Conheça as duas mulheres à frente do filme sobre a jogadora Marta

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A cinebiografia da maior artilheira da seleção brasileira, Marta, será produzida por Ramona Bakker e roteirizada por Helen Beltrame

Em março de 2022, Ramona Bakker e Helen Beltrame estiveram em Orlando, na casa da jogadora Marta, para a primeira entrevista que faz parte de uma pesquisa para seu filme biográfico. Ali aconteceu uma viagem no tempo ao passado da jogadora em Dois Riachos (AL). Bakker e Beltrame querem contar a história da menina Marta, até crescer e conquistar o espaço e a representatividade que tem hoje.

A cinebiografia de Marta está em pré-produção pela Conspiração Filmes, que divulgou a informação no mês passado. Ainda não há título definido, informações sobre elenco ou data prevista de estreia. O longa será uma ficção dirigida por Andrucha Waddington. 

Por trás da história da hexacampeã do título de melhor do mundo no futebol, há duas mulheres com trajetórias no cinema que inspiram tanto quanto a da jogadora. Bakker é a produtora executiva por trás de séries como “Dom”, o seriado internacional mais visto da história do Prime Video.

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Ela também esteve por trás das produções internacionais da TV Globo desde 2008. Bakker cresceu em sets de filmagem e nunca teve uma outra ideia de carreira senão a de produção de filmes. O pai, Roberto Bakker, é o produtor com mais filmes internacionais filmados no Brasil no currículo. “Quando comecei, não havia muitas oportunidades para fazer uma carreira em cinema no Brasil”, diz Bakker. 

Ela começou estudando na Universidade da Califórnia. Seus primeiros passos no Brasil foram dentro da Conspiração Filmes, para onde voltou. Além da biografia de Marta, Bakker está na etapa de produção de seu segundo projeto para o Prime Video, “Em casa com os Gils”. A série documental acompanhará a rotina da família de Gilberto Gil em um retiro criativo no Rio de Janeiro.

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Beltrame é advogada por formação e já tinha uma carreira bem-sucedida na área quando se mudou para Paris para fazer mestrado em direito na Université Paris-Panthéon-Assas (Paris 2), em 2004. “Paris é o melhor lugar para um cinéfilo. Os filmes começam às 9 da manhã”, diz Beltrame. Por já ser da pós-graduação, ela aplicou para o curso de cinema na Sorbonne Nouvelle (Paris 3) e foi aceita já no último ano.

Daí para frente, Beltrame começou a cobrir festivais internacionais para veículos de cultura e foi editora-adjunta do caderno “Ilustríssima”. As primeiras participações em produções foram como produtora executiva, por causa da experiência como advogada. A convite de José Padilha, ela foi a responsável pelo financiamento e distribuição de “Tropa de Elite 2”. 

Durante os anos em que dirigiu a Fundação Bergman Center, Beltrame se aproximou da área de criação. Ela já tinha uma história com a Ilha de Faro, na Suécia, onde fica o instituto e onde ela se isolou para escrever seu primeiro roteiro. 

O primeiro trabalho como roteirista também aconteceu a convite de José Padilha, em 2018, para um filme sobre a invasão ao Complexo do Alemão que não foi produzido. Além de escrever, Beltrame participa da elaboração de outros roteiros como consultora. “Aqui na Europa e no Sudeste Asiático, trabalho como mentora de desenvolvimento de longas de ficção. Paralelamente, comecei a trabalhar em outros projetos no Brasil”, diz. Foi por intermediação da agente, Fernanda Ribas, que ela foi incluída no projeto da Conspiração Filmes.

 

A visão da mulher no cinema

A presença feminina nos sets não é o único fator determinante para que as mulheres ocupem as telas. Elas concordam que os realizadores e homens da produção precisam ter uma visão sensível das vivências que vão relatar. “Temos uma perspectiva masculina que sempre foi dominante no cinema. Como roteirista e pensadora, me interessa questioná-la. Nem sempre é uma questão de gênero, mas de perspectiva”, diz.

Nesta produção, Bakker e Beltrame trabalharão ao lado de um homem. “Andrucha é um homem que tem muita escuta. E o que falta é isso. Não adianta ter muitas mulheres em uma sala se sempre quem fala são os homens e elas vão ter que brigar para ter voz”, diz Beltrame.

Durante a carreira, Bakker viu produções majoritariamente masculinas. Mas a maior pressão era por não se deixar ser chamada de “filha do pai”. “Meu pai sempre me advertiu de que eu teria que ser a melhor em todos os momentos ou esse julgamento viria”, diz. Nas duas vezes em que ela ouviu esse comentário, ele partiu de mulheres. “Acredito que naquelas ocasiões, eu realmente tinha algo a melhorar. E essa era uma forma de me chamar a atenção para isso.”

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