Bilionário do frango nos EUA lamenta preços mais altos, da fazenda à mesa

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Joe Grendys, CEO da Koch Foods, empresa de Park Ridge, Illinois, que processa milhões de quilos de frango pronto para consumo por semana.

Começou com o milho. A guerra sem motivo da Rússia na Ucrânia, entre outros fatores, elevou o preço para mais de US$ 8 o bushel. Isso significa que Joseph Grendys, o bilionário executivo-chefe da Koch Foods [ processadora e distribuidora de alimentos em Park Ridge, Illinois, EUA] está pagando US$ 3 milhões (R$ 14,82 na cotação de hoje 18) por semana a mais do que pagava há um ano para alimentar suas galinhas.

“Isso é dinheiro real”, disse Grendys à Forbes. “Gostamos de produzir barato. É isso que a nossa empresa representa. Mas, agora, não temos escolha a não ser aumentar os preços.”

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A pressão vem de todos os elos da cadeia de suprimentos, da fazenda à mesa. Koch, o quinto maior produtor de aves dos EUA, com receita anual estimada em US$ 3,3 bilhões (R$ 16,30 bilhões), foi forçado a pagar preços mais altos por quase tudo. A Koch passou a inflação para os clientes, mas ainda assim, diz Grendys, a demanda por frango está superando a oferta, possibilitando mais aumentos de preços.

Segundo Grendys, o preço do óleo de soja dobrou, encarecendo produtos como nuggets de frango. Os gargalos de embarque elevaram os preços de exportação de produtos de frango pelos portos em até 200%. Os custos de transporte rodoviário, com a escassez de motoristas em todo o país, dispararam mais de 20% e as sobretaxas de combustível, para envio por trem, aumentaram à medida que o preço do diesel dobrou.

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Custos de produção nas granjas aumentou para todos os insumos, do milho ao aquecimento

O custo do gás natural, que opera as usinas de processamento, também dobrou. Os custos trabalhistas também são 20% maiores. E isso sem contar a ameaça iminente da gripe aviária nos EUA, que causou arrepios na indústria, mas felizmente não se espalhou o suficiente para forçar o sacrifício nas granjas de Koch. Quase 38 milhões de aves, incluindo perus e poedeiras, foram infectadas e abatidas nos EUA.
“Quando você analisa tudo o que é preciso para colocar uma galinha em uma fábrica e os custos, nunca vi nada parecido”, disse Grendys.

A Grendys passou anos obtendo lucros altíssimos e, mesmo durante a pior inflação em 40 anos, a Koch Foods é capaz de relatar volumes de vendas recordes semanalmente. Na verdade, Grendys reclama que a demanda é tão alta que Koch não consegue acompanhar.

Mas não é só na companhia de Grendys…

A Tyson Foods, concorrente da Koch, elevou suas perspectivas para 2022 na semana passada, pois prevê que preços mais altos elevarão o perfil financeiro da Tyson.

A receita para o ano pode atingir entre US$ 52 e US$ 54 bilhões (R$ 256,82 a R$ 266,70 bilhões), acima da projeção original de US$ 49 a US$ 51 bilhões (R$ 242 a R$ 251,88 bilhões). A Tyson disse que repassou preços mais altos aos consumidores.

“Estamos trabalhando em estreita colaboração com nossos clientes para garantir que o valor justo de nossos produtos incorpore as pressões de custo inflacionárias que afetam nossos negócios”, disse o CEO Donnie King, que ingressou na Tyson em 1982, durante a inflação recorde.

King disse que, no primeiro semestre de 2022, o custo dos produtos vendidos da Tyson aumentou 15%. “Cada parte do nosso negócio foi impactada pela inflação”, disse King.

Isso inclui os mesmos insumos que Koch – animais vivos, óleos de cozinha, transporte e combustível. King prometeu que a Tyson “combaterá a inflação e aumentará a lucratividade”. O lucro operacional ainda caiu nos primeiros seis meses do ano fiscal.

Um dos culpados foi o aumento de US$ 285 milhões (R$ 1,40 bilhão) nos custos de alimentação, já que os preços de ingredientes como milho e soja dispararam.

Sonia Tapia_Getty

Consumidor deve continuar encontrando preços mais altos nas gôndolas

A Pilgrim’s Pride, apoiada pela brasileira JBS, a segunda maior processadora de frango dos EUA depois da Tyson, teve lucro recorde de US$ 4 bilhões (R$ 19,76 bilhões) no primeiro trimestre, um aumento de 30% em relação ao ano anterior. A Sanderson Farms, o terceiro maior fornecedor de frango dos Estados Unidos, divulgará seus últimos resultados em 27 de maio.

A consolidação do setor de carnes deu mais poder de precificação a empresas como a Tyson. A maior consolidação foi na carne bovina, onde quatro empresas controlam 85% do mercado norte-americano de gado pronto para o abate. Quatro empresas de suínos e frangos atendem 70% e 50% de seus respectivos mercados.

Os preços de alimentos como os de aves continuarão altos e podem até subir, de acordo com Brian Marks, professor de economia da Universidade de New Haven que estudou a inflação. “Não vejo nenhum alívio no curto prazo”, disse Marks.

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