Conheça a brasileira que liderou o Metaverse Fashion Week, na Decentraland

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Giovanna Graziosi Casimiro: “A Decentraland é um mundo virtual no blockchain descentralizado e governado por seus usuários”

Lançada em fevereiro de 2020 como uma plataforma que permite aos jogadores interagir, criar, vender e comprar objetos utilizando a criptomoeda Mana, a Decentraland protagonizou, em março deste ano, o Metaverse Fashion Week, desfile virtual que reuniu mais de 30 marcas de luxo. O evento da plataforma reuniu grifes como Dolce & Gabanna, Tommy Hilfiger, Forever 21 e Paco Rabanne, entre outras, no Fashion Street, espaço que foi vendido em novembro do ano passado pelo equivalente a US$ 2,5 milhões para a Metaverse Group, imobiliária especializada em terrenos virtuais.

Produtora e responsável pelo desfile, a brasileira Giovanna Graziosi Casimiro falou à Forbes Brasil sobre os bastidores do projeto e as oportunidades em torno do conceito, bem como a intersecção entre metaverso e Web3. A Decentraland, inclusive, vem estreitando relacionamento com marcas no Brasil como o Outback, que patrocinou o casamento da designer brasileira Rita Wu na Decentraland e a Housi, plataforma especializada em moradia. “Existe uma oportunidade para marcas expandirem sua identidade para além dos limites do espaço físico. Também, pela primeira vez, consumidores são capazes de construir coisas juntamente com marcas transformando o processo criativo em algo verdadeiramente interativo”, diz Gigi sobre as possibilidades do metaverso.

Leia mais: Desfile no metaverso tem Dolce & Gabanna, Tommy Hilfiger e Paco Rabanne

Da universidade ao metaverso

“Eu iniciei minha jornada em 2009 na área de arte e tecnologia, com pesquisa teórico-prática na área de instalações multimídia e XR na UFSM. Nesse período desenvolvi projetos com design digital, estamparia para moda, AR e instalações. Aos poucos fui me aprofundando em produzir e gerenciar projetos neste campo, e após a finalização do mestrado em Arte e Tecnologia lecionei como professora do bacharelado de Design Digital no Senac Santo Amaro, em São Paulo. Em seguida iniciei o doutorado em Open Source e patrimônio aberto na FAUUSPP, e simultaneamente passei a produzir diversos projetos de VR e AR pelo mundo. De 2016 em diante eu evoluí como produtora de XR, e acumulei experiência em diferentes áreas, inclusive computação física, IoT, instalações urbanas e consultoria para projetos relacionados a mundos virtuais e expandidos. Esse mundo me atraiu porque eu sempre gostei do lúdico, do holístico, do místico e do desafiador, e acho que a possibilidade de reconstruir a realidade é formidável. A ideia de redesenhar o mundo ao nosso redor de modo híbrido sempre me fascinou, e possivelmente a minha infância de filmes de sci-fi também contribui com isso.”

O Metaverse Fashion Week reuniu algumas das principais marcas de luxo em março na Decentraland

Afinal, o que é a Decentraland?

“A Decentraland é um mundo virtual no blockchain descentralizado e governado por seus usuários. Logo, é uma plataforma que permite a construção e acesso em tempo real de um mundo tridimensional na web e também para desktop, que funciona como um espaço de construção de comunidades, socialização, narrativas e games. Acima de tudo, consideramos a Decentraland uma experimentação social que pode apontar para o futuro das redes sociais.”

Metaverse Fashion Week

“Eu sempre amei moda e alta costura, e trabalhei em diversos momentos com projetos relacionados a tecnologia e fashion. Porém quando iniciei na Decentraland eu havia pensado muito em como poderia me envolver mais no mercado de moda, e finalmente o projeto foi atribuído a mim pelo meu diretor criativo. Foi um presente da vida, que convergiu muitas das minhas especialidades. Quanto a experiência, foi intensa do ponto de vista da produção. Tivemos três meses totais entre onboarding das marcas, criação de briefings, produção dos distritos e coleções. Foi uma corrida contra o tempo, mas o evento com mais de 70 marcas foi um sucesso e juntou 108 mil usuários na plataforma durante 4 dias e 60 mil na área específica dos distritos de moda. Construímos 2 distritos maiores, um para marcas de luxo, outro para streetwear e digital fashion e uma passarela futurista para os desfiles de moda.”

