Com a alta da Selic, os investimentos de renda fixa, conhecidos como as aplicações mais seguras do mercado, voltam aos holofotes. Para escolher o melhor título, porém, é preciso levar em consideração algumas variáveis que vão além da rentabilidade oferecida pelo produto.
Afinal, existem diversos tipos de investimentos em renda fixa. Os principais deles são os títulos públicos, emitidos pelo governo federal, como o Tesouro Selic e o Tesouro IPCA, considerados os investimentos mais seguros dessa categoria.
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Há ainda os títulos privados, como CDBs, letras de crédito e debêntures, emitidos por empresas ou instituições financeiras.
Especialistas consultados pela Forbes destacam que todas essas variáveis se relacionam, ultimamente, com o perfil do investidor. Assim, o investidor deve ter em mente que, mesmo dentro da renda fixa, prevalece a máxima: “Quanto maior o risco, maior o retorno”.
Confira, a seguir, o que um investidor deve considerar na hora de escolher um título:
Prazo de vencimento
Títulos de renda fixa possuem prazos de vencimento distintos. Ou seja, o período que o investidor terá que esperar para resgatar o seu dinheiro pode variar bastante a depender do produto.
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Alguns investimentos trazem prazos de vencimento de poucos meses, enquanto opções mais “agressivas” podem chegar a décadas.
No Tesouro Direto, os títulos costumam apresentar prazos de vencimento de alguns anos. O Tesouro Prefixado e o Tesouro Selic estão entre aqueles que apresentam os prazos mais curtos, com vencimento em 2025. Alguns títulos também permitem que o investidor receba parte de seus rendimentos semestralmente, através de cupons.
Já o Tesouro IPCA pode chegar a ter prazo de vencimento em 2055.
O investidor deve ter em mente que, ao adquirir um título, ele deve fazer o máximo para levá-lo até a sua data de vencimento. “Caso contrário, ele pode incorrer em perdas devido à marcação a mercado dos títulos no mercado secundário”, explica Ariane Benedito, economista da CM Capital.
A marcação a mercado consiste na atualização diária do valor de um ativo pelo seu preço de mercado. Se vender no momento errado, em que o valor de venda do título se encontra em um patamar inferior ao valor de compra, o investidor acaba saindo no prejuízo.
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Tributação
Na maioria dos casos, a tributação que incide sobre um título está diretamente ligada ao seu prazo de vencimento.
Entre os investimentos de renda fixa que são tributados com imposto de renda, estão os títulos do Tesouro Direto, CDBs, LCs (letras de câmbio), debêntures e COEs (certificados de operações estruturadas), que costumam combinar investimentos de renda fixa e renda variável.
Nesses casos, aplica-se a tabela regressiva, na qual as alíquotas diminuem de acordo com o tempo de investimento:
até 180 dias: 22,5%;
de 181 a 360 dias: 20%;
de 361 a 720 dias: 17,5%
acima de 720 dias: 15%.
Esses percentuais são aplicados sobre o rendimento, não sobre o valor total aplicado. Por exemplo: se um investimento de R$ 100,00 rendeu R$ 10,00 em 721 dias, quando o investidor for resgatá-lo, no 722o dia, deverá pagar R$ 1,50 a título de imposto de renda.
Outro imposto que pode incidir sobre esses investimentos é o IOF (imposto sobre operações financeiras), que é cobrado se o investidor resgatar a aplicação em menos de 30 dias contados a partir da compra do título.
As alíquotas do IOF também seguem uma tabela regressiva e são aplicadas sobre o rendimento. Se um investimento é resgatado no primeiro dia de aplicação, a alíquota é de 96%; no 15º dia, é de 53%; já no 29º dia, é de apenas 3%.
Há títulos de renda fixa que não são tributados nem com imposto de renda, nem com IOF: LCIs (letras de crédito imobiliário), LCAs (letras de crédito agrícola), CRIs (certificados de recebíveis imobiliários), CRAs (certificados de recebíveis do agronegócio) e debêntures incentivadas.
