O Brasil teve um déficit em transações correntes de 2,414 bilhões de dólares em fevereiro, impulsionado por um aumento das remessas de lucros e dividendos ao exterior, registrando também uma elevação significativa do investimento direto no país (IDP), mostraram dados do Banco Central hoje (29). O saldo do mês veio pior que o rombo de 1,8 bilhão de dólares esperado por analistas em pesquisa Reuters. Com o resultado, o déficit em 12 meses ficou em 1,59% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 1,71% em janeiro. Os investimentos diretos no país alcançaram 11,843 bilhões de dólares no mês, acima da expectativa no mercado de 10,160 bilhões de dólares. Em fevereiro de 2021, essa conta havia sido de 8,837 bilhões de dólares.
“É um fluxo forte de investimento direto no país”, disse o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha. Segundo ele, o IDP observado em fevereiro foi o maior para o mês em toda a série histórica do BC, iniciada em 1995.
O relatório da autarquia faz um recorte por magnitude desses investimentos. No mês, houve um total de 4,5 bilhões de dólares em transações de IDP com valores acima de 1 bilhão de dólares.
“Já fazia algum tempo que a gente não via transações dessa magnitude”, disse o economista, ressaltando que nenhuma operação mensal nesse volume havia sido registrada pelo menos desde o início de 2021.A nota do BC foi apresentada com aproximadamente um mês de atraso e, ao contrário do que normalmente ocorre, não foram divulgadas estimativas para os resultados do mês seguinte (março). A divulgação de indicadores pelo BC tem sido comprometida pela mobilização de servidores que pressionam o governo por reajustes salariais.
Em fevereiro, o superávit da balança comercial foi de 3,508 bilhões de dólares, superior ao déficit de 357 milhões de dólares do mesmo mês do ano passado.
O movimento foi impulsionado por um crescimento mais forte das exportações, de 43,6%, sob efeito da elevação de preços de commodities, enquanto as importações tiveram alta de 19,8%.
O dado do mês foi puxado para baixo principalmente pelo déficit na conta de renda primária, de 4,410 bilhões de dólares, ante rombo de 2,487 em fevereiro de 2021.
Nesse segmento, as remessas líquidas de lucros e dividendos aumentaram para 2,933 bilhões de dólares, ante 1,043 bilhão de dólares em mês equivalente do ano passado. A despesa líquida com juros, por sua vez, somou 1,5 bilhão de dólares no mês, estável na comparação anual.
De acordo com Rocha, o volume de envio de lucros ao exterior reflete o desempenho da atividade econômica e uma ampliação da presença de empresas estrangeiras atuando no Brasil.
Já o rombo na conta de serviços ficou em 1,777 bilhão de dólares, contra 1,416 bilhão de dólares no mesmo mês do ano passado.
Os gastos líquidos com viagens internacionais subiram a 445 milhões de dólares, de 28 milhões de dólares um ano antes, quando o mundo enfrentava restrições mais intensas por conta da pandemia de Covid-19.
No mês passado, os investimentos em carteira no mercado doméstico somaram 1,8 bilhão de dólares em entradas líquidas. Apesar da elevação dos juros no país, o que torna mais atrativo o investimento em renda fixa, houve saída de 3,0 bilhões de dólares em títulos de dívida. Por outro lado, foi registrado ingresso de 4,8 bilhões de dólares em ações e fundos de investimento.
Segundo Rocha, esses movimentos são voláteis, o que dificulta as avaliações. Para ele, também pode ter ocorrido algum tipo de ajuste setorial nas carteiras dos investidores.
No acumulado de 12 meses, os investimentos em carteira no mercado doméstico somaram ingressos líquidos de 23,2 bilhões de dólares.
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