O Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou hoje (16) que vai aumentar a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 11,75%, com objetivo de conter a inflação que se agrava com a pressão econômica do aumento no preço dos combustíveis e da guerra na Ucrânia.
Este foi o nono aumento consecutivo da taxa básica de juros, que atingiu o maior patamar dos últimos cinco anos. A decisão veio em linha com as expectativas do mercado, e eleva o aperto total promovido pelo Banco Central brasileiro a 9,75 pontos percentuais.
Aumentar a Selic é a principal ferramenta do Banco Central brasileiro para conter a inflação. Apesar dos sucessivos reajustes, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acelerou a alta em 12 meses para 10,54% em fevereiro, resultado que superou a previsão dos analistas.
A inflação brasileira tem sido impulsionada pela alta dos preços internacionais do petróleo, movimento que foi causado pelas sanções adotadas contra a Rússia após a invasão da Ucrânia. A Petrobras anunciou na quinta-feira passada (10) um aumento de cerca de 25% dos preços do diesel em suas refinarias e um aumento de quase 19% para a gasolina.
As commodities também têm sofrido com o conflito: na primeira semana de março, o trigo chegou à máxima de 14 anos em Chicago e o milho atingiu a máxima de 9 anos.
Isso agravou a já intensa inflação brasileira, que atingiu o teto da meta (5,25%) ainda no ano passado.
Riscos negativos para a economia devido à postura monetária mais rígida devem permanecer como uma questão secundária na perspectiva do BC, mesmo com a produção industrial brasileira mantendo um preocupante padrão de contração.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que os aumentos de preços deveriam começar a esfriar no primeiro semestre de 2022, observando que os efeitos das medidas de política monetária levam algum tempo para se manifestar.
O pico da Selic no atual ciclo de aperto foi projetado em 12,50% no terceiro trimestre deste ano, com a taxa ficando nesse patamar até o final de 2022. Essa perspectiva considera um BC mais agressivo do que o previsto em janeiro, quando havia expectativa de que a Selic atingiria 12,00% no segundo trimestre, permaneceria assim no trimestre seguinte e começaria a cair no final do ano.
“O tom deve permanecer ‘hawkish’ (duro com a inflação) dado o choque adicional à inflação vindo do cenário global”, escreveram analistas do HSBC em relatório. “O BC vai sinalizar a continuação do ciclo de alta por mais algumas reuniões.”
O Fed (Federal Reserve) também anunciou hoje (16) uma elevação de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, a primeira desde 2018. Em comunicado, a autoridade monetária afirmou que “a inflação permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de energia e pressões mais amplas sobre os preços.”
O dólar fechou em baixa de 1,28%, a R$ 5,0925, com operadores vendendo a moeda depois de forte volatilidade logo após a alta de juros nos Estados Unidos. A moeda norte-americana afundou frente a uma cesta de moedas de países ricos e emergentes. (Com Reuters)
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