O dólar retomava seu movimento ascendente hoje, depois de ter pausado um rali contra o real na véspera, acompanhando mais uma vez a ampla força da moeda norte-americana no exterior, onde seu índice frente a uma cesta de pares fortes tocou os maiores níveis em duas décadas.
Às 10:03 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,85%, a R$ 5,0105 na venda. O dólar oscilou entre R$ 4,9870 na mínima (+0,38%) e R$ 5,0210 na máxima do dia (+1,06%).
Na B3, às 10:03 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,87%, a R$ 5,0115.
Embora tenha fechado a última sessão em baixa de 0,43%, a R$ 4,9682 na venda, o dólar registrou sequência de três ganhos diários entre sexta e segunda-feira, período em que havia saltado mais de 8%. Essa tendência de valorização –que, segundo especialistas, reflete fatores externos– parecia recobrar forças hoje.
Isso porque o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas de países ricos– avançava acentuadamente nesta manhã, e chegou a tocar seus maiores patamares desde dezembro de 2002, embora tenha devolvido alguns ganhos após surpresa negativa nos dados do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano do primeiro trimestre.
O dólar vem sendo apoiado pela perspectiva de que o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, acelerará o ritmo de seu aperto monetário em meio ao cenário inflacionário desafiador, observou a XP em nota matinal. Os mercados apostam em ajustes de 0,5 ponto percentual nos juros norte-americanos ao longo de suas próximas reuniões, e alguns operadores sequer descartam eventual dose de 0,75 ponto.
Custos de empréstimos mais altos na maior economia do mundo tendem a elevar o ingresso de recursos na renda fixa do país, o que, consequentemente, favorece o dólar.
Em relatório, analistas do Bradesco também chamaram a atenção para a decisão do banco central do Japão de manter sua política monetária ultrafrouxa nesta quinta-feira, apesar da maior agressividade do Fed e da aceleração da inflação, “reforçando a tendência de depreciação do iene que, por sua vez, sustenta o movimento de apreciação do dólar em escala global”.
O iene chegou a tocar seu menor patamar em 20 anos contra o dólar, que era negociado em alta contra a maior parte das principais moedas globais, acompanhando ainda o avanço dos rendimentos dos Treasuries, títulos soberanos dos EUA.
Enquanto isso, investidores chamavam a atenção para a agenda de indicadores econômicos bem cheia. Nos Estados Unidos, o destaque do dia foi a divulgação do PIB, que caiu a taxa anualizada de 1,4% no primeiro trimestre, contra expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 1,1%.
No Brasil, já houve pela manhã a divulgação de dados de confiança de serviços, IGP-M, preços ao produtor e crédito, e os mercados ainda aguardam números de arrecadação, dívida, Caged e governo central.
Com o desempenho desta manhã, o dólar acumula baixa de 10% em 2022. O real ainda é lider de desempenho no período quando comparado a outras moedas globais, mas o dólar já se valorizou quase 9% em relação às mínimas deste ano frente à divisa brasileira, depois de cair para perto de R$ 4,60 no início de abril.
A visão predominante no mercado é de que a queda da moeda norte-americana contra o real vista no início deste ano foi resultado do patamar elevado da taxa Selic, atualmente em 11,75%, e da disparada no preço internacional das commodities após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
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