No último dia do mês e do primeiro semestre, o Ibovespa abriu em queda de 1,68%, aos 97.943 pontos, com somente uma empresa registrando ganhos. A Bolsa brasileira acompanha o ritmo de perdas do mercado internacional, que segue de olhos bem abertos para os riscos de desaceleração global, mas também enfrenta os riscos fiscais do cenário interno.
Ontem (29), os presidentes dos bancos centrais dos Estados Unidos e da zona do euro afirmaram que o foco do momento é conter as altas nos preços antes que se enraíze na economia dos países. Segundo Jerome Powell, dos EUA, e Christine Lagarde, do BCE, o crescimento do PIB está em segundo plano.
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“Existe o risco de irmos longe demais [com o aumento dos juros]? Certamente há um risco, mas eu não concordaria que esse é o maior risco para a economia”, disse Powell no Fórum do BCE em Sintra, Portugal. “O erro maior seria falhar em restaurar a estabilidade de preços.”
Cautelosos com o cenário, os mercados da Europa e os futuros dos EUA abriram em queda hoje (30), enquanto na Ásia as bolsas fecharam majoritariamente em baixa.
Às 9h30 (horário de Brasília), as Bolsas europeias registravam perdas acima de 1%. Londres estava em queda de -1,96%; Frankfurt, -2,56%; Paris, -2,53%; Madrid, -2,03% e Stoxx 600, -1,86%.
Em Nova York, os futuros apresentavam um cenário similar: Dow Jones caía 1,13%, o S&P 500 perdia 1,30% e o Nasdaq recuava 1,51%.
Agora pela manhã, o Departamento de Comércio divulgou os dados de inflação do PCE ( preços para gastos de consumo) dos EUA, que subiu 0,6% em maio, ante alta de 0,2% em abril. O núcleo, que desconsidera preços de alimentos e energia, avançou 0,3% em maio, mesma alta de abril.
No recorte anual, a alta de maio foi de 6,3%, repetindo a taxa de abril. Já o avanço do núcleo do PCE no período de 12 meses foi a 4,7%, depois de subir 4,9% em abril.
Por aqui, embora o Ibovespa acompanhe as perdas do mercado internacional, os riscos fiscais também comprometem os ganhos da Bolsa brasileira. Ontem, o senador Fernando Bezerra, relator da PEC (proposta de emenda à constituição) dos Combustíveis apresentou o texto com mudanças.
As medidas que previam alterações no ICMS sobre diesel e gás de cozinha, considerando subsídios para os estados que zerassem seus impostos, foram descartadas. Agora, o texto abrange apenas o pacote de benefícios com a instauração de um estado de emergência para implantar as mudanças em ano eleitoral.
Ao todo, o governo irá gastar R$ 38,7 bilhões na seguinte divisão: R$ 26 bilhões para aumentar o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600; R$ 5,4 bilhões para pagar R$ 1 mil mensais aos caminhoneiros; R$ 1,05 bilhão em vale-gás; R$ 2,05 bilhões para subsidiar o transporte gratuito de idosos; e R$ 3,08 bilhões em subsídios tributários para a cadeia produtiva de etanol.
No radar de indicadores, o Banco Central divulgou o relatório trimestral de inflação, que indicou que o risco da inflação estourar os limites da meta ainda em 2023 é de 29%, anteriormente a estimativa era de 12%.
Para o próximo ano, a meta de inflação do BC era de 3,25%, com 1,5 ponto percentual de tolerância para cima ou para baixo, aumentando o limite para entre 1,75% e 4,75%.
Além disso, o IBGE divulgou que a taxa de desemprego no Brasil caiu mais do que o esperado no trimestre até maio e foi abaixo de 10% pela primeira vez desde o início de 2016. O indicador chegou a 9,8% no trimestre até maio, ante 11,2% nos três trimestres anteriores.
Porém, o rendimento real do trabalhador caiu 7,2% na comparação anual, mas se manteve estável em R$ 2.613, 00 frente ao trimestre anterior.
O dólar comercial opera em alta hoje pela manhã, de 0,86% às 10h00 (horário de Brasília), sendo negociado a R$ 5,2370 na venda.
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