Em 2020, a publicitária Marina Bortoluzzi fundou o Women on Walls, um programa de mapeamento e capacitação para mulheres artistas visuais. Em 2020 e 2021, de 600 mulheres inscritas, 60 participaram de mentorias e aulas (ainda disponíveis no canal do YouTube) com mulheres conhecidas nesse meio.
O que começou com um curso e uma consultoria da própria Marina para direcionamento de carreira dessas mulheres, agora se transforma em uma femtech. O WOW é uma plataforma colaborativa e mundial de ensino, troca e financiamento para artistas organizarem e rentabilizarem seu trabalho. Por meio de uma espécie de “Tinder de mentoria”, curadoras e mentoras serão conectadas com gente interessada nesses serviços. “Questões que eu recebo todos os dias das alunas no WhatsApp vão estar na plataforma, fortalecendo a comunidade feminina nas artes”, diz Marina. Além disso, será emitido um certificado digital para as artistas que cumprirem as etapas da capacitação.
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A ideia também é mapear artistas de todo o país para que curadores, como a própria Marina, tenham essas mulheres sempre no radar para indicações e convites para editais. “Existe uma preguiça desse mercado de não ir atrás de nomes diferentes, mas eu não quero mais que o mercado dê uma desculpa para buscar mulheres”, diz Marina. “Eu quero ser uma grande compiladora de todas as artistas mulheres que estão por aí”.
Networking das artes
O programa, além de capacitar mulheres artistas, é uma poderosa ferramenta de networking, que cumpre o objetivo de inserir essas mulheres no mercado das artes. A Ipanema lançou um concurso para selecionar a ilustração de uma artista do WOW para estampar uma sandália da marca. O resultado foi uma coleção cápsula Ipanema WOW, lançada no último mês de março, com três selecionadas.
Ainda em março deste ano, um projeto da Adidas levou alunas do WOW a reproduzir pinturas da artista Aline Bispo em quadras poliesportivas de CEUs (Centros de Educação Unificados) em São Paulo. “A gente não só educa, a gente trabalha para alavancar a carreira dessas mulheres”.
Instagrafite
O WOW surgiu como um braço de outro empreendimento de Marina, em parceria com o também publicitário Marcelo Pimentel. Em 2011, eles criaram o Instagrafite, um dos primeiros perfis de arte no Instagram, rede social lançada um ano antes. O perfil rapidamente se tornou um hub de arte pública mundial e conquistou, à época, mais seguidores do que o Neymar.
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O sucesso não impediu que Marina percebesse, nove anos depois, que talvez não houvesse dado a devida importância às mulheres artistas nesse período. Antes tarde do que mais tarde, ela decidiu fazer uma reparação histórica e fundar o Women on Walls. “O WOW surgiu primeiro como uma angústia minha enquanto curadora e mulher dentro das artes por não estar fazendo algo com relação às questões de gênero e diversidade nos meus projetos”, diz a empreendedora.
Em 2020, após a conclusão do primeiro curso, o Instagrafite assinou a curadoria e produção de um festival em que 80% das convidadas eram alunas do WOW e foram responsáveis por pintar o West Side Gallery, um dos maiores corredores de arte urbana do Brasil.
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