O dólar caía pela oitava sessão seguida frente ao real hoje (25), a caminho de registrar sua quarta desvalorização semanal seguida – e a décima no ano – em meio ao constante fluxo de investimentos estrangeiros para o Brasil, que oferece uma taxa de juros atraente.
Às 10:36 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,83%, a R$ 4,7908 na venda. Na mínima do dia, chegou a recuar 1,12%, a R$ 4,7768 na venda, o que seria equivalente a seu menor patamar para encerramento desde 11 de março de 2020 (4,7207).
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Caso mantenha esse desempenho até o fim das negociações, a moeda norte-americana registrará seu oitavo pregão seguido de desvalorização, a maior sequência do tipo desde uma série de mesma duração finda em 5 de março de 2010.
Na semana, a quarta seguida de desvalorização, o dólar acumula queda de 4,5%, o que representaria seu melhor desempenho nessa base de comparação desde a semana finda em 6 de novembro de 2020 (-6,07%). Se confirmado esse resultado, a divisa terá caído ante o real em dez das 12 semanas completas de 2022.
O dólar também é forte perdedor no acumulado do ano, com queda de 14%, deixando o real na posição de líder global de desempenho entre uma cesta das principais divisas globais.
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse à Reuters que a tendência de depreciação do dólar tem se consolidado cada vez mais. “Está virando um movimento mais longo, não de apenas uma semana ou outra.”
Por trás disso está, entre outros fatores, a disparada dos preços de várias commodities, do milho ao petróleo, desde o final de fevereiro, quando o início da guerra na Ucrânia levantou temores globais de interrupção da oferta desse tipo de produto.
“Com as commodities em alta e a interrupção das cadeias de suprimento, o fluxo internacional começa a olhar para países exportadores, e se destacam Brasil, África do Sul, Colômbia, entre outros”, disse o estrategista.
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O alto diferencial entre os custos dos empréstimo do Brasil e de economias avançadas é combustível adicional para o real, já que torna a moeda local interessante para estratégias que buscam lucrar com a tomada de empréstimo num país de juro baixo e aplicar esses recursos num mercado com rendimentos elevados.
“Os investidores estrangeiros vão olhar também quem está com a taxa de juros mais atraente: o Brasil, que ficou muito à frente do resto em relação ao aperto monetário”, afirmou Cruz.
A taxa Selic está atualmente em 11,75%, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicou ontem (24) que a autarquia encerrará seu ciclo de elevação dos juros em maio, com ajuste de 1 ponto percentual.
No entanto, algumas instituições financeiras e participantes do mercado projetam altas adicionais da Selic para além da próxima reunião do BC, já que dados de inflação domésticos têm surpreendido para cima.
Hoje (25), o IBGE informou que o IPCA-15 subiu 0,95% neste mês. O resultado foi o mais forte para março desde 2015 (1,24%), e ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,87%.
Cruz disse enxergar espaço para desvalorização do dólar a patamares próximos dos observados em 2019, em torno de R$ 4,40 e até R$ 4,30, mas alertou que não é um preço que deve se manter até o final do ano, já que as eleições presidenciais de outubro devem elevar a cautela entre os investidores.
Na B3, às 10:36 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,81%, a R$ 4,7975.
O dólar spot fechou a quinta-feira em queda de 0,28%, a R$ 4,8311 na venda, nova mínima desde 13 de março de 2020 (4,8128).
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