Se não forem controladas, as mudanças climáticas poderão levar a perdas econômicas de US$ 17 trilhões na América do Sul entre 2021 e 2070, indica um estudo da Deloitte lançado durante o Fórum Econômico Mundial 2022 que acontece em Davos, na Suíça. O prejuízo trilionário considera perdas nos setores de agricultura, saúde, manufatura, infraestrutura e finanças.
No cenário projetado pela consultoria, a região pode perder 18 milhões de empregos até 2070, ano em que o PIB (produto interno bruto) da região deve encolher 12%, ou US$ 2 trilhões – a título de comparação, o PIB brasileiro em 2021 foi de US$ 1,6 trilhão.
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Em 50 anos, os eventos climáticos extremos e os danos aos setores destacados podem reduzir a produção industrial nos países do sul em US$ 3,5 trilhões, enquanto o varejo e o turismo perderiam US$ 2,3 trilhões, segundo a Deloitte.
“As decisões sobre políticas e investimentos tomadas nos próximos anos moldarão em grande parte a economia e o clima do Brasil, da América do Sul e do mundo. A janela estreita de tempo que temos para agir torna ainda mais importante entender a economia de um mundo em aquecimento e incorporar esse conhecimento na tomada de decisões”, afirma a consultoria no estudo.
Mas ainda há chances de reverter o cenário. A década atual (2021-2030) é indicada como decisiva para evitar as perdas estimadas pela Deloitte.
“Uma rápida descarbonização traria um lado positivo significativo se iniciada agora. A partir de meados da década de 2060, a América do Sul poderá atingir seu ponto de virada, quando os ganhos econômicos da descarbonização começarem a superar os custos.”
A meta indicada pelo estudo leva em consideração êxitos no processo de descarbonização e em limitar o aquecimento global a até 1,5°C. Dessa forma, ao invés de perda de empregos e receitas, o resultado seria de acréscimo de 2 milhões de empregos e ganhos de US$ 150 bilhões a mais de PIB.
Brasil tem potencial para liderar as transformações
A Deloitte aponta o Brasil como potencial líder na transição global para “um mundo resiliente ao clima, considerando sua riqueza de recursos naturais”. Segundo o levantamento, fazer a transição para uma economia de baixo carbono permitiria ao país tornar-se mais competitivo, além de abrir caminho para melhorar as oportunidades na economia global de baixas emissões.
Por aqui, o setor de agricultura, florestas e uso do solo é o principal emissor de gases de efeito estufa, aponta o relatório. Por outro lado, “é aquele com o maior potencial para reduzir suas emissões brutas e realizar o sequestro de carbono, visando chegar em 2060 com emissões líquidas negativas”.
Para alcançar esse cenário, a consultoria indica que as metas de neutralidade de carbono para 2050 precisam ser estabelecidas por meio de lei em todos os países da América do Sul no curto prazo, o que pressionaria o Brasil a antecipar em uma década sua meta de zerar as emissões de gases de efeito estufa, que atualmente vai até 2060.
Entre algumas soluções apresentadas pelo estudo, destacam-se investimentos em transmissão e armazenamento de eletricidade, como o uso de energia solar, assim como incentivos fiscais, subsídios e garantias regulatórias para impulsionar tecnologias de transição e fomentar a produção de baterias elétricas, por exemplo.
“Apesar dos desafios complexos, o Brasil mantém seu potencial de ser líder na transição global para um mundo resiliente ao clima. Com vistas a um futuro de ações climáticas ambiciosas, é preciso já preparar o terreno para uma rápida descarbonização ainda nesta década.”
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