O trabalho remoto se expandiu drasticamente durante a pandemia – mas não vai parar por aqui. Uma pesquisa da consultoria McKinsey indica que os índices desse modelo de trabalho podem crescer ainda quatro ou cinco vezes. Com isso, vimos uma série de mudanças acontecendo, incluindo o dress code. Os trabalhadores remotos ajustaram os guarda-roupas à realidade de aparecer em uma tela até a altura dos ombros em chamadas de vídeo. As “camisas do Zoom” são partes de cima da indumentária apresentáveis e mantidas à mão para as reuniões remotas. Elas foram combinadas com calças confortáveis de moletom e de pijama.
Cognição incorporada
A pesquisa da McKinsey demonstrou também que a roupa que vestimos afeta a forma como as outras pessoas nos percebem. E a surpresa é que elas também podem afetar o nosso desempenho.
Um experimento com dois grupos que usavam jalecos mostrou uma diferença de desempenho de acordo com o nome dado à peça. O primeiro grupo, em que o nome dado foi “jaleco”, teve uma performance notável. No outro grupo, em que a roupa era chamada de “avental de pintura”, não foi observado efeito algum. Os autores do experimento chamaram esse fenômeno de “cognição incorporada”. Uma tentativa recente de repetição da experiência não produziu os mesmos resultados, mas os autores concluíram que o conceito permanece válido.
Roupas para negócios
Os jalecos estão cheios de simbolismo, mas mesmo as roupas convencionais para trabalhar podem afetar quem está vestindo. Em uma outra pesquisa, indivíduos que vestiam ternos se deram melhor ao desenvolver um pensamento abstrato do que aqueles que estavam vestindo calças de moletom. Os trajes também aumentaram os níveis de testosterona dos participantes.
LEIA TAMBÉM: Desafio: passar 30 dias sem dizer que está na correria traz felicidade
Os cientistas concluíram que os trajes faziam seus usuários se sentirem mais poderosos. Outro estudo mostrou que ternos aumentavam a dominância, os níveis de testosterona e as chances de sucesso em uma negociação. Vale notar que o poder de um tipo de roupa é cultural. Um terno pode ter um determinado efeito em usuários que trabalham em uma startup de São Francisco, onde executivos usam moletons, e outro em uma empresa saudita onde o traje tradicional é a norma.
Roupas uniformes
A prática de usar partes de baixo como calças, shorts e bermudas muito casuais para trabalhar remotamente tornou-se comum durante a pandemia. Um estudo recente descobriu que esse costume pode impedir o desempenho do usuário. Pesquisadores da Columbia University mediram autenticidade, poder e engajamento no trabalho para pessoas vestindo roupas de “trabalho”, de “casa” ou “mistas” ao participar de videochamadas. Quem se vestiu de forma totalmente casual aumentou a autenticidade e o engajamento. Quem usou trajes de negócios não teve diferenças significativas no desempenho. O traje misto não mostrou benefícios e teve principalmente efeitos negativos nas três variáveis. Isso levou os pesquisadores a concluírem que dress codes completos, sejam casuais ou de trabalho, resultam também em mais harmonia na performance. Roupas descoordenadas resultam em “dissonância inconsciente”.
Casual ou formal?
Você pode ser autêntico vestindo camiseta e shorts, mas pode não transmitir a imagem que você deseja se for falar com um CEO importante vestido assim. Escolha a roupa certa para cada situação.
As conclusões mais importantes desse estudo são:
1) Não tenha medo de ser casual quando apropriado, isso o torna mais autêntico e engajado.
2) Para reuniões virtuais importantes, minimize a “cognição incorporada” combinando suas roupas na câmera e fora da câmera.
O post Vestir pijama em reuniões do Zoom pode prejudicar sua performance apareceu primeiro em Forbes Brasil.