriedades tombadas na região, o que impede novas construções para não prejudicar a estrutura dos imóveis históricos.
Outros imóveis
Margarida Bonetti também possui participação em imóveis no interior de São Paulo e em Minas Gerais: um terreno em Jarinu (SP), um lote em Ubatuba (SP), 15 lotes em Ilha Comprida (SP) e uma fazenda em Minas Gerais.
Somente a fazenda possui aproximadamente 448 alqueires, um tamanho equivalente a 980 campos de futebol padrão Fifa.
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