A relação com as marcas

“Existe uma oportunidade para marcas expandirem sua identidade para além dos limites do espaço físico. Também, pela primeira vez, consumidores são capazes de construir coisas juntamente com marcas transformando o processo criativo em algo verdadeiramente interativo e com maior chance de sucesso. Vejo na Web3 uma oportunidade para designers expandirem suas narrativas, explorarem novas estéticas, gamificar seus produtos e convidar os consumidores para interagirem em primeira pessoa em um mundo desenvolvido para eles. Trata-se de uma oportunidade para marcas criarem o senso de pertencimento e devolver uma experiência única ao seu público cativo. Nossa relação com as marcas foi interessante, pois foi uma mistura de educação de marcas sobre o metaverso e de produção. Tudo isso foi feito com criadores de 3D da comunidade de usuários, fortalecendo ainda mais a economia criativa.”

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Avatares e expansão da identidade

“A ideia de poder expandir a sua identidade via avatar é outro importante fator, na construção de quem somos e nossos valores na internet do futuro. Estamos sempre abertos a auxiliar as marcas a entrarem na plataforma, e essa é a missão da Decentraland: ser um hub entre a comunidade de criadores, incluindo marcas. Logo, existem duas formas de marcas entrarem o espaço: contatando criadores já existentes na plataforma, construindo independentemente sua própria experiência ou então contatar o time de parcerias da Decentraland e nós ajudaremos a introduzir a marca a criadores do ecossistema e a encontrar o espaço adequado para a ativação deles.”

Divulgação

Decentraland é uma representação da vida real parecido com o jogo The Sims onde os jogadores podem interagir, criando, vendendo e comprando objetos utilizando a criptomoeda Mana

Web3 e blockchain

“Esses dois conceitos estão conectados pois são resultado de um longo processo de desenvolvimento tecnológico e social. O chamado metaverso é resultado de avanços iniciados ainda nos anos 80, e que hoje podem ser acessíveis para todos, caso das tecnologias de XR. É importante ressaltar que a ideia de organizações autônomas descentralizadas se fortalece por meio do blockchain e vice-versa, pois os smart contracts validam e protegem as decisões comunitárias, as quais são incorruptíveis após votadas. Isso torna as decisões validadas e protegidas, mantendo seus valores originais. Outra perspectiva é que a Web3 coloca lado a lado espaços virtuais construídos em tempo real com blockchain, permitindo associar estes universos entre si (a interoperabilidade) e uma economia real, fora de um jogo específico. No metaverso a economia criativa e o blockchain se tornam uma continuidade do mundo físico e eu vejo os NFTs como chaves de acesso que carregam em si um valor próprio associado a uma experiência. Além do mais, os NFTs assumirão mais funcionalidade enquanto gatilhos para ações, prêmios, acesso VIP, chave de identificação em um evento.”

A plataforma também já permite ações de marcas e outros eventos corporativos

Metaverso em perspectiva

“Para mim o metaverso é um contínuo do nosso mundo físico, sendo parte da narrativa que construímos da realidade. Ele é a parte que nos permite construir uma camada extra da realidade, onde tudo é possível e podemos ser o que desejamos. Acredito também que o metaverso sairá das telas muito em breve, e cumprirá a sua missão de subverter a realidade como a vemos e libertar a criatividade das comunidades no nosso entorno. Eu pessoalmente desejo ver as comunidades crescerem e a economia de criadores florescer; desejo ver os NFTs nas paredes da minha sala e minhas roupas virtuais compondo com a minha física. Eu acredito que o metaverso é instrumento de igualdade e distribuição de riqueza entre muitos, e a construção de uma cultura global. Logo, metaverso é um espaço híbrido de construção coletiva social, política e econômica, que permite que a internet seja feita de pessoas para pessoas.”

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