Mercado de carbono: quais são as oportunidades para o agro

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O Brasil, como parte de um grande acordo, tem um papel importante, é signatário do acordo do metano,

Faz muitos anos que os produtores rurais brasileiros vêm adotando técnicas e tecnologias para uma agropecuária de baixo carbono. Na semana passada, a União colocou a primeira pedra que visa pavimentar a estrada para a estruturação do mercado de carbono no Brasil, editando o decreto 11.075/2022 que regulamenta a Política Nacional de Mudanças Climáticas.

O agronegócio brasileiro é um dos maiores fornecedores de serviços ambientais para o mundo e através do mercado de créditos de carbono, poderá emitir créditos por emissões evitadas. O Brasil vem aumentando a produtividade agropecuária, decorrente da melhoria dos índices de eficiência técnica produtiva no setor, e se destaca como líder e protagonista na economia de baixo carbono, concluiu um estudo recém lançado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

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O mercado de carbono é uma ferramenta onde as partes comercializam resultados de mitigação de emissões de carbono, estes créditos serão usados por empresas e países para alcançar suas metas dentro do objetivo comum que é atingir as metas estabelecidas no Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5 grau até 2100.

O Brasil como parte deste grande acordo, tem um papel importante, é signatário do acordo do metano, além do compromisso de zerar o desmatamento ilegal até 2028 e da meta de neutralidade das suas emissões até 2050. A agropecuária é o principal eixo para atingirmos nossas metas, técnicas como como plantio direto, recuperação de pastagens degradadas, tratamento de dejetos animais, sistemas de integração, florestas plantadas e bioinsumos, não são um ônus para o produtor, na verdade, vem de encontro a uma agropecuária mais produtiva e eficiente, que é o único caminho de sucesso para produção rural.

O que o mercado de carbono traz, é o reconhecimento da sustentabilidade da nossa agropecuária, é um adicional, produzindo commodities descarbonizadas, melhoramos a imagem dos nossos produtos e produtores, obtendo acesso a novos mercados. O crédito de carbono pode ser visto paralelamente como um índice de eficiência, porque quando se produz usando menos recursos, automaticamente, tem-se menos emissões.

É muito mais uma questão de valorizar e valorar o que já vem sendo feito, o Brasil não tem outro concorrente no mundo quando se fala em agricultura que alia preservação e sustentabilidade, se fizermos isso bem feito, poderemos ter retorno econômico. Para isto, precisamos de metodologias tropicalizadas, que sejam reconhecidas e sistemas que deem integridade a todo este processo.

É preciso deixar claro que ninguém implementa um sistema de ILPF (integração pecuária floresta) pensando em créditos de carbono, se implementa porque é um bom negócio, idem para biodigestores e outros projetos que mitigam as emissões. O mercado de carbono é uma renda adicional ao produtor rural, ninguém vai deixar de trabalhar e viver de crédito de carbono.

Um crédito de carbono é equivalente a uma tonelada de carbono equivalente evitada, é uma métrica mensurável, para ter valor, é necessário confiabilidade. No mercado voluntário temos preços que variam de 10 a 70 dólares, o crédito é o mesmo, uma tonelada de CO2 equivalente evitado, o que faz valer mais ou menos é a garantia.

De acordo com a advogada socioambiental Samanta Pineda, o mercado de Carbono vem adicionar valor agregado ao nosso produto, sendo uma grande oportunidade para o produtor rural brasileiro que já adota um sistema de produção sustentável. A lei de pagamento por serviços ambientais 14.119 abriu este mercado e agora o decreto trouxe a abertura para o mercado regulado voluntário, que é um mercado onde o estado dá as regras e a iniciativa privada fará estas transações. Para que isto chegue até o pequeno produtor, precisamos que existam metodologias brasileiras. Pineda defende que 2023 será o ano em que o produtor rural brasileiro efetivamente terá retorno em renda e mostrará ao mundo que somos os descarbonizadores do planeta.

Os dois extremos da cadeia, consumidores e investidores nacionais e estrangeiros cobram um agro mais sustentável e agora com o início da regularização do mercado de carbono, de acordo com a consultoria McKinsey, o crédito voluntário pode atingir o volume de U$ 2,3 bilhões, o comércio no mercado global de carbono cresceu 164% atingindo U$ 897 bilhões segundo o The Economist.

Estamos ainda no início, o decreto é amplo e não fala especificamente do agronegócio, a próxima etapa agora é definir planos setoriais. De acordo com Beatriz Milliet, secretária de biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, o Brasil quer que todos os setores venham com metas ambiciosas, mostrando o que é possível ser feito sem afetar o social e o econômico. O ambientalismo só faz sentido se ele estiver lastreado nos três pilares da Sustentabilidade, o Ambiental, o Social e o Econômico; o ambientalismo sem os tripés social e econômico, não para de pé.

*Helen Jacintho é engenheira de alimentos por formação e trabalha há mais de 15 anos na Fazenda Continental, na Fazenda Regalito e no setor de seleção genética na Brahmânia Continental. Fez Business for Entrepreneurs na Universidade do Colorado e é juíza de morfologia pela ABCZ. Também estudou marketing e carreira no agronegócio.

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