Com pouco mais de um ano de atuação, a startup de meios de pagamento Marvin fechou a sua terceira rodada de investimentos com uma captação de US$ 15 milhões (R$ 72,2 milhões). O aporte foi feito pelo fundo norte-americano Canaan, acompanhado pela Canary e a Mauá Capital, além de cinco investidores-anjo.
Esta foi a primeira rodada de Série A na América Latina liderada pelo fundo norte-americano. Em um momento de queda no volume de captações por startups, devido ao mercado em baixa pela alta dos juros e da inflação global, os fundadores da Marvin, Bernardo Vale e Henrique Echenique, tiveram um grande trabalho para mapear investidores.
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Ao todo, 126 fundos, entre nacionais e internacionais, foram consultados. “Tivemos várias conversas para criar um termômetro de mercado, porque tínhamos uma preocupação grande com o tamanho do cheque do aporte e também em relação aos nomes que entrariam no negócio”, conta Vale.
Segundo o cofundador da fintech, essa busca mais ampla favoreceu o encontro com o Canaan. Com mais de US$ 6 bilhões sob gestão, o fundo tem um histórico de mais de 190 investidas em startups no momento inicial, para, posteriormente, sair do negócio – movimento chamado de exit.
Para consolidar o negócio com a Marvin, o Canaan enviou representantes até o Brasil para conferir a qualidade dos serviços com os clientes, fornecedores e investidores anteriores. Brendan Dickinson, sócio geral do fundo, afirmou que a fintech tem uma equipe capacitada e está posicionada para capturar um mercado em ascensão no Brasil, o de novos meios de pagamentos e recebíveis.
“A digitalização acelerada do comércio brasileiro, dos meios de pagamentos e dos produtos financeiros, combinada com os esforços do Banco Central na área de recebíveis, destravou oportunidades de inovação nos pagamentos B2B. A Marvin está construindo uma infraestrutura para alavancar a expansão do mercado para os fornecedores e aliviar o fluxo de caixa de milhares de varejistas”, disse ele em comunicado.
O sentimento é compartilhado pelos investidores-anjo que participaram da rodada. São cinco empresários experientes no setor financeiro: Carlos Selonke (CIO da fintech Revolut), Juan Ortega (cofundador do Rappi), Israel Salmén (fundador do Méliuz), Lucas Amoroso (fundador da Lupa Capital) e Doug Scherrer (ex-CFO do Nubank). Segundo Vale, cada um deles terá uma posição estratégica na Marvin para ajudar nas decisões de negócios.
Na meta do milhão
O negócio da Marvin se baseia em melhorar a relação de compra e venda de insumos entre fornecedores e clientes. A startup soma o saldo financeiro de vendas de uma varejista, parametrizado pelo tempo de transação das empresas de maquininhas, e libera esse valor para a compra de mais produtos junto aos fornecedores.
“Aqui a antecipação de pagamentos é um remédio para melhorar o fluxo de crédito do varejista. Na prática, o cliente está pagando os produtos com um dinheiro que já é dele. O que fazemos é provocar a indústria a entender novas formas de pagamentos”, diz Vale.
A Marvin não cobra taxas dos pequenos varejistas pelo serviço de antecipação, uma prática comum no mercado. Além disso, o pagamento ao fornecedor por intermédio da Marvin é feito no momento da compra, de modo que não há risco de crédito.
Exatos 12 meses após o lançamento dos serviços da fintech – em maio de 2021 -, a Marvin alcançou 400 mil pequenos varejistas cadastrados em seu sistema e 26 indústrias fornecedoras parceiras – dentre elas nomes de peso como O Boticário, Aurora Alimentos, Alpargatas (dona da Havaianas), Caloi e Ale Combustíveis.
A meta da fintech é chegar a um milhão de pequenos varejistas. Grande parte do novo aporte será empregada nos esforços para ampliar a penetração da fintech no varejo brasileiro e alcançar mais clientes.
“Nosso sonho é substituir o boleto como meio de pagamento entre fornecedores e clientes, e introduzir a forma de recebíveis em substituição. Nesse sentido, a marca de um milhão de pequenos varejistas indica que atingimos uma proporção relevante de market share no Brasil”, explica o cofundador.
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