Emissor
Os títulos de renda fixa podem ser emitidos por diferentes instituições, cada uma com seus riscos de crédito.
Como ressaltado anteriormente, os títulos públicos, emitidos pelo governo federal, são considerados os mais seguros, por conta da baixa possibilidade de o governo não pagar os investidores.
“Vale observar que, caso um governo chegue a esse ponto, todas as instituições privadas abaixo dele já estarão nessa mesma situação”, comenta Benedito. “Por isso, os títulos soberanos são considerados os investimentos de menor risco no mercado.”
Instituições financeiras, securitizadoras e empresas de capital aberto também podem emitir títulos de renda fixa.
Nesses casos, Maria Naegele, sócia da HCI Invest, recomenda que o investidor faça uma pesquisa prévia em agências de classificação de risco de crédito, como Moody’s, Fitch e S&P, para descobrir o rating específico atribuído a cada emissão.
“Além disso, [é preciso] avaliar também se a empresa permanece sólida financeiramente, e como está o segmento em que ela atua”, acrescenta. “Ao aplicar em uma debênture, por exemplo, é muito válido avaliar esse aspecto, porque há alguns segmentos que são mais complicados em termos de geração de caixa.”
Naegele, porém, ressalta que os títulos privados podem trazer algumas vantagens sobre os títulos públicos, como uma rentabilidade mais elevada, que surge como uma forma de compensar os riscos maiores.
Garantia
Dentro dessa avaliação de risco, também cabe considerar se um título de renda fixa possui garantia pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que oferece a restituição do dinheiro investido caso a instituição financeira tenha problemas para honrar seus compromissos.
Para cada pessoa física, o FGC restitui até R$ 250 mil, considerando uma mesma instituição ou conglomerado financeiro. Ou seja, se você investe em um determinado banco através de duas ou mais corretoras, é considerado o montante investido naquele banco.
O FGC possui também o valor máximo de R$ 1 milhão restituídos por pessoa física a cada quatro anos.
Entre os principais ativos de renda fixa que são garantidos pelo FGC estão CDBs, LCs, LCIs e LCAs. Já entre aqueles que não possuem essa garantia, estão debêntures, CRIs, CRAs e os títulos do Tesouro Direto.
Avaliando o momento
A escolha do melhor investimento de renda fixa também deve levar em consideração o momento macroeconômico. Tomando como exemplo o ciclo de alta da Selic, dois aspectos devem chamar a atenção do investidor: o indexador do título e a maneira como ele acompanha esse indexador.
A taxa básica de juros foi reajustada para 12,75% ao ano na última quarta-feira (4), fazendo com que os títulos que são indexados à própria Selic sejam favorecidos, como o Tesouro Selic. O mesmo vale para papéis atrelados ao CDI (certificado de depósito interbancário), um indicador cujo valor é muito próximo ao da taxa básica de juros.
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Dentro dessa discussão, o investidor pode optar por três caminhos diferentes: títulos prefixados, que têm taxa de juros fixa e permitem conhecer exatamente qual será o rendimento obtido; pós-fixados, que acompanham a variação da taxa a que estão indexados; ou híbridos, que possuem uma taxa fixa e uma taxa pós-fixada no mesmo título.
No exemplo específico do ciclo de alta da Selic, os especialistas recomendam optar pelos títulos pós-fixados, tendo em vista que existe uma tendência para que a Selic avance ainda mais, superando os 13% ao ano até o final de 2022.
Porém, existem outros indicadores que costumam ser utilizados como indexadores, como o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) e o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), e que também devem ser observados com cuidado.
“Estamos vivendo em um cenário de inflação alta, que pode perdurar por mais tempo do que está previsto atualmente”, aponta Naegele. “Apesar de ser tentador colocar tudo em produtos que acompanham a Selic e o CDI, é muito importante também aplicar em títulos atrelados ao IPCA, que mede a inflação”, diz.
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