Área de soja do Brasil deve crescer 2,6%, para 42,88 milhões de hectares

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REUTERS/Paulo Whitaker

Produção de soja brasileira alcançará maior patamar da história com áreas que seriam de milho e algodão.

Os produtores de soja do Brasil deverão cultivar 42,88 milhões de hectares no ciclo 2022/23, que começa em setembro, alta de 2,6% no comparativo anual e o maior patamar da história, ganhando áreas, inclusive, que seriam de milho verão e algodão em algumas regiões, disse nesta sexta-feira a Safras & Mercado.

“A alta rentabilidade da soja, amparada por preços elevados, deve incentivar os produtores brasileiros a aumentar a área semeada com a oleaginosa, mesmo com o aumento generalizado dos custos de produção”, afirmou o analista da consultoria Luiz Fernando Roque em evento online.

Ele disse que a tendência é de recuperação na produtividade, após a quebra ocorrida em 2021/22 por seca, e o potencial de produção é de 151,5 milhões de toneladas, 20,3% maior que os 125,88 milhões de toneladas colhidos neste ano.

“Com este nível de colheita recorde e demanda elevada da China, temos chance, sim, de superar 90 milhões de toneladas na exportação de soja em 2022/23”, acrescentou, durante a divulgação do primeiro levantamento para a nova temporada.

Segundo o especialista, o destaque positivo em termos de produção fica novamente para Mato Grosso, que apesar de já ser o maior produtor do país, deve registrar um crescimento de 3,5% na área semeada frente à temporada 2021/22.

Já na região Sul, a forte quebra produtiva registrada na temporada atual pode limitar o avanço de áreas de soja no Rio Grande do Sul e no Paraná.

“Os produtores ainda demonstram certa insegurança para expandir suas áreas, visto também os problemas financeiros derivados das grandes perdas produtivas (em 2021/22). De qualquer forma, esperamos por algum crescimento de área, mesmo que de forma pontual”, disse Roque.

Para o milho, o analista da consultoria Paulo Molinari disse que vê agricultores com intenção de sair do milho para cultivar soja no próximo verão, como em Estados do Matopiba (região composta por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

Com isso, a área do cereal de verão 2022/23 deverá recuar 4,3%, ocupando 4,19 milhões de hectares no centro-sul, estimou a Safras.

Por outro lado, Molinari também acredita em uma reação nos níveis de produtividade do milho primeira safra –que, assim como a soja, foi afetado pela estiagem no Sul em 2021/22– e estimou produção potencial em 24,63 milhões de toneladas, alta de 12,8%.

Algodão

A Safras & Mercado também divulgou projeções para o algodão, cultura que tem recuo de 2,1% esperado para a área da temporada 2022/23, a 1,6 milhão de hectares.

Para o analista Gil Carlos Barabach, os custos mais altos, especialmente de fertilizantes e combustíveis, e a concorrência por área com soja e milho são alguns dos fatores que podem pressionar as intenções de plantio da pluma.

“O tombo nos preços internacionais do algodão (também) acabou tirando a atratividade do produto e afetando a tomada de decisão”, acrescentou.

Ele lembrou que o algodão tem sido negociado abaixo de 90 centavos de dólar por libra-peso na bolsa de Nova York ICE US, abaixo do patamar de 150 centavos que era praticado pelo mercado em maio até o início de junho.

“Sem dúvida, o cenário macroeconômico mundial extremamente desafiador, com desaceleração da economia, risco de recessão e aumento nos juros, naturalmente afeta negativamente a perspectiva de consumo global de algodão”, afirmou.

Ainda assim, a consultoria vê um avanço de 3,3% na produtividade das lavouras do Brasil e projeta produção de 2,771 milhões de toneladas para a pluma, avanço de 1,2% sobre o ciclo anterior.

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