O dólar deu um salto hoje (5), registrando alta superior a 1%, a mais forte em três semanas, com operadores recompondo parte de posições na moeda norte-americana após uma sequência de quedas que levou a cotação ao menor valor em mais de dois anos.
O clima externo arisco — ditado por temores de enxugamento de liquidez mais acelerado nos Estados Unidos e por uma atmosfera ainda bélica entre Rússia, Ucrânia e Ocidente — serviu de argumento para compras de dólares que deixaram o real entre as moedas de pior desempenho no dia.
Discussões continuadas sobre eventuais aumentos de salários de servidores públicos no Brasil reforçaram o viés conservador dos negócios.
O dólar à vista subiu 1,10%, a R$ 4,65 na venda. É a maior alta percentual diária desde o último 14 de março (+1,31%). O dólar variou hoje de R$ 4,58 (-0,55%) a R$ 4,67 (+1,44%).
A alta ocorreu depois de, na véspera, a divisa fechar a R$ 4,60, menor cotação desde 4 de março de 2020.
Lá fora, um índice do dólar frente a uma cesta de pares saltava 0,5% no fim da tarde, para máximas da sessão, após falas de uma autoridade do banco central norte-americano sugerirem redução mais rápida do balanço da instituição — o que, na prática, representaria menor oferta de dólares no sistema.
O Fed (banco central dos EUA) divulgará amanhã (6) a ata de sua última reunião de política monetária — ocorrida em março, quando elevou os juros pela primeira vez desde 2018 –, o que pode impactar diretamente as cotações por aqui.
O dólar cai 16,42% ante o real em 2022, o que deixa a moeda brasileira no topo do ranking global de ganhos. Uma combinação de ajuste para cima nos juros locais, exclusão de cenários extremos para as eleições presidenciais de outubro e forte aumento dos termos de troca na esteira da guerra na Ucrânia tem impulsionado a divisa brasileira.
“O movimento é respaldado por fundamentos econômicos, como temos argumentado, e pode continuar no curto prazo”, disse a XP em nota na qual baixou para R$ 5,00 a projeção para o dólar ao fim de 2022 (de R$ 5,20 do prognóstico anterior). Ainda assim, a estimativa embute alta frente ao patamar atual.
“Há riscos adiante que tendem a reverter parcialmente o movimento (de queda do dólar)”, ponderou a instituição financeira, citando entre os riscos interrupção da valorização das commodities, saídas de recursos da América Latina (em caso de reabertura das economias do leste europeu), normalização das políticas monetárias e incertezas eleitorais.